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Cultura

- Publicada em 22 de Outubro de 2019 às 03:00

Letrux traz apresentação inédita de poesias à Capital

Cantora faz única sessão do espetáculo 'Línguas e Poesias', no Teatro da Unisinos

Cantora faz única sessão do espetáculo 'Línguas e Poesias', no Teatro da Unisinos


SILAS HENRIQUE/DIVULGAÇÃO/JC
Após encerrar a turnê de seu primeiro disco, Em noite de climão, que veio mais de uma vez à Capital, Letrux retorna a Porto Alegre para única sessão de seu espetáculo inédito Línguas e poesias, no Teatro da Unisinos (Nilo Peçanha, 1.600). A apresentação ocorre nesta terça-feira (22/10), às 20h30min, com ingressos entre R$ 50,00 e R$ 160,00, à venda pela plataforma Sympla.
Após encerrar a turnê de seu primeiro disco, Em noite de climão, que veio mais de uma vez à Capital, Letrux retorna a Porto Alegre para única sessão de seu espetáculo inédito Línguas e poesias, no Teatro da Unisinos (Nilo Peçanha, 1.600). A apresentação ocorre nesta terça-feira (22/10), às 20h30min, com ingressos entre R$ 50,00 e R$ 160,00, à venda pela plataforma Sympla.
Neste novo show, ela declama poemas próprios e de seus autores preferidos, como Hilda Hilst, Sylvia Plath, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros, além de cantar em português, inglês, francês, espanhol e italiano. O mais recente projeto da compositora, cantora, atriz e escritora Letícia Novaes estreou em fevereiro, no Clube Manouche, no Rio de Janeiro. Em Línguas e poesias, a artista conta com os músicos Thiago Vivas ao piano e Lourenço Vasconcellos no vibrafone.
Reportagens culturais são importantes para você?
Em entrevista concedida ao produtor local Theo Tajes, da Árido Produtora, que trouxe o evento ao Estado, Letrux ressalta que é formada em Teatro e sempre encarou um show ou um disco como uma curva de narrativa, como uma proposta de dramaturgia.
A sua poesia é muito original e intensa. Você foi - e é - uma boa leitora?
Letrux - A minha mãe é professora de francês e meus dois irmãos mais velhos não se encantaram pelo livro. Já eu tive um barato quando fui alfabetizada. Comprei a Turma da Mônica e li sozinha. Acho que a minha mãe ficou muito feliz comigo, me deu muitos livrinhos que tenho até hoje, é literatura importante pra minha formação. Tem um livro que se chama A curiosidade premiada, sobre uma menina curiosa, que li quando era criança. Misturado com Moby Dick, é um dos meus livros favoritos da vida! Eu devo essa vontade, essa curiosidade pela literatura à minha mãe, que me deu Drummond e Cecília Meirelles quando eu ainda era pequena. Aí fui criando os meus gostos, cheguei a começar a faculdade de Letras. A leitura influenciou quem eu sou.
O que você leu enquanto estava criando o seu primeiro disco, Em noite de climão?
Letrux - Li Joseph Campbel, um livro em que ele fala sobre deusas e o passado mais matriarcal do mundo (Deusas: Os mistérios do divino feminino, 2015). Li Jean Cocteau, A dificuldade de ser. Li o livro de contos da Lucia Berlin, Manual da faxineira - ave maria, que descoberta! A mulher só tem esse título. Tô relendo e relendo até hoje! (risos) Esses três livros me ajudaram muito no processo do disco. E eu também leio muita poesia, sou apaixonada por Hilda Hilst, Adelia Prado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Ana Cristina César. E, das novas, a Ana Martins Marques, maravilhosa; a Bruna Beber, que é minha amiga e, mesmo que não fosse, eu ia amar o que ela escreve. A Matilde Campilho, amo o livro dela, Jóquei (2014), e o trabalho de vídeo que ela fez. Amo ouvir poesia, não só ler, ouvir poesia também.
Outra influência sua é o radical Let ("deixa", em um dos sentidos do inglês).
Letrux - (Risos) Mesmo sendo capricorniana, eu tenho muita urgência de que a vida não seja em vão. Tem alguma coisa nesse radical que me dá um cutucão do tipo: "deixa, deixa acontecer". Tem horas em que me vejo num impasse, uma situação do tipo "ou vai ou racha" e eu: "deixa". Eu solto no ar e vejo o que o vento decide, o que vai cair primeiro, pra que lado vai. Acho que é por causa do nome. Meu nome, Letícia, significa alegria. Minhas bandas sempre usaram esse radical, a primeira, uma bandinha de rock chamava Letícios - cafona, mas OK, éramos jovens. Depois veio o duo Letuce e, agora, Letrux. Eu sou péssima pra criar nomes do tipo Paralamas do Sucesso, essas coisas, esses nomes engraçados. Letrux é divertido e é um apelido que o Arthur, meu produtor, e que também é o meu melhor amigo, me deu. Então, gosto de ter esse radical, to let, deixar as coisas acontecerem. Me ajuda ter esse radical. Acho importante a gente saber deixar fluir.
O protagonismo feminino pode ajudar a mudar as coisas no mundo?
Letrux - Eu recebo muitas mensagens de meninas que nem são, à primeira vista, identificáveis comigo. São meninas gordas, meninas pretas, meninas lésbicas, mas que de alguma maneira veem algo na minha poesia, na minha soltura de ser. E eu entendo o que elas sentem porque eu sou uma sobrevivente de bullying, mas eu fico toda errada com mensagens do tipo: "Letícia, você me ensinou". Eu não ensinei nada, foi você que conseguiu. Que bom que a minha poesia atravessou algum lugar e tocou você. Eu fico muito feliz quando isso acontece. Sempre admirei muito as mulheres. Quando eu era nova, minha mãe me levava sempre ao cinema. Lembro quando a gente foi ver O piano (filme de 1993) e apareceu no final o nome da diretora (Jane Campion). Uma mulher! E lembro que tinha uma nudez de homem no filme. Quando fui entrando nesse universo de mulheres que faziam coisas lindas nas artes, na literatura, eu pensei: acho que eu também posso. Admirar as mulheres foi fundamental pra eu existir como artista.
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