Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 27 de Março de 2019 às 03:00

Documentário sobre Zoravia Bettiol estreia nesta quinta-feira

Zoravia Bettiol no filme que leva seu nome, dirigido por Henrique de Freitas Lima

Zoravia Bettiol no filme que leva seu nome, dirigido por Henrique de Freitas Lima


PAMPEANA/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
Com data escolhida na semana de aniversário da sua cidade natal, estreia nesta quinta-feira (28) Zoravia, documentário em longa-metragem de Henrique de Freitas Lima que aborda a vida e a obra da veterana artista visual engajada em causas sociais. Parte da série Grandes Mestres, assinada pelo realizador e dedicada às artes plásticas (cujo primeiro título foi sobre Danúbio Gonçalves), o filme terá sessões exclusivas nos cinemas Guion (Gen. Lima e Silva, 776).
Com data escolhida na semana de aniversário da sua cidade natal, estreia nesta quinta-feira (28) Zoravia, documentário em longa-metragem de Henrique de Freitas Lima que aborda a vida e a obra da veterana artista visual engajada em causas sociais. Parte da série Grandes Mestres, assinada pelo realizador e dedicada às artes plásticas (cujo primeiro título foi sobre Danúbio Gonçalves), o filme terá sessões exclusivas nos cinemas Guion (Gen. Lima e Silva, 776).
No fim da década de 1980, Henrique de Freitas Lima foi convidado pela crítica de arte e gestora cultural Evelyn Ioschpe para integrar o projeto Arte na Escola, hoje o carro-chefe entre os programas da Fundação Ioschpe, com sede em São Paulo, mas de abrangência nacional. A ideia era promover uma forma eficiente de educação por meio da arte, com o uso de vídeos sobre o fazer artístico que pudessem ser usados em sala de aula acompanhados por materiais pedagógicos produzidos por especialistas.
No período que exerceu essa função, o cineasta aperfeiçoou seu olhar, se aproximou das artes visuais e licenciou para a fundação mais de 300 títulos, garimpados no País e exterior. Foi quando ele teve a constatação de que era insignificante a documentação dos artistas do Sul. A vontade de sanar essa lacuna ficou latente, já que a fundação não tinha, entre suas metas, a produção de documentários. Esse foi o ponto de partida para Grandes Mestres.
Zoravia foi filmado em Porto Alegre e São Paulo, cidades em que a artista desenvolveu suas atividades ao longo de uma vida dedicada às artes visuais e à militância por causas relacionadas à cultura, ao meio ambiente e aos direitos humanos. A face militante da biografada se revela pela voz dos companheiros de luta da Agapam (Associação Gaúcha de Proteção ao Meio Ambiente) e o escritor Luis Fernando Verissimo, entre outros. No documentário, está presente sua atuação no Movimento Pró-Diretas, na Associação Chico Lisboa, na criação do centro cultural Usina do Gasômetro (em 1992), no Movimento Gaúcho em Defesa da Cultura e no Museu das Águas. Ficou de fora somente a Casa dos Leões, projeto que surgiu em 2017, após o fim das filmagens.
Imagens cedidas pelos acervos da RBS TV e da TVE dão conta da longa trajetória de Zoravia Augusta Bettiol. Aparecem no filme seu gosto pelo verde e pela arte têxtil (quando foi para Polônia estudar, em Varsóvia, no fim dos anos 1960). Na década seguinte, esteve na Alemanha, na Espanha e em Portugal. Sua estada nos Estados Unidos, em São Francisco, com uma cômica participação na televisão, também está retratada. "Sou uma artista de projetos", afirma, acrescentando que só foi descobrir isso depois de 50 anos.
Participam do filme muitos nomes conhecidos das artes plásticas brasileiras, como o crítico de arte Jacob Klintowitz e a gravadora Maria Bonomi, além de vários gaúchos, todos vinculados à trajetória da homenageada. Desfilam na tela nomes saudosos, como a socióloga Lícia Peres e o diretor e dramaturgo Ronald Radde, e também artistas em plena atividade, como Maria Ines Rodrigues e Rosane Morais.
A vida pessoal também consta na produção, com depoimentos sobre os pais e a infância. A família que Zoravia constituiu ao lado do também artista Vasco Prado, de quem tinha sido aluna, é parte importante da narrativa. A filha, a atriz e diretora Nora Prado, fica encarregada dos momentos poéticos do documentário. Paralelamente às sessões do filme no Guion, a artista de 83 anos irá expor sua arte no lobby e no café do cinema com foco na aquisição com condições facilitadas, grande oportunidade para quem quiser levar para casa uma peça original da artista.
Com música de Sergio Rojas, o filme teve sua primeira exibição pública em dezembro de 2018, no encerramento do IX Festival Internacional de Cinema de Bagé, que teve a artista como homenageada. Após a sessão, o organizador do evento, Zeca Brito - que também é cineasta e mestre em Artes Visuais -, elogiou a honestidade com que Freitas Lima representou Zoravia: "É um filme costurado pelo afeto". O diretor recebeu o comentário como um grande elogio, considerando que boa parte de sua obra é dedicada a temas vinculados ao mundo rural.
Este é o sexto longa de Henrique de Freitas Lima e o segundo documentário, numa filmografia que começou com Tempo sem glória (1984), seguido por Lua de outubro (1997), Concerto campestre (2004), Danúbio (2010) e Contos gauchescos (2012). Os próximos personagens da série Grandes Mestres devem ser Santiago e Maria Tomaselli.
Caroline da Silva
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO