Quatro atores em cena, mais de 100 personagens no enredo e um turbilhão de perguntas - onde estamos? Para onde vamos? Essa aparente colcha de emoções sem sentido promete impactar os espectadores de Porto Alegre neste fim semana. A peça PI:Panorâmica insana, uma das grandes atrações do Porto Alegre em Cena, terá sessões no sábado e no domingo, às 20h, no Teatro do Sesi. Os ingressos custam R$ 80,00, à venda pelo site uhuu.com ou no ponto físico do Shopping Total.
Dirigida e concebida por Bia Lessa, a montagem busca dialogar com o momento atual e traz para a cena estas e outras questões. Baseada em pessoas e dados reais, a peça projeta uma lente de aumento sobre a sociedade e traça um painel irônico do mundo contemporâneo. No elenco, estão Cláudia Abreu, Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira e Rodrigo Pandolfo. Os textos são de Júlia Spadaccini, Jô Bilac e André Sant'anna, com citações de Franz Kafka e Paul Auster.
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PI:Panorâmica insana aborda temas que afetam as condições de vida e questiona se as atitudes da humanidade produzirão um futuro apocalíptico ou se ainda é possível corrigir uma série de problemas estruturais que estão dizimando o planeta.
A peça discorre sobre o indivíduo, a civilização, sexualidade, política, violência, nação, miséria, riqueza, consumo desenfreado, gênero e desejo. "Tudo o que é humano interessa, tudo que é próprio de cada um dos atores tem valor enquanto observação da vida, tal qual ela se apresenta agora", afirma Bia Lessa. São projetados, em tempo real, números de assassinatos, estupros e nascimentos, narrações que apontam para uma saturação do sistema atual.
A construção do texto ocorreu durante os ensaios. Os atores criaram uma série de improvisações, e algumas foram incorporadas à dramaturgia final do espetáculo, que tem estrutura híbrida, através do diálogo com a dança, artes plásticas e performance. "A gente se colocou em experimentação, tudo foi criado a partir do encontro entre os atores e os textos. É um teatro de inconformidade, de risco, que busca criar uma experiência", explica a diretora.
O projeto foi idealizado por Cláudia Abreu e Luiz Henrique Nogueira e, inicialmente, teria como foco os "excluídos sociais", mas a chegada de Bia Lessa ampliou a temática, na busca por traçar um painel ilimitado de temas que afetam as condições de vida da humanidade. O próprio título do espetáculo traduz a ideia: 'Pi' é uma abreviação para 'Panorâmica Insana', mas remete também ao símbolo matemático "pi", reforçando a ideia de fração infinita.
Segundo Bia, a peça não busca apresentar um diagnóstico fechado, uma verdade cristalizada. É o momento, o "entre" o que foi feito e o que está por vir. O agora é 'entre', um intervalo, um impasse. A multiplicidade de personagens e as mais de 11 mil roupas espalhadas pelo cenário reforçam essa ideia de pluralidade, de excessos e saturação, pelos quais passa o próprio planeta. "A peça é um grande painel da humanidade, com suas mais urgentes, profundas e superficiais questões", complementa Cláudia.
PI:Panorâmica insana foi eleito o Melhor Espetáculo do Ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Estreou em 1 junho do ano passado no Teatro Novo, em São Paulo, e ficou em cartaz até 29 de julho, com todas as sessões esgotadas.