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Cultura

- Publicada em 18 de Agosto de 2019 às 14:25

Carla Camurati recebe Troféu Eduardo Abelin no Festival de Cinema de Gramado

Atriz, produtora e diretora dedicou o prêmio ao filho e às mulheres que fazem cinema

Atriz, produtora e diretora dedicou o prêmio ao filho e às mulheres que fazem cinema


Edison Vara/Agência Pressphoto/Divulgação/JC
Caroline da Silva
Cheia de energia e vitalidade, Carla Camurati está como o Festival de Cinema de Gramado em seus 47 anos: com fôlego para novos desafios e sem pessimismo em relação às políticas culturais para a produção audiovisual brasileira. Atriz e realizadora, ela foi homenageada com o Troféu Eduardo Abelin na noite de sábado (17), no Palácio dos Festivais, na serra gaúcha.
Cheia de energia e vitalidade, Carla Camurati está como o Festival de Cinema de Gramado em seus 47 anos: com fôlego para novos desafios e sem pessimismo em relação às políticas culturais para a produção audiovisual brasileira. Atriz e realizadora, ela foi homenageada com o Troféu Eduardo Abelin na noite de sábado (17), no Palácio dos Festivais, na serra gaúcha.
“Cinema é parte da minha vida em todos os sentidos”, declarou a artista em coletiva, complementando que tem relação com o audiovisual deste os 7 anos e se sentirá sempre feliz desempenhando qualquer função em um set.
Honrada, Carla confirmou que é muito especial receber esta homenagem em Gramado, onde foi premiada como atriz três vezes: em 1982, 1985 e 1988. “Este Festival é único no Brasil, conseguiu virar todas as curvas, pelo menos no tempo de vida do nosso cinema. O evento teve os melhores filmes, tudo que o cinema brasileiro passou.”
Ela recebeu um prêmio que destaca a trajetória de realizadores audiovisuais, e seu percurso é realmente singular. Depois de musa em tantos filmes, ela partiu para a produção. Fundou a Copacabana Filmes, pela qual lançou Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995), marco da Retomada do Cinema Brasileiro, após a extinção da antiga Embrafilme pelo governo Collor, o que impossibilitou por alguns anos a produção e estreia de novos títulos em longa-metragem nacional.
Depois disso, foi responsável por uma série de filmes. Recentemente produziu Getúlio (2015, protagonizado por Tony Ramos), pelo qual ganhou um prêmio de bilheteria que está viabilizando seu novo trabalho. Carla finaliza a montagem de História de um tempo presente, feito somente com imagens já existentes. Deu uma parada no delicado processo para vir à Gramado. “Ele aborda desde as Diretas até a posse do governo atual. Passamos por oito presidentes. A imprensa também sofreu uma revolução. Às vezes, é tão rico o conteúdo, que a beleza pouco importa.”
Conforme a diretora, ela procura um foco diverso dos recém-lançados Democracia em vertigem, de Petra Costa, e O processo, de Maria Augusta Ramos. “Meu recorte são os fatos e a emoção, com personagens reais”, explicou.
Ela ainda afirmou que aprendeu muito com o diretor gaúcho Jorge Furtado, que é seu cineasta predileto: “Não falo isso porque estou no Rio Grande do Sul. Não tem um filme dele que eu assista e não acenda uma luz dentro de mim”. Carla contou que tinha um projeto antigo de fazer alguma obra relacionada à escritora Clarice Lispector, o que nunca conseguiu.
Sobre o retorno à atuação, disse que a negativa não é definitiva. “Não gosto de me ver, não sento para assistir os trabalhos que fiz. Ainda não apareceu um papel que eu achasse interessante pra deixar meu trabalho de realizadora de lado.”
Em sua carreira, também teve cargos na gestão cultural. A partir de 2007, ficou por oito anos na direção do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde foi responsável pelas óperas apresentadas no período. Também foi Diretora de Cultura dos Jogos Olímpicos de 2016. “Experiência fascinante, o Brasil é tão rico, de uma criatividade. Nunca quis sair do País.”
Apesar desse caminho na área, a homenageada tentou se esquivar de questões mais políticas, como possibilidade do fim da Ancine e dificuldade no financiamento dos filmes nacionais. “Eu procuro não ser reativa na minha vida, porque quando somos, caímos em arapucas. Não sei se é por influência do filme, mas estou me concentrando em fatos. Ficamos mais inteligentes, porque a raiva nos emburrece. Precisamos respirar. Precisamos ter inteligência racional. Tenho consciência que é difícil, precisamos nos ajudar.”
Para a cineasta, como há vários filmes para estrearem, não se pode ainda chamar o momento de “crise cultural”: “A qualidade do cinema brasileiro é enorme hoje, diversidade gigante, com o Brasil em outro patamar de produção. Tem tanta coisa interessante, bárbara, sendo feita. Tenho orgulho do cinema brasileiro, estamos no nosso melhor momento”. Já sobre censura, ela demonstra preocupação: “Se for verdade, não tem como... Não tem nenhum filme que eu fiz que não tenha política, religião ou sexo”.
No palco, Carla dedicou o prêmio às mulheres que fazem o cinema brasileiro e ao filho Antônio, que é seu companheiro de set desde o primeiro aninho de idade. Mesmo assim, ela não levanta bandeira do feminismo explicitamente: “Não me sinto à vontade julgando se o movimento feminista hoje é assim ou assado. Temos no mundo uma história escrita por homens para homens”.
Em sua opinião, há muito mais a se compreender. Em fase de pesquisa, seu próximo filme será sobre o papel das mulheres nas cinco maiores religiões do mundo – hinduísmo, budismo, islamismo, cristianismo e judaísmo. E ainda vai lançar uma plataforma chamada Mulheres Mix.
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