Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 28 de Novembro de 2019 às 03:00

Grupo de Bagé ganha retrospectiva de peso na Fundação Iberê Camargo

Obra 'Segunda missa', de Glauco Rodrigues, faz parte da exposição

Obra 'Segunda missa', de Glauco Rodrigues, faz parte da exposição


FIC/DIVULGAÇÃO/JC
Frederico Engel
Será aberta neste sábado (30), às 14h, na Fundação Iberê Camargo (Padre Cacique, 2.000), aquela que é considerada a maior exposição nos últimos 20 anos de um grupo de artistas gaúchos que foi fundamental na popularização da arte no Brasil e no exterior. A mostra gratuita Grupo de Bagé - Os quatro apresenta obra e vida de Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves, Glauco Rodrigues e Glênio Bianchetti.
Será aberta neste sábado (30), às 14h, na Fundação Iberê Camargo (Padre Cacique, 2.000), aquela que é considerada a maior exposição nos últimos 20 anos de um grupo de artistas gaúchos que foi fundamental na popularização da arte no Brasil e no exterior. A mostra gratuita Grupo de Bagé - Os quatro apresenta obra e vida de Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves, Glauco Rodrigues e Glênio Bianchetti.
Curadoras da exposição, que ocupará o terceiro e o quarto andares da fundação até 1 de março de 2020, Carolina Grippa e Caroline Hädrich receberam o convite para organizar a retrospectiva pouco depois da morte de Gonçalves, último remanescente do Grupo de Bagé, em abril deste ano. "Abordamos desde como eles ficaram conhecidos até as características dos trabalhos deles", explica Caroline.
Formado nos meados da década de 1940, o Grupo de Bagé recebeu este nome de um crítico. Os amigos Rodrigues e Bianchetti começaram realizando exercícios de pintura e desenho durante o verão na cidade fronteiriça. A partir de 1948, ao lado do já iniciado nas artes Danúbio Gonçalves, e outros curiosos, como Clóvis Chagas, Deny Bonorino e Julio Meirelles, o conjunto aprofundou seus interesses nas técnicas e teorias clássicas. No município, ainda residia Pedro Wayne, um escritor politicamente engajado que se correspondia com Erico Verissimo e Jorge Amado, além de ter relações com o pintor moderno José Moraes, o tornando mentor intelectual dos rapazes. O círculo foi completo com o retorno de Carlos Scliar, voltando de estada na Europa e participação na II Guerra Mundial, com contatos de artistas atuantes na cena global.
O mais importante contato de Scliar foi com Leopoldo Méndez, do Taller de Gráfica Popular do México, cujo trabalho influenciou o Grupo de Bagé, em especial na divulgação de causas políticas, a favor da paz, da liberdade, dos direitos dos trabalhadores e da justa distribuição das riquezas. "A obra dos quatro artistas tratava de temáticas semelhantes: eles falavam sobre grupos minoritários, como negros, pobres, a exploração dos trabalhadores. E estes seguem sendo problemas sociais atuais", avalia a curadora. Ela ainda destaca o fato de todos os artistas terem em comum a preocupação com a democratização da arte. "O motivo que fazia com que os quatro seguissem pintando era que acreditavam em uma vida em sociedade melhor. A arte deles servia como uma denúncia das mazelas."
A utilização das técnicas de gravura, que são facilitadoras da reprodução em grande escala, possibilitaram que as obras chegassem ao público de formas distintas. "Eram estilos diferentes. Todos levavam a técnica muito a sério, sendo os primeiros a usarem ela como suporte artístico", afirma Caroline. As gravuras foram reproduzidas na revista Horizonte, uma publicação cultural que apresentava até mesmo matérias sobre o regime soviético. "A venda da revista servia, também, para gerar renda ao Partido Comunista", ressalta a curadora.
Uma das principais dificuldades para a realização da mostra, aponta a curadora, foi obter exemplares da Horizonte. A pesquisa, iniciada por volta de maio de 2019, buscou 180 obras - 47 de Scliar, 54 de Danúbio, 36 de Glênio e 35 de Glauco -, além das ilustrações dos clubes de Gravura de Bagé e Porto Alegre, livros e exemplares raros das revistas Senhor e Globo. "As obras estavam espalhadas em museus, coleções particulares e outros locais. Pudemos, durante este processo, entrar em contato com pessoas que conheciam e viveram o período, por vezes até tendo convivido com os artistas. Foi muito trabalhosa a pesquisa, mas essencialmente prazerosa." Após o término da exposição, parte da documentação permanecerá no acervo da fundação.
Um dos eventos paralelos da mostra acontece no sábado, durante a abertura. Um percurso será conduzido pelo jornalista Roger Lerina, acompanhado pela violinista Clarissa Ferreira e duas figuras que tiveram contato com o Grupo de Bagé: o escritor Deny Bonorino, membro do conjunto em certas ocasiões, e o ator Sapiran Brito.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO