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Cultura

- Publicada em 11 de Março de 2020 às 20:31

Estreia na Galeria La Photo montagem gaúcha para premiado texto de dramaturga canadense

Peça 'Palácio do fim', da Cia. In.Co.Mo.De-Te, entra em cartaz nesta quinta-feira (12)

Peça 'Palácio do fim', da Cia. In.Co.Mo.De-Te, entra em cartaz nesta quinta-feira (12)


REGINA PEDUZZI PROTSKOF/DIVULGAÇÃO/JC
O diretor de Palácio do fim, Carlos Ramiro Fensterseifer, adianta, primeiramente, que o design cênico da peça é importante e belo: "O espectador está dentro do cenário intimista. Na Galeria La Photo está uma espécie de instalação, trabalhando linguagens diversas". O espetáculo estreia nesta quinta-feira (12), no espaço localizado na Travessa da Paz, 44, ficando em cartaz até 22 de março, de quinta-feira a sábado, às 21h, e nos domingos, às 20h. Os ingressos custam R$ 50,00 pelo site Entreatos.
O diretor de Palácio do fim, Carlos Ramiro Fensterseifer, adianta, primeiramente, que o design cênico da peça é importante e belo: "O espectador está dentro do cenário intimista. Na Galeria La Photo está uma espécie de instalação, trabalhando linguagens diversas". O espetáculo estreia nesta quinta-feira (12), no espaço localizado na Travessa da Paz, 44, ficando em cartaz até 22 de março, de quinta-feira a sábado, às 21h, e nos domingos, às 20h. Os ingressos custam R$ 50,00 pelo site Entreatos.
Devido a essas particularidades, cada sessão receberá, no máximo, 40 pessoas para uma plateia que adentra uma tenda, não há palco. Compondo esse clima, para a trilha, o violonista Angelo Primon desenvolveu esculturas sonoras, utilizando ruídos, que foi distorcendo e sobrepondo para construir a parte sonora, conforme explica o diretor. Carlos Ramiro Fensterseifer conta que a Cia. In.Co.Mo.De-Te comprou os direitos do premiado texto da dramaturga canadense Judith Thompson para produzir esta que é a primeira montagem gaúcha para a peça. São interpretadas três visões sobre a Guerra do Iraque, antes e depois da invasão de 2003. A tradução é do diretor e da atriz Liane Venturella.
Carlos Ramiro assistiu no Sesc Anchieta, em São Paulo, em janeiro de 2012, a versão de José Wilker, que acabou sendo sua última produção no teatro. O diretor da companhia porto-alegrense explica que foi desenvolvida uma concepção de direção diferente para a forma como o texto de Judith Thompson é apresentado. "Mostra as tristezas, os remorsos. As três histórias são três pontos de vista da guerra, mais humanos, contados pelos próprios personagens: soldada norte-americana (Fabiane Severo), cientista britânico (Nelson Diniz) e esposa e mãe iraquiana (Liane Venturella)."
Palácio do fim marca os 12 anos da Cia. In.Co.Mo.De-Te - que se completam em agosto. O trabalho trouxe como desafio experimentar, pela primeira vez, os monólogos, mas de modo diferenciado: com um ator vendo o outro em cena. 
Neste momento do País e do mundo, os membros do grupo consideram relevante expor o contexto político, o conflito ideológico, das fronteiras, de forma direta e indireta. "É uma forma de falar dessa temática através da montagem teatral, como a não aceitação das diferenças. Acreditar que se tem direito de invadir o espaço do outro para determinar o que é a tua verdade. E esta batalha foi baseada em uma causa mentirosa, nunca provada. Foi criada uma novela que tinha por trás interesses econômicos", observa o diretor. "São estratégias políticas que vêm desde o Alexandre da Macedônia e se repetem", analisa o ator Nelson Diniz.
Em uma tenda escura, com tapetes orientais, a projeção de George W. Bush aparece na parede. Ele explica que a guerra dos Estados Unidos é contra os terroristas. O vídeo legendado mostra os episódios icônicos do período da invasão norte-americana no Iraque, entre 2003 e 2011, como os vazamentos sobre a tortura feita pelas Forças Armadas no país até a estátua de Saddam Russein sendo derrubada em praça pública.
O primeiro monólogo, Minhas pirâmides, traz a militar norte-americana Lynndie England (interpretada por Fabiane Severo e Sandra Possani), que ficou internacionalmente conhecida por ser fotografada sorrindo enquanto torturava prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib.
Foragido na floresta, com medo de ser morto, aos 59 anos, David Kelly (Nelson Diniz) relembra sua trajetória relacionada ao Iraque em Colinas de Horrowdown. O personagem é inspirado no inspetor de armas britânico que revelou, em entrevista à BBC, que as armas de destruição em massa procuradas por George W. Bush e Tony Blair não existiam. É dele a frase: "Há muitos atores do mal atuando". Ele admite que contornou a verdade, que amava ouvir sua própria voz filtrando os dados, e questiona o espectador: "Você já disse a si mesmo mentiras imperdoáveis?".
No último trecho, Instrumentos de angústia, Nehrjas Al Saffarh (Liane Venturella) narra suas memórias de esposa de um grande líder político iraquiano contrário ao regime. Ela, grávida, e seus filhos sofreram os horrores da tortura no Palácio das Flores, esse local de atrocidades que dá nome à peça. Tomando chá, ela conta ao público que não é possível imaginar o que é viver sob o governo de um satanás como Saddam Hussein, mas completa: "Aqueles que, supostamente, vieram nos salvar vieram nos destruir".
O diretor e o elenco destacam o espírito coletivo e a qualidade profissional dos integrantes da equipe, em uma montagem que não contou com edital. "É o valor coletivo da junção de artistas. É uma equipe de ouro, competente, profissional", afirma Liane. A iluminação é de Nara Maia. Alexandre Navarro assina a cenografia, e Guilherme Carravetta De Carli, a criação e a edição dos vídeos. A pesquisa das imagens audiovisuais foi feita por Martina Pilau, e a arte gráfica, por Jessica Barbosa. Além da In.Co.Mo.De-Te, assina a produção a Primeira Fila (de Letícia Vieira).
Em 12 anos de atuação, a companhia gaúcha estreia sua quinta peça. Diniz comenta que isso reflete a seletividade artística séria de um grupo que não faz concessões, para não ferir o que desejam encenar, esperando que as pessoas venham correndo assistir. "E elas têm vindo, aguardam nosso próximo espetáculo. As quatro peças anteriores tiveram vidas duradouras."
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