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Artes cênicas

- Publicada em 02 de Fevereiro de 2020 às 23:40

'No te pongas flamenca!' é atração do Teatro da Santa Casa

Mistura de teatro com flamenco, espetáculo é resultado do trabalho de mestrado de Juliana Kersting

Mistura de teatro com flamenco, espetáculo é resultado do trabalho de mestrado de Juliana Kersting


ADRIANA MARCHIORI/DIVULGAÇÃO/JC
A artista Juliana Kersting apresenta amanhã, quarta e quinta-feira, no Teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Independência, 75), o espetáculo No te pongas flamenca!, uma mistura do flamenco com o teatro, dentro da programação do Porto Verão Alegre. Os ingressos antecipados podem ser adquiridos por R$ 32,00, em portoveraoalegre.com.br. Na hora, custam R$ 40,00.
A artista Juliana Kersting apresenta amanhã, quarta e quinta-feira, no Teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Independência, 75), o espetáculo No te pongas flamenca!, uma mistura do flamenco com o teatro, dentro da programação do Porto Verão Alegre. Os ingressos antecipados podem ser adquiridos por R$ 32,00, em portoveraoalegre.com.br. Na hora, custam R$ 40,00.
Projeto de mestrado de Juliana, a peça reflete um desejo que ela já tinha de unir as duas áreas para a concepção de um espetáculo, considerando que antes mesmo de ingressar na faculdade de teatro já tinha contato com o flamenco. "Eu queria misturar ambos sem repetir aquilo que filmes já haviam feito. A intenção era apresentar algo de uma perspectiva diferente, com nova dinâmica", argumenta a artista.
Como inspiração para a apresentação, ela utilizou referências de três livros que oferecem uma abordagem feminina. "Qual o problema das mulheres? (Jacky Fleming) fala da visão masculina sobre as mulheres; Testo junkie (Paul B. Preciado) trata do consumo de remédios, como pílulas e hormônios; e A louca da casa (Rosa Montero) apresenta um fato a partir de três perspectivas distintas, que se alinha com conceito da subjetividade presente no espetáculo", explica.
Usando como destaque para a apresentação as questões relativas a mulheres, Juliana exibe histórias do mundo e da rotina, do feminismo, em um formato com humor, de manifesto e com poesia. "Apresento histórias de mulheres da minha família, que são fortes", afirma ela, destacando que, mesmo com a visibilidade atual sobre o tema, muitas mulheres continuam a ser assediadas, silenciadas e vulnerabilizadas.
É por meio de memórias pessoais que Juliana constrói o espetáculo. "A visão sobre os fatos é subjetiva, cada um tem uma. Trata-se de uma memória construída", observa. Entre essas lembranças e esquecimentos, ela cria ficções em cena que se concretizam no encontro com o público. "Tal construção de memórias acontece durante a apresentação: naquele momento, é real, ainda que seja uma construção ficcional", acrescenta. O misto de realidade construída com o real é uma provocação: afinal, o que é real?
Tais tópicos são uma forma de a artista apresentar histórias diferentes daquelas já conhecidas. "Já existe uma hegemonia do homem branco hétero. O espetáculo busca ser um contraponto irônico, um deboche, que é um caminho interessante de seguir", ressalta. Essa dinâmica faz um comentário sobre os discursos decoloniais, em que agora a América Latina feminina pode falar de si, e não o europeu masculino.
Dentro da temática do feminismo, Juliana o expande para diferentes abordagens, falando de maternidade, por exemplo. Já tendo apresentado No te pongas flamenca! na pré-estreia no Festival Palco Giratório 2019 e na defesa do mestrado, ela comenta que o público tem diferentes percepções sobre o espetáculo. "As mulheres se emocionam, lembram das avós, histórias de outras mulheres. Os homens estabelecem também a relação com as avós, mulheres da família, mas alguns não se identificam. Mas eu quero falar de nós, mulheres, essa é a proposta", salienta.
A importância de destacar a perspectiva feminina também é abordada pela artista quando questiona a presença das mulheres em determinadas atividades na área das artes cênicas. "Vemos atrizes e diretoras na cena, mas onde estão as dramaturgas, técnicas de som e iluminação? Ainda falta espaço para elas, lidando com dificuldades por ser mulher", lamenta.
Refletindo sobre a experiência com o mestrado, Juliana afirma que se tornou "outra pessoa", vinda de um período em que havia se reciclado artística e pessoalmente. "A partir das conversas com diferentes pessoas, como com a minha orientadora, Patricia Fagundes, pensamos em criar algo que problematizasse, provocasse o cotidiano. Este é um lado emocional do espetáculo."

Ficha técnica

Atuação e concepção: Juliana Kersting
Dramaturgia: Juliana Kersting, com colaboração da equipe
Direção cênica: Larissa Sanguiné
Iluminação e operação de luz: Iassanã Martins
Operação de som: Victória Sanguiné
Captação, criação e mixagem de sons: Marcelo Armani e Jimi Melo
Colaboração: Patricia Fagundes
Produção: Juliana Kersting
Realização: M.A.cia - Teatro, Dança e Assemelhados