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Cultura

- Publicada em 27 de Fevereiro de 2019 às 01:00

Steven Knight volta à direção em 'Calmaria'

Matthew McConaughey e Anne Hathaway voltam a contracenar em 'Calmaria'

Matthew McConaughey e Anne Hathaway voltam a contracenar em 'Calmaria'


JESS HALL/DIVULGAÇÃO/JC
Steven Knight criou um nome para si em Hollywood. Roteirista de longas como Coisas belas e sujas (2003) - que lhe rendeu sua indicação ao Oscar - e Senhores do crime, de 2007, o britânico desta vez assume também a cadeira de direