O longa Deus é mulher e seu nome é Petúnia, da diretora Teona Strugar Mitevska, fez sua estreia mundial na competição oficial do último Festival de Berlim, participou da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do Festival do Rio.
Todos os anos, em 19 de janeiro, há um ritual tradicional para comemorar o feriado da Epifania (batismo de Cristo) nas regiões Cristãs Ortodoxas do Leste Europeu. Uma cruz de madeira é arremessada no rio, e quem for capaz de pegá-la terá boa sorte e prosperidade garantidas para o ano. Em 2014, na cidade de Stip, Macedônia, uma mulher venceu, porém somente homens poderiam participar do rito.
A diretora - nascida em 1974 em uma família de artistas da Macedônia e hoje residente de Bruxelas, na Bélgica - inspirou-se nesse fato para escrever o roteiro, junto a Elma Tataragic. Na trama, Petúnia mergulha na água por um capricho e consegue agarrar a cruz antes dos outros, deixando os concorrentes furiosos: "Como ousa uma mulher participar do ritual?". Todo o inferno se abre, mas Petúnia mantém o seu chão. Ela ganhou a cruz e não vai desistir. A protagonista tem que enfrentar a revolta da cidade, as acusações da polícia por ter infringido uma regra e a igreja que exige a cruz de volta, afinal nunca na história uma mulher havia agarrado o objeto - nem ao menos tentado.
Outra forte personagem feminina em Deus é mulher e seu nome é Petúnia é a jornalista Slavica, interpretada pela também produtora do filme Labina Mitevska. A diretora conta que antes de ser cineasta foi jornalista e que era chamada de bruxa, arrogante e puta: "Ainda atualmente é muito difícil ser uma mulher forte nos Balcãs, se você é, imediatamente é percebida como agressiva. Com a personagem, minha ideia principal foi de solidariedade, irmandade entre as mulheres".