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Cultura

- Publicada em 18 de Junho de 2019 às 03:00

Sambista Glau Barros lança disco 'Brasil Quilombo' no Theatro São Pedro

Aos 48 anos, Glau Barros apresenta seu primeiro registro fonográfico, fruto de muito trabalho e luta

Aos 48 anos, Glau Barros apresenta seu primeiro registro fonográfico, fruto de muito trabalho e luta


LUIS FERREIRA/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
Com 12 faixas de destacados compositores de diversas gerações e estilos, Brasil Quilombo, o disco de estreia da experiente intérprete Glau Barros, tem lançamento com show hoje no Theatro São Pedro (Praça da Matriz, s/nº), às 21h. O espetáculo tem ingressos entre R$ 30,00 e R$ 60,00 - à venda na bilheteria do local e no site https://vendas.teatrosaopedro.com.br/glau-barros-brasil-quilombo.
Com 12 faixas de destacados compositores de diversas gerações e estilos, Brasil Quilombo, o disco de estreia da experiente intérprete Glau Barros, tem lançamento com show hoje no Theatro São Pedro (Praça da Matriz, s/nº), às 21h. O espetáculo tem ingressos entre R$ 30,00 e R$ 60,00 - à venda na bilheteria do local e no site https://vendas.teatrosaopedro.com.br/glau-barros-brasil-quilombo.
Glau crê ser um fato muito significativo a sua figura de mulher negra em uma apresentação solo cantando samba, um ritmo popular, no palco do Theatro São Pedro: "É um espaço frequentado por um outro tipo de público, importante para mostrar a nossa cultura, um lugar para ser vista, também. E pode servir de espelho para outros".
Com uma garganta potente, a porto-alegrense conta que a música foi seu primeiro caminho de forma natural, por influência familiar. A avó paterna cantava em coral de igreja e o tio participava de serestas em Gravataí, cidade da Região Metropolitana em que foi criada. No início dos anos 1990, começou a se apresentar profissionalmente, inicialmente em uma banda de pop rock. Na sequência, também interpretou temas de MPB e foi vocalista de grupos e artistas locais. A intensa carreira lhe levou a cantar em alguns dos principais palcos do Rio Grande do Sul e de outros estados brasileiros.
Depois, ela também foi para o teatro, complementando os fazeres artísticos. Ela participou do grupo Caixa Preta e atuou ainda em televisão e em cinema.
A cantora e atriz interpreta no CD canções de destacados compositores gaúchos de diversas gerações, a fim de difundir o qualificado trabalho autoral destes criadores e valorizar a cultura do samba do Rio Grande do Sul. Aos 48 anos, ela apresenta seu primeiro registro fonográfico, fruto de muito trabalho e luta. Glau narra que o projeto inicial, já com direção do cantor, compositor, arranjador e músico Gelson Oliveira, data de 2010 - abrangendo diferentes estilos. De quatro anos para cá, a intérprete veio trabalhando o repertório focado somente no samba. Com influência e referência à cultura afro-brasileira, o gênero musical de Brasil Quilombo está apresentado nas mais variadas formas neste trabalho: samba de roda, samba-canção, samba-exaltação, a música de santo, entre outros. Além da assinatura de Oliveira, ela conta com outro grande nome da música gaúcha e brasileira: o pianista, compositor e arranjador Marco Farias foi responsável pela produção musical e arranjos.
Sobre o canto de Glau, Gelson Oliveira enalteceu: "A propagação de sua voz resulta na alma de quem a escuta, em um imaginário chamado da Mãe África, convocando a todos para uma celebração musical, onde ela, a Mãe, é a regente". Para o diretor, "é importante para qualquer compositor ter uma obra registrada por uma cantora com tamanha voz, brilho e inspiração". "Fico honrado por figurar entre os grandes compositores de um álbum histórico", afirma. "Quando ouvi a gravação de Escolha, poema de Elisa Lucinda que musiquei, fiquei emocionado, com a interpretação da Glau, com os arranjos de Marco Farias, assim como a execução dos instrumentistas convocados para esse grande encontro. Ouvi, também, as outras músicas e senti muito orgulho da minha querida colega e amiga. A música brasileira está em festa!"
Nas 12 faixas, figuram nomes emblemáticos da velha tradição do samba e novos compositores, ainda inéditos em disco, como é o caso de Edison Guerreiro (Lupicínio Rodrigues, 26) e Pâmela Amaro (A caixa e o tamborim). Zé Caradípia, em parceria com Luis Mauro Vianna, assina a faixa-título. Ainda há a saudosa e inesquecível Zilah Machado (Vem devagar), Mestre Paraquedas (Fuxico), Antonio Villeroy (O peixe quer água), Nelson Coelho de Castro (No braço com a vida), Delma Gonçalves (Desamor, uma parceria com Bedeu), Márcio Celli (Iemanjá).
A única música deste trabalho que não é de autoria de um gaúcho é Quem ri melhor, composição de Noel Rosa, um tanto desconhecida do grande público. Vale ressaltar, ainda, a releitura de Glau para o clássico Pergunte a meus tamancos, de Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves, na qual homenageia as grandes cantoras do rádio. "São intérpretes que admiro, foram tantas professoras ao longo do tempo, e agora as reverencio, mas com a minha marca", comenta.
Músicos de reconhecido talento, da cena local e nacional, foram convidados das gravações do álbum (e também farão participação especial no show). São eles: Arthur de Faria, Pedrinho Figueiredo, Nelson Coelho de Castro, Jorginho do Trompete, Gelson Oliveira e Edu Nascimento, que deu vida ao sopapo de seu pai, Giba Giba. A atriz Vera Lopes também terá parte no espetáculo. "É um time de artistas talentosos, generosos, com uma simplicidade incrível, com muita estrada, que me deram muita tranquilidade para cantar", comemora a intérprete.
Ela também destaca o fato de que, entre estes grandes sambistas duramente escolhidos para o repertório, perante tanto material recebido, estão excelentes mulheres negras compositoras. Não seria a Glau, sem esta faceta, com suas tranças, seus búzios, seu pé no chão. "E o quilombo dança como escravo livre, num imenso matagal, o Carnaval", já dizem os versos da canção que dá nome ao disco.
Caroline da Silva
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