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Cultura

- Publicada em 02 de Maio de 2019 às 03:00

Espetáculo 'A invenção do Nordeste' questiona estereótipos sobre a região

Espetáculo integra o Circuito Nacional Palco Giratório 2019 e tem apresentações no Teatro do Sesc

Espetáculo integra o Circuito Nacional Palco Giratório 2019 e tem apresentações no Teatro do Sesc


ROGERIO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
Frederico Engel
Qual é a identidade de uma região? Ela é uníssona ou apresenta diferentes sons? A invenção do Nordeste, do Grupo Carmin (RN), trata sobre estas e outras temáticas nas sessões no Teatro Sesc Centro (Alberto Bins, 665), quinta e sexta-feira, às 19h. Os ingressos são vendidos entre R$ 15,00 (cartão Sesc/Senac e meia-entrada) e R$ 30,00.
Qual é a identidade de uma região? Ela é uníssona ou apresenta diferentes sons? A invenção do Nordeste, do Grupo Carmin (RN), trata sobre estas e outras temáticas nas sessões no Teatro Sesc Centro (Alberto Bins, 665), quinta e sexta-feira, às 19h. Os ingressos são vendidos entre R$ 15,00 (cartão Sesc/Senac e meia-entrada) e R$ 30,00.
O espetáculo integra o Circuito Nacional Palco Giratório 2019, que começa na Capital nesta quinta-feira A montagem conquistou o 31º Prêmio Schell de Teatro, na categoria melhor Dramaturgia, e também venceu o Prêmio Cesgranrio de Teatro 2019.
Inspirada na obra da década de 1990 A invenção do Nordeste e outras artes, de Durval Muniz Albuquerque Junior, a peça foi idealizada por uma das fundadoras do grupo, Quitéria Kelly. Em contato com a obra durante o período das eleições de 2014, que resultaram na reeleição da então presidente Dilma Rousseff, a atriz se incomodou com a repercussão que ocorreu. "Novamente, houve uma coleção de comentários xenófobos contra os nordestinos, rotulando e discriminando a região", afirma o dramaturgo Henrique Fontes. Com estes acontecimentos, Quitéria considerou produzir um espetáculo que quebrasse com a imagem estereotipada do Nordeste e dos nordestinos. A ideia foi levada até os demais integrantes, que embarcaram na construção da apresentação.
Durante dois anos, o processo de pesquisa se estendeu e abordou mecanismos estéticos, históricos e culturais que contribuíram para a formação de uma visão de como é o Nordeste brasileiro. Fontes comenta que a procura por informações alimenta outras, o que gera a produção de ainda mais ideias e conceitos, que tratem ou não de temáticas semelhantes a pesquisa.
Funcionando como um coletivo, Fontes, ao lado de Pablo Capistrano, foi encarregado de escrever uma autoficção. Ele também é um dos atores da peça. "Como somos um coletivo, funcionamos com o acúmulo de funções e assumindo diferentes papéis, nada sendo fixo e único". A exceção, talvez, seja a própria dramaturgia, que segundo o próprio, demanda repetição e refinamento ao longo do tempo, sendo esta uma função desempenhada por ele em todas produções do grupo.
A história, então, acompanha um diretor que é contratado por uma grande produtora para preparar dois atores norte-riograndenses, que disputam o papel de um personagem nordestino. Durante o tempo da preparação, a identidade nordestina entra em xeque. Afinal, existiria apenas uma identidade nordestina?
Para Fontes, este é um tema que não deveria receber tamanha importância, em vista que é impossível definir uma região composta por nove estados como única. "A imagem projetada de nós vem de Rio ou São Paulo, até pelos próprios nordestinos. Luiz Gonzaga produzia de lá, não aqui no Nordeste", aponta. Ele ainda acrescenta e contesta a percepção unificada do local, argumentando que, por mais que Rio de Janeiro e São Paulo estejam no Sudeste, ninguém estabelece identidade única para ambos os estados, justamente pelo fato de que as diferenças são claras.
Assim, o espetáculo propõe desenhar a trajetória hilária e por vezes conflitante da história recente do estabelecimento da Região Nordeste, que foi oficialmente delimitada apenas na segunda metade do século passado. Sendo uma unidade sociopolítica e cultural com as suas individualidades, os estereótipos alimentados por décadas pela literatura, cinema, música e artes visuais brasileiras são partes constantes do questionamento da obra. "Foi até em Porto Alegre que tivemos uma situação desse caso. Uma mulher assistiu uma apresentação, argumentando que não se parecia com uma peça nordestina. Ficamos na dúvida se isso foi um elogio ou não", brinca.
Para realizar tal tarefa, o fator cômico é um auxílio. Fontes destaca que essa abordagem auxilia na compreensão e implementação de temas. "Comédia oportuniza mais canais - está a serviço de abrir caminhos e desarmar público para que as mensagens sejam desenvolvidas e compreendidas." Sobretudo, o dramaturgo enxerga A invenção do Nordeste como uma oportunidade de expor o contraditório, levando a discussão ao redor do País. "Estes são os pequenos alívios que a arte é capaz de proporcionar", completa.
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