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reportagem cultural

- Publicada em 30 de Maio de 2019 às 22:47

Instituto Rui Spohr reunirá legado do estilista

Roupas, desenhos, pinturas, fotos e objetos do estilista armazenados ao longo de 70 anos agora aguardam para serem organizados de forma profissional

Roupas, desenhos, pinturas, fotos e objetos do estilista armazenados ao longo de 70 anos agora aguardam para serem organizados de forma profissional


JOHN ARLINGTON/DIVULGAÇÃO/JC
A preocupação de manter viva a memória e preservar a arte do marido, o estilista Rui Spohr - falecido em 30 de abril, aos 89 anos - tornou Doris Spohr a guardiã do seu legado. Roupas, desenhos, pinturas, fotos, revistas, quadros e objetos foram armazenados ao longo de 70 anos e agora aguardam para serem organizados de forma profissional, dando origem ao maior projeto do Instituto Rui Spohr. A proposta do acervo foi aprovada pela Lei Rouanet em 2016, renovada em 2018, e a fase de captação expira no fim deste ano. São necessários R$ 777 mil para se materializar. É uma corrida contra o tempo.
A preocupação de manter viva a memória e preservar a arte do marido, o estilista Rui Spohr - falecido em 30 de abril, aos 89 anos - tornou Doris Spohr a guardiã do seu legado. Roupas, desenhos, pinturas, fotos, revistas, quadros e objetos foram armazenados ao longo de 70 anos e agora aguardam para serem organizados de forma profissional, dando origem ao maior projeto do Instituto Rui Spohr. A proposta do acervo foi aprovada pela Lei Rouanet em 2016, renovada em 2018, e a fase de captação expira no fim deste ano. São necessários R$ 777 mil para se materializar. É uma corrida contra o tempo.
A conservação mobiliza a família. "Uma coisa que eu queria fazer com ele, mas terei que fazer sozinha, é olhar peça por peça, a real importância de cada uma. De repente, alguma coisa não é tão importante e é preciso descartar. Depois organizar, ou por tecido, ou por data, de alguma forma. Vou ter que organizar", diz Doris. "A vó guardou tudo. A vida inteira e se preocupou com o legado do trabalho do vô", diz a neta Antonia Spohr Moro.
As duas concederam uma entrevista ao Jornal do Comércio poucos dias após o falecimento do estilista.
Antonia, que morava em São Paulo, voltou para Porto Alegre em 2017 e começou a participar do processo de mudança de endereço (do antigo casarão na rua Miguel Tostes para o atual endereço, bem ao lado, na mesma rua, no número 125). O primeiro espaço foi demolido.
Segundo a neta, o material já estava guardado em condições inapropriadas. Ainda em 2015, ela e uma amiga começaram a contabilizar as 1.800 revistas, que incluem Vogue Itália, Paris, Estados Unidos, Londres. A coleção foi quantificada para poder ser catalogada. Nasceu, então o projeto do acervo do Instituto Rui Spohr.
Junto com a bibliotecária Ana Reckziegel, elas fizeram um detalhamento de como preservar o acervo. Para sua organização são necessárias três salas: uma para armazenar, outra para higienizar e catalogar e outra para acondicionar corretamente. "A questão é que o acervo, tanto na antiga casa quanto no endereço atual, sempre foi organizado. Tem a pasta do ano, a relação das roupas no computador, com os vestidos organizados. Está tudo quantificado: número de revistas, pastas, fitas de videocassete de desfiles, malhas, agendas, trabalhos acadêmicos, roupas etc. Com a quantificação, fomos entender com a Ana (Reckziegel) o que era preciso", diz Antonia.
Entre os muitos vestidos idealizados por Rui, ao longo de décadas, destacam-se os de casamento das misses Maria Ieda Vargas, Miss Universo em 1963, e de Deise Nunes Ferst, Miss Brasil em 1986, símbolos da beleza nacional. Suas roupas eram impecáveis. Alguns o comparam a Christian Dior. Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld foram seus contemporâneos: estudaram na mesma escola, a Chambre Syndicale de la Haute Couture Parisienne. Como lema, ele tinha "a sofisticada originalidade do simples". E era assim que trabalhava, era assim que era Rui. Simples, original.
"Ele sempre foi uma inspiração para mim. Sua roupa sempre foi impecável, sua moda era atemporal. Seus vestidos eram verdadeiras obras de arte. O exemplo que ele deixou para as novas gerações é imensurável. O Instituto Rui Spohr, mais do que nunca, precisa ser concretizado. Tenho três filhas estilistas e os vestidos dele sempre foram uma inspiração para nós. Ele foi único", diz a estilista Solaine Piccoli.
Conforme Deise Nunes, "ele era muito detalhista, uma pessoa muito agradável. O luxo do luxo. O vestido do meu casamento, sempre disse para ele, foi o melhor vestido que ele fez na vida. Impecável. Era apaixonado pelo ofício, adorava andar no meio das modelos. Era muito bem humorado. É uma perda, mas Deus sabe o que faz. Foi descansar. Deixou um legado imenso, e por isso é importante que o Instituto Rui Spohr se concretize".

