Frequentadores da Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães, com 90 anos de existência e uma das mais populares de Porto Alegre, foram surpreendidos recentemente pela redução no funcionamento. Desde o começo de março, o local manteve o esquema do horário de verão em dias de semana, abrindo das 9h às 18h, em vez de voltar a operar até as 19h, como era a rotina. A biblioteca fica dentro do Centro Municipal de Cultura, localizado na avenida Erico Verissimo.
Foi mais uma medida de redução na operação. Desde outubro do ano passado, a biblioteca deixou de abrir aos sábados, o que foi sentido por usuários que levavam filhos para interagir com os livros. Para quem trabalha, o sábado era a chance de frequentar o ambiente.
"Meu filho tem sete anos, estuda em escola pública e costumava levá-lo aos sábados, quando podia ir. Fechar mais cedo também prejudica estudantes que trabalham e podem aproveitar para ir lá estudar para o Enem e vestibular", lamenta uma usuária, que pediu para não ser identificada.
Usuários e até funcionários atribuíram o fechamento antecipado à retirada de patrulhamento ao prédio, que cabe à Guarda Municipal (GM). A Secretaria Municipal da Cultura (SMC), à qual está ligado o centro cultural, e a Guarda Municipal, no entanto, negam que seja esta a razão para a mudança de horários. A justificativa é que a alteração se deve à baixa procura pela biblioteca.
O coordenador do Livro e da Literatura da SMC, Sergius Gonzaga, afirma que o movimento é fraco, razão que levou também ao fechamento aos sábados. O público vem reduzindo, garante Gonzaga. Sobre a segurança no local, o coordenador disse que não há motivos para insegurança. "Não houve nenhum fato (de violência) e não é esta a causa", afirmou o representante da SMC.
Sobre a preocupação dos funcionários com a segurança apurada pelo JC, Gonzaga diz que a situação pode ser atribuída ao clima de medo na cidade e reforçou que há um contato direto entre o centro e a Guarda Municipal para o caso de incidentes.
O subcomandante da GM, Rodrigo Meotti, descartou a relação entre a redução no horário de funcionamento e o patrulhamento. De acordo com Meotti, um guarda faz a vigilância das 19h às 7h. Durante o dia, a fiscalização é feita nos arredores. O subcomandante diz que sempre atende a pedidos de efetivo em dias de evento à noite, com reforço nos arredores. Meotti diz que este ano foram registradas apenas duas ocorrências pontuais, ocasionadas por um morador de rua conhecido na região.