São 50 anos só de carreira. A experiência de Toquinho nos palcos é extensa, culminando na celebração pelas cinco décadas como artista em apresentação única em Porto Alegre no sábado, às 21h, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), com ingressos entre R$ 160,00 (galerias) e R$ 240,00 (cadeiras extras). Além desse show, o álbum Casa de brinquedos, parceria do músico com o gaúcho Mutinho, também recebe um espetáculo no local sábado e domingo, ambos às 16h, com ingressos entre R$ 40,00 (galerias) e R$ 80,00 (plateia).
Quando compôs Casa de brinquedos, em 1983, Toquinho já contava com 14 anos de carreira. Ao lado de Mutinho, que apresenta em seu sangue o apreço pela música em razão do tio Lupicínio Rodrigues, eles trabalharam nas letras e melodias, pensando em um álbum para o público infantil de composição simples, mas abrangente. "Nós dois apresentamos esta característica. E essa linguagem é muito difícil porque não se pode subestimar a criança, ao passo em que também não se pode fazer qualquer blá-blá-blá e esperar que ela fique satisfeita", afirma o músico.
As composições voltadas aos pequenos são justamente um dos maiores reconhecimentos que Toquinho recebe pelo público. E a experiência na criação dessas letras, segundo ele, só é possível de ser realizada com humildade. Toquinho destaca ainda o uso de escalas, harmonias e teorias musicais, entre outras técnicas, como o mínimo para que uma canção fique audível e agradável. "Na realidade, há que despertar a criança que nos habita até o fim da vida. Além disso, é preciso ter humor para compor músicas infantis e divertir-se enquanto o faz", argumenta.
Na composição do espetáculo, é natural sua participação como autor das canções, além de acompanhar o desenvolvimento musical da peça. Pela dinâmica da apresentação, todavia, este papel ficou a cargo da diretora Carla Candiotto, de produtores e de atores. Toquinho acompanha as adaptações, considerando que as letras originais foram compostas para uma geração de crianças que cresceu nos anos 1980. "Há que saber harmonizar essa característica, incorporando-a na tecnologia e nas histórias que alinhavam as canções", relata. O resultado, segundo ele, é que os brinquedos viram personagens que interagem na evolução de um roteiro. "Os responsáveis pelo espetáculo fazem isso muito bem, e as crianças se divertem e cantam junto. Acaba sendo um espetáculo que diverte toda a família", acrescenta o compositor.
Mesmo com as mudanças geracionais, as letras e composições de Toquinho seguem presentes com os adultos e as atuais gerações de crianças. O músico atribui isso em razão de que as canções encaixarem melodia e letra, alinhavando assuntos comuns em um formato transparente e verdadeiro. "Tudo na infância vira atemporal, nos persegue durante a vida. Assim, os adultos também participam da apresentação por assumirem a admiração por uma época que deixaram para trás", destaca.
Mas não é apenas as letras que prendem a atenção dos menores para o palco. Cores, roupas, objetos são elementos extras que auxiliam na contemplação da apresentação, em especial, de Casa de brinquedos. Conforme Toquinho aponta, a peça conta com uma facilidade e necessidade de incorporar componentes como bailarina, bola, caderno, aviãozinho, robô, entre outros -, afinal estes já estão presentes nas canções.
Além das composições voltadas ao público infantil, o músico também tem sua imagem associada ao violão, parceiro ao qual ele descreve como um amuleto. "(O violão) É o vetor de toda minha carreira. Instrumentista, compositor e intérprete estão incorporados em sua forma mágica que nos une em madeira e pele, cordas e coração. Eu me considero um artesão, sempre apoiado no violão que representa o início e o desenvolvimento de tudo. Estudo todos os dias procurando me aprimorar ainda mais", reforça Toquinho.
A sua dedicação diária também está presente no balanço que faz da carreira. "Cada ano robustece o seguinte e as décadas se diluem na descoberta de técnicas novas e na extensão do vigor ampliado pelas conquistas e pelos sucessos."
De acordo com Toquinho, também perdura a sensação de uma constante renovação e de um contínuo aprimoramento. "Amo fazer o que faço, o palco é a extensão de minha casa. Nele sou simples e íntimo da plateia. O restante, a vida se incumbirá de mostrar-me valores e caminhos que eu saberei aproveitar usando meu talento maior: o de instrumentista", completa.