O gênio ao alcance de todos

Doris comenta que o Instituto era um desejo de Rui: ele gostaria de ter visto o projeto andar

Doris comenta que o Instituto era um desejo de Rui: ele gostaria de ter visto o projeto andar


MARCELO BORGONGINO/DIVULGAÇÃO/JC
A ideia da família de Rui Spohr é de que o acervo se torne um museu virtual e que seja disponibilizado para todo o mundo. Para a neta do estilista, Antonia Spohr Moro, a quantidade do material conta não só a história do Rio Grande do Sul, mas também do Brasil e do mundo.
A pesquisadora Renata Fratton explica que o Instituto Rui Spohr depende da patrimonialização deste acervo (catalogar, deixá-lo em condições de estudo, digitalizar, higienizar, guardar), dentro de uma política de preservação preventiva, para que o material tenha uma vida útil prolongada. "Mas há um grande entrave, pois não existe, no Brasil, uma política para a questão museal. Também há o ponto de ver a moda como um patrimônio. Então o instituto depende, justamente, de algumas políticas e iniciativas", conta Renata.
"O Instituto Rui Spohr, aprovado na Lei Rouanet, é uma destas iniciativas. É importante que as pessoas entendam que são documentos importantes e que devem ser preservados, o que demanda verba, tempo e profissionais. É preciso enxergar estes documentos como um legado, e que há um trabalho bem importante por trás", completa ela.
Doris Spohr comenta que o instituto era um desejo do marido. "Rui gostaria de ter visto o projeto andar. Eu estava tão envolvida com ele, com os cuidados dele, mas, de agora em diante, pretendo me focar no instituto. Sempre tive o cuidado de fazer o Rui sentir-se importante", ressalta.
Ela lembra do marido como uma pessoa que sempre se doou muito. "Nós tivemos inúmeros estagiários, alguns que eu nem lembrava mais estiveram no velório. E outros que já estão longe, que tiveram sucesso, mas nunca esqueceram o professor, como o chamam", afirma. Rui foi professor da Feevale durante sete anos, quando a universidade começou com curso voltado ao calçado. "Uma vez estávamos viajando, acho que em Paris, e ao descermos do metrô ouvimos 'professor, professor'. Era um ex-aluno, agradecendo o que tinha aprendido com o Rui", lembra Doris. "A vida dele era criar. As clientes o instigavam. Ele participava de momentos muito importantes de cada uma, e elas acatavam o que ele dizia", completa.
Sobre a mudança de endereço, em 2016, Doris afirma que sabia que as coisas tinham que se organizar de uma maneira que fosse menos traumática para o Rui. "E mesmo assim foi bem difícil, porque era a vida dele. E o Parkinson começou a não permitir que ele mexesse no computador, que escrevesse. Assim como outras coisas, no próprio desenho, tudo ficou mais complicado. A cabeça dele estava a mil, mas ele não conseguia realizar. Então, a vinda para essa casa foi melhor."

Muito mais que um acervo

Entre os materiais, há muito documento dos registros dos processos de criação

Entre os materiais, há muito documento dos registros dos processos de criação


MARCO QUINTANA/JC
Conforme explica a pesquisadora Renata Fratton, o acervo de Rui Spohr contém fontes bem diversificadas. "Tem papel, têxtil, jornais, revistas e roupas em si, fontes de várias naturezas. Tem o acervo fotográfico, acervo de desenhos feitos por ele ao longo da carreira. Alguns desenhos datam de 1940", diz.
Há muito documento dos registros dos processos de criação. Renata ressalta que estes materiais não são apenas da carreira do estilista, eles acabam testemunhando uma história da sociabilidade de Porto Alegre. "Nos documentos constam o nome das clientes, as datas das provas, então é possível fazer uma leitura desta questão social pela roupa a partir desse acervo", diz.
Existe também o registro dos desfiles. O primeiro desfile feito pelo Rui foi em 1949, ainda em Novo Hamburgo. "Ele passou a fazer os desfiles sem nunca ter visto um desfile, muito influenciado pelo cinema, e ao longo dos anos ele fez isso. Nos anos 1990 ele passou a ocupar espaços públicos e fez grandes eventos. Esses eventos também estão registrados", comenta a especialista.
Com este acervo, é possível, ao mesmo tempo, dimensionar a carreira do estilista, o que acontecia na cidade e essa relação com a moda estrangeira, da qual ele era uma espécie de embaixador. "O Rui trouxe o cosmopolitismo para Porto Alegre, ele foi um grande mediador", diz Renata. Isso tudo é possível verificar com os documentos que comprovam isso, chegando do desenho até a roupa.
 

As pesquisas

Levantamento feito por Renata Fratton mostra que já existem pesquisadores trabalhando com o acervo de Rui Spohr. É preciso lembrar que ele e Doris sempre tiveram este instinto de preservação. "Isso é uma coisa bem importante. Eles foram, de certa forma, colecionando registros. E, por isso, é um acervo que está em ótimo estado, o que é muito raro no Brasil. Não temos este hábito. Então muitas pessoas já puderam pesquisar ali de diferentes áreas."
No âmbito da moda, do ponto de vista acadêmico, há várias pesquisas que se valem do acervo Rui Spohr. Doris Treptow - autora do livro Inventando moda: planejamento de coleção, até hoje um dos mais utilizados nos cursos de design de moda - fez um trabalho de especialização sobre desenvolvimento de coleção utilizando algumas fontes do acervo.
Aline Rochedo fez sua dissertação em antropologia social (Do croqui à academia: a biografia cultural de um vestido) se valendo da biografia de um vestido criado por Rui. A peça, comprada por Heloisa Brenner, foi apresentada em um desfile de moda realizado em Porto Alegre, em 1971, e acompanhou a proprietária por quatro décadas. O mesmo vestido foi escolhido por ela para ser usado em seu aniversário de 80 anos, no ano de 2011.
Há também a dissertação de mestrado de Lívia Menezes - O uniforme enquanto elemento de reforço da identidade das organizações: o caso da 1ª Corporação Feminina da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. O trabalho abordou os uniformes da Brigada Militar desenhados por Rui, que são utilizados até hoje.
A própria Renata fez também uma dissertação de mestrado em processos e manifestação culturais (A identidade regional celebrada no vestir: Rui Spohr e a moda que vem do Sul), e a tese de doutorado em História As memórias alinhavadas de Rui Spohr, moda e distinção a partir de Porto Alegre, versando sobre o trabalho do estilista.
Nomes conhecidos em todo País, como Maria Claudia Bonadio e João Braga, também usaram informações do material de Rui, pois sempre tiveram receptividade do estilista gaúcho. "Sempre houve a consciência de conservação do acervo e essa política de portas abertas, de receber as pessoas para que consultassem", comenta Renata.
Muito do que foi digitalizado deste material acabou sendo doado para o instituto, então, existem algumas coisas já digitalizadas, e uma pequena mostra já foi colocada dentro dos moldes de conservação internacional, já acondicionada como deve ser, mas ainda sem passar por um processo de organização (higienização, acondicionamento e digitalização), como deve ser, e está guardado de uma forma bastante intuitiva.
 

O endereço atual

Salão ne segundo andar é uma sala multiuso, na qual podem ser feitos bazares, palestras e cursos

Salão ne segundo andar é uma sala multiuso, na qual podem ser feitos bazares, palestras e cursos


MARCO QUINTANA/JC
O Espaço Rui Casa de Criação (na rua Miguel Tostes, 125) está sendo direcionado para ser um polo criativo. Voltado a estilistas, visagistas, cabeleireiros, consultores de estilo e profissionais da área cultural, cada espaço do local pode ser locado. Na parte de cima, está o escritório ocupado por Rui, que tem sido locado para reuniões, e uma sala voltada para a beleza. A maquiadora Duda Fernandes, por exemplo, costuma dar aulas de maquiagem no local, que conta com equipamentos como cadeira, espelho, lavatório. Outro espaço, um salão grande também no segundo andar, é uma sala multiuso, na qual podem ser feitos bazares, palestras e cursos.
Na parte de baixo, uma sala para estudantes e interessados em costurar tem máquinas, linhas e demais equipamentos. Ao lado, um espaço amplo com o acervo do Rui, que deve ser transferido. E o espaço da loja, que fica na parte da frente da casa, está em busca de um parceiro.

A história e o legado em entrevista

Aos 22 anos, Rui spohr chegou literalmente de mala e cuia em Paris

Aos 22 anos, Rui spohr chegou literalmente de mala e cuia em Paris


JOHN ARLINGTON/DIVULGAÇÃO/JC
Tive a oportunidade de fazer quatro longas entrevistas com Rui. Abaixo reproduzo a última, de 2016, quando ele me contou um pouco dos bastidores e das histórias mais interessantes dos vestidos que marcaram a sua trajetória, sublinhada pelo charme e pela sofisticação.
A viagem de navio
"O que acho mais interessante da minha história é a garra que temos quando jovens. Aos 20 anos eu já gostava de moda, já estava fazendo moda. E queria ir adiante: Rio de Janeiro, São Paulo, Paris. Mas não conhecia nada fora daqui. Eu lia nas revistas, sabia que existiam escolas de moda no exterior e queria estudar nelas. Antes de ir para Paris, meu pai faleceu e comuniquei minha mãe e meus irmãos que iria estudar na capital francesa e que usaria minha parte da herança. Eles concordaram e me deram força. Foi então que embarquei pela primeira vez para Paris. Fui de navio, e a viagem durou 11 dias. Não se falava em ir de avião, só de navio. Foram 11 dias maravilhosos, me diverti muito."
Em Paris pela primeira vez
"Saindo do Rio de Janeiro, chegamos em Cannes (França) e, ainda no navio, precisávamos avisar o que estávamos fazendo em Paris. No grupo havia muitas meninas com bolsa para estudar francês, e fiz amizade com elas. Pegamos um trem para Paris, à noite, e quando chegamos na cidade, por volta das 6 horas, me despedi dos colegas de navio e de repente estava sozinho, em uma das estações em Paris, com uma mala e uma sacola. Tive muita coragem, a gente aos 22 anos tem tesão para fazer essas coisas. E eu fui, e quando parecia que tudo ia dar errado, deu tudo certo. Fui para ficar oito meses e fiquei três anos. Já tinha perdido a vontade de voltar, há muita gente boa trabalhando em Paris."
A carta de apresentação
"Assim que cheguei em Paris fui procurar um amigo de um amigo brasileiro. Levei uma carta de apresentação dele. Peguei minha mala e fui ao hotel, sem conhecer nada. Tinha apenas o nome da rua. Era por volta das oito horas, chovia muito, era outubro. Estava frio, e fui caminhando. Mas eu tinha tanto entusiasmo, tanta garra, tanta coragem. Hoje não faria mais, e nem com 30, 40 anos. Então fui procurar o endereço. Era de um brasileiro de Flores da Cunha, que estava morando em Paris. E nosso amigo em comum morava em Porto Alegre. Bati no hotel Saint Piérre, e o homem custou para retornar. Depois de um tempo me atendeu, perguntou o que eu estava fazendo. Disse que estava ali para estudar moda. "Estudar o quê?", perguntou novamente. "Moda", respondi. "Ah, isso não existe. Volta daqui a quatro ou cinco horas que vejo o que posso fazer, caso contrário tu voltas para o Brasil." E esperei. Ele então me recebeu, disse que conhecia alguém que trabalhava em um escritório de importação que, por sua vez, conhecia todo mundo. Mas alguns dias depois ele se mudou e perdi o único contato que tinha em Paris. Mesmo assim, escrevi para minha mãe dizendo que estava tudo bem. Só havia comunicação por navio, a carta levava cerca de 15 dias para chegar em Porto Alegre."
O encontro
"Ao chegar ao Correio para enviar a carta, aflito por não saber o que fazer, um homem me parou e perguntou se eu era brasileiro. Respondi que sim, que estava em Paris para estudar moda. E ele me disse que não existia moda, mas que me daria o endereço de um homem muito conhecido e que ajudava todo mundo. "Pega o endereço dele, é este aqui", disse. Quando me virei, o homem desapareceu. Uma coisa realmente fantástica. Foi um anjo da guarda. Acho que este acontecimento foi a chave da minha chegada em Paris. E, realmente, depois de uns dois ou três dias, eu já estava na escola, feliz. Foi ótimo, Paris é maravilhosa. Mas depois dos três anos, percebi que poderia fazer a diferença voltando ao Brasil. Então voltei a Porto Alegre."
Os contemporâneos
"Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld estudaram na mesma escola que eu, a Chambre Syndicale de la Haute Couture Parisienne, dois anos depois de mim. Era a única escola de moda que existia realmente. Hoje, eu estou com mais de 80 anos, Karl (falecido neste ano) tem quase a mesma idade e também segue trabalhando. Outro designer famoso ainda na ativa é Giorgio Armani. Às vezes, me chateio com indiretas sobre seguir trabalhando. Não menosprezem as pessoas que têm mais idade, nós chegamos até aqui e realizamos muito. Desejo muita sorte a todos, porque é maravilhoso fazer moda."
A moda
"É uma coisa fantástica fazer moda, lidar com coisas bonitas, cores, luzes e efeitos. Isso enche a alma da gente. E ainda digo a todos os estudantes de moda que sigam realmente procurando fazer bons estágios, mesmo que na marra. De uma maneira geral, é difícil se manter na profissão, mas é possível e muito gratificante."
A hora de parar
"Estou numa idade em que, às vezes, me pergunto se já está na hora de parar. Será que tenho o suficiente para sobreviver nos anos em que ainda vou viver? Será que ainda posso ser útil? Mas a família e amigos me dizem para continuar. E se me perguntam qual foi o momento melhor da minha vida digo que foi Paris. E o segundo mais importante na minha vida é a minha mulher, Doris. Devo tudo à garra dela, à vivência dela, ao nosso amor e à nossa vida. A Doris é a grande responsável por eu estar aqui até o momento." 
Estilo
"Estilo é o teu jeito de ser. Estilo é você, a maneira que se expressa. Estilo é o que tu pensas e falas. Estilo, dentro da moda, dentro da pintura, dentro das artes, é a tua imagem. Estilo é a personalidade, é a maneira de ver e de ser, no cotidiano. É preciso criar o estilo próprio e saber da moda como um todo. E nesse todo deve haver o teu espaço, a tua verdade."
 

Linha do tempo

  • 1929 - Flávio Spohr nasceu no dia 23 de novembro, em Novo Hamburgo.
  • 1943 - Com 14 anos, foi trabalhar na fábrica de calçados do pai.
  • 1948 - Para assinar uma coluna sobre moda para o jornal semanal NH, de Novo Hamburgo, criou o pseudônimo Rui.
  • 1949 - Mudou-se para Porto Alegre para estudar Belas Artes na Ufrgs.
  • 1949 - Realizou seu primeiro desfile de moda com suas criações, em Novo Hamburgo, fotografado pela Revista do Globo.
  • 1952 - Mudou-se para a França para estudar moda. Começou seu curso na Chambre Syndicale de La Couture Parisienne e posteriormente na École Guerre Lavigne (atual Esmod) em Paris.
  • 1953 - Ainda em Paris, trabalhou como estagiário do chapeleiro Jean Barthet, que atendia as grandes grifes da capital francesa.
  • 1955 - Retornou ao Brasil e começou a trabalhar confeccionando chapéus. Abriu seu primeiro atelier na avenida Salgado Filho, no Centro Histórico de Porto Alegre.
  • 1958 - Começou a criar roupas em seu próprio ateliê.
  • 1961 - Vestiu Bibi Ferreira (guarda-roupa particular) enquanto a atriz e cantora estava em cartaz no musical My Fair Lady no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
  • 1962 - Entrou para o time da Rhodia, criando modelos com tecidos produzidos pela empresa.
  • 1968 - Criou o vestido de noiva para a brasileira Ieda Maria Vargas, Miss Universo 1963.
  • 1971 - Durante o governo do presidente da República Emílio Garrastazu Médici (1971-1974), Rui foi o responsável pelos trajes da primeira-dama Scyla Médici.
  • 1974 - De 1974 a 1977 manteve seu atelier na rua Barão de Santo Ângelo, no bairro Moinhos de Vento.
  • 1977 - Mudou-se para o casarão da rua Miguel Tostes.
  • 1988 - Começou a lecionar no curso de Estilismo do Calçado na Feevale.
  • 1989 - Criou o vestido de noiva para a modelo Deise Nunes, Miss Brasil 1986 e primeira mulher negra a receber o título de beleza no País.
  • 1995 - O atelier Rui comemorou 40 anos de atividades em moda.
  • 1997 - Lançou sua biografia Memórias Alinhavadas, escritao com a jornalista Beatriz Viegas-Farias.
  • 2008 - Foi homenageado com medalha da 54ª Legislatura, na Assembleia Legislativa do Estado.
  • 2011 - Convidado da mostra "Moda no Brasil - Criadores Contemporâneos e Memórias" promovida pela Fundação Armando Alvares Penteado.
  • 2015 - Lançou o livro Moda & Estilo para colorir por Rui Spohr.
  • 2016 - Recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre.
  • 2017 - Entrou para a Academia Brasileira de Moda.
  • 2018 - Encerrou as atividades comerciais da loja Rui Spohr.