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Cultura

- Publicada em 25 de Abril de 2019 às 03:00

Banda Ratos de Porão celebra aniversário de disco em show no Opinião

Grupo celebra o álbum 'Brasil' lançado em 1989 neste domingo na Capital

Grupo celebra o álbum 'Brasil' lançado em 1989 neste domingo na Capital


WANDER WILLIAN/DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
Dezoito faixas em 31 minutos. Lançado em 1989, o disco Brasil, do Ratos de Porão, vai direto ao ponto - seja nas letras, em que o João Gordo apresenta crônicas de um País assolado pela inflação, entre outros temas espinhosos, ou no instrumental pesado e de ritmo insano. Marco na música extrema produzida em terras tupiniquins, o compacto completa 30 anos com uma turnê em sua homenagem. "Está muito louco o negócio. As pessoas estão se identificando para caramba, porque o fã que é fã sabe a letra", destaca o vocalista, sobre os paralelos que os ouvintes estão fazendo com o Brasil contemporâneo.
Dezoito faixas em 31 minutos. Lançado em 1989, o disco Brasil, do Ratos de Porão, vai direto ao ponto - seja nas letras, em que o João Gordo apresenta crônicas de um País assolado pela inflação, entre outros temas espinhosos, ou no instrumental pesado e de ritmo insano. Marco na música extrema produzida em terras tupiniquins, o compacto completa 30 anos com uma turnê em sua homenagem. "Está muito louco o negócio. As pessoas estão se identificando para caramba, porque o fã que é fã sabe a letra", destaca o vocalista, sobre os paralelos que os ouvintes estão fazendo com o Brasil contemporâneo.
Em Porto Alegre, o espetáculo acontece neste domingo. Gordo, Jão (guitarra), Boka (bateria) e Juninho (contrabaixo) sobem ao palco do Opinião (José do Patrocínio, 834), às 21h. Ingressos a partir de R$ 50,00 pelo site Blueticket ou nas lojas Multisom.
Se o pessimismo vivido na época gerou faixas como Amazônia nunca mais, Farsa nacionalista e S.O.S. País falido, a execução da obra contou com um fator determinante: o grupo gravou o disco na capital alemã, exatamente no ano da queda do muro. "Foi um tapa na nossa cara. Nós, uns manos da periferia, fomos cair no meio da cena punk de lá. Mudou nossa vida completamente, vimos como a coisa funcionava", lembra Gordo, citando também o papel fundamental de Harris Johns. Reconhecido sobretudo por seus trabalhos com heavy metal e congêneres, o europeu foi o responsável pela produção do disco. "Foi um trabalho foda para um disco punk da época, para fazer uma coisa que era inovadora, que era o crossover - essa mistura de metal com hardcore, que fazemos até hoje. Estava predestinado a marcar época", crê.
Quarto trabalho de estúdio dos músicos, Brasil ganhou ainda uma versão em inglês, com contribuição do trabalho de um tradutor. O resultado, entretanto, ficou aquém do desejado - e a banda utiliza as letras originais mesmo em shows no exterior. No ano passado, por exemplo, a língua não foi barreira para a primeira turnê da trupe pela Ásia, com shows em países como Singapura, Taiwan e China.
Em atividade desde o início da década de 1980, o grupo conta com tanto - ou mais - prestígio fora do Brasil do que em sua terra natal, conforme análise de João Gordo. "Lá fora tocamos em altos festivais grandes. Uns gigantescos, do lado de umas bandas foda, tipo Black Sabbath. Aqui no Brasil isso jamais aconteceria, o Ratos não existe para os produtores de grandes festivais daqui", afirma ele, que abre Aids, pop, repressão, uma das 18 faixas de Brasil, citando que "o rock brasileiro é uma farsa comercial".
Três décadas depois, sequer enquadra seu grupo como representante do rock produzido no País. "Aqui toca quem está na panela", aponta, crente que há um distanciamento com o Ratos de Porão devido à postura política da banda, à sua própria postura e também devido à sonoridade pesada. Paralelamente, frisa, seguem fazendo turnês anuais pela Europa.
Para o futuro próximo, há pelo menos dois projetos. Um deles é um novo álbum de inéditas - o mais recente, Século sinistro, foi lançado 2014. O disco ainda está ganhando forma - mas o teor crítico em relação a temas políticos e sociais vai seguir como pauta, garante Gordo. "Sempre tivemos isso. Em 2006 eu criticava o Lula, fiz música para o Lula. Por que agora não vai ter carga política forte? Agora que está pior, que está ridículo e bizarro? Agora é Idade Média, peste negra, terra plana... Só falta inquisição", opina.
Outra proposta do vocalista é lançar um livro com todas as letras que escreveu. O volume está pronto, mas engavetado - João Gordo também tem uma biografia no mercado, escrita por André Barcinski. "Não tenho pressa", afirma o músico, ao contrário do que o som do seu grupo pode sugerir. A publicação, segundo ele, vai contar com curiosidade sobre as canções.
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