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Cultura

- Publicada em 16 de Janeiro de 2020 às 01:25

Tecna sedia oficinas de Vera Hamburger sobre direção de arte e cenografia

Responsável pela arte e cenografia dos filmes 'Castelo Rá-Tim-Bum' e 'Carandiru', ela está em Porto Alegre para ministrar os cursos

Responsável pela arte e cenografia dos filmes 'Castelo Rá-Tim-Bum' e 'Carandiru', ela está em Porto Alegre para ministrar os cursos


/NÍCOLAS CHIDEM/JC
Frederico Engel
Dar mais destaque para a direção de arte é um desafio encampado por Vera Hamburger, diretora de arte e cenógrafa para teatro, dança, ópera, cinema e exposições. Neste mês, ela ministra workshops no Tecna (Sen. Salgado Filho, 7.000, em Viamão). O primeiro deles foi sobre direção de arte, ocorrido de 7 a 9 de janeiro. A professora tratou sobre a linguagem da direção de arte, dando destaque para o desenho do espaço e a visualidade como importantes temas para a construção do filme, cênica e expositiva.
Dar mais destaque para a direção de arte é um desafio encampado por Vera Hamburger, diretora de arte e cenógrafa para teatro, dança, ópera, cinema e exposições. Neste mês, ela ministra workshops no Tecna (Sen. Salgado Filho, 7.000, em Viamão). O primeiro deles foi sobre direção de arte, ocorrido de 7 a 9 de janeiro. A professora tratou sobre a linguagem da direção de arte, dando destaque para o desenho do espaço e a visualidade como importantes temas para a construção do filme, cênica e expositiva.
Os tópicos abordados garantem uma visão aprofundada sobre metodologias de trabalho, análise de roteiro e cenografia, construção da equipe, diferença do trabalho em estúdio e locação, arquitetura e contexto, entre outros temas. Estudos de caso são priorizados como dinâmica das aulas. Vera também retira parte dos tópicos do laboratório experiencial Fronteiras Permeáveis, em que trabalha com trilha, luz e outros elementos, sempre criando algo novo e trabalhando com improvisação e repertório.
É a partir dessas experiências que Vera apresenta os cursos no Tecna. O segundo, sobre cenografia, acontece na próxima semana, nos dias 21 e 22 de janeiro, manhã e tarde, falando sobre o papel de tal área para o estabelecimento de uma cena e na concepção de arte de um filme, tendo em conta a realidade brasileira atual. Haverá masterclass para o público no dia 21, às 15h30min, com inscrições gratuitas e mais informações no Instagram @tecna_rs.
Em uma área composta por características multidisciplinares, existe uma dificuldade para compreensão sobre o que se trata a direção de arte, a qual a própria Vera tinha quando iniciou sua carreira. "Engloba cenografia, efeitos especiais, figurino, maquiagem", explica.
Por conta dessa natureza, o curso ministrado por ela possibilita o contato de pessoas de diferentes formações trocando experiências e realizando um intercâmbio de ideias. "Os participantes são todos atuantes no mercado, com diferentes níveis de repertório e que auxiliam uns aos outros no aprendizado." Tal parceria e coletivismo é essencial para o trabalho, conforme Vera afirma, em especial por existir mercado para a área.
Tendo esses conceitos, a diretora de arte e cenógrafa também comenta sobre o mercado gaúcho, o qual considera como bom, com os profissionais absorvendo mais funções do que em outros locais, o que acaba sendo positivo para o aprendizado. Considerando o mercado nacional, Vera aponta para o crescimento do cinema autoral nos últimos 30 anos. "Agora, é preciso saber se ele será dominado ou dominará os novos meios, como os streamings."
Responsável pela direção de arte no filme Castelo Rá-Tim-Bum, dirigido por Cao Hamburger e roteirizado por Anna Muylaert, ela também é a autora do livro Arte em cena: a direção de arte no cinema brasileiro (2014), que lhe rendeu o Prêmio Jabuti no ano seguinte. Entre as obras nas quais assinou a cenografia está Carandiru, do diretor Hector Babenco.
Esses são dois dos principais trabalhos de sua carreira, sobre os quais ela aponta diferenças que a propiciaram crescer como profissional. Em Castelo Rá-Tim-Bum, Vera teve uma liberdade para trabalhar com espaços, podendo criar as concepções: "Várias técnicas foram experimentadas. A partir disso, criamos cenários fantasiosos".
O único porém são os efeitos visuais, que tiveram de ser trabalhados na França, por conta da falta de estrutura no Brasil que fosse condizente com o que a obra demandava. Entre as adversidades enfrentadas, ela comenta sobre o desafio de atrair o público para algo diferente, mas que seguisse familiar com os conceitos já existentes na produção televisiva. "Isso foi complexo por conta dessa dinâmica. Eu tinha liberdade e precisa inovar, mas devia dar continuidade com a identidade visual conhecida", destaca.
Considerando Carandiru, Vera diferencia as duas obras de forma conceitual: "Castelo Rá-Tim-Bum é um realismo fantástico, enquanto o outro é um hiper-realismo". Com o filme de Babenco, a profissional ficou mais limitada, pela já existência de material prévio feito pelos próprios presos em suas celas. "O homem precisa de um espaço em que se reconheça. Ele cria uma relação com o ambiente, com o local em que está habitando. Foi ótimo observar que eles estabeleciam um design próprio, construíam diversos objetos e, a partir disso, criavam em cima." A cenógrafa acrescenta que cada canto se tornava o espaço da pessoa, tendo a cara e os signos dela.
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