Nova produção do premiado diretor Ang Lee, vencedor do Oscar por O segredo de Brokeback Mountain e As aventuras de Pi, Projeto Gemini traz um diferencial técnico em sua performance e duas versões de Will Smith lutando contra si mesmo. Com um forte esmero técnico, o longa que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (10) fica devendo nos aspectos de roteiro.
A projeção de 60 quadros por segundo, que mais que duplica a taxa tradicional dos filmes (24 quadros), é perceptível. Definido como HFR, a tecnologia busca aproximar as imagens daquelas que o olho humano enxerga. Capturado em 3D nativo, a proposta final é que o longa tenha mais definição de imagem, cores, detalhes, movimento e som imersivo.
São poucas as produções que utilizaram da tecnologia, e o diretor conseguiu oferecer uma experiência que vale ser conferida. É um longa agradável de se assistir e tem um avanço tecnológico que combina com o 3D, especialmente na telona do cinema. As cenas de ação, bem dirigidas por Lee, são o principal aspecto a ser observado em Gemini, valorizando os cenários que o filme se passa, em especial a sequência de moto ambientada em Cartagena, na Colômbia.
Outro apuro técnico da produção é oferecer duas figuras diferentes de Will Smith: a sua atual, de 51 anos, e a jovem, de 23 anos. Feito inteiramente digitalmente, o rejuvenescimento do ator é outro elemento técnico que funciona no filme. E possível ver as emoções e os traços da versão nova do ator, um trabalho em conjunto entre a equipe técnica e de Smith. Seu papel, inclusive, é o que mais chama atenção nos aspectos dramáticos do longa, mesmo em momentos de silêncio.
E, novamente, é nas sequências de ação que é possível perceber o quão bem finalizado é Projeto Gemini: mesmo em closes aproximados, como em momentos de lutas entre as duas versões do personagem de Will Smith, é curioso observar o trabalho de direção para diminuir potenciais falhas na recriação do ator mais jovem. O uso da câmera de Lee ajuda para isso, ainda que talvez não fosse tão necessária, pois o rejuvenescimento de Smith é outro feito da produção inegável, com exceção para a cena final, que demanda finalização.
O elo mais fraco do filme fica por conta do roteiro. Com uma premissa boa, mesmo não sendo inovadora, e o desenvolvimento da história até interessante, os diálogos poderiam ser melhor trabalhados, até atrapalhando as atuações: Will Smith está em uma montanha-russa, alguns momentos bem e em outros prejudicado pelo roteiro; a dinâmica com a personagem de Mary Elizabeth Winstead não funciona como deveria, e Baron, vivido por Benedict Wong, é periférico à trama, servindo apenas para ser um alívio cômico. Por completo, o que mais funciona é Clive Owen, ainda que seja um vilão estereotipado.
Para aqueles fãs tanto de Smith quanto de Lee, vale bastante a ida à sala escura do cinema, em especial para assistir o filme na tecnologia 3D+, um avanço técnico interessante, ao qual Projeto Gemini pode ser um importante passo para evoluir cada vez mais imagem e som nas produções cinematográficas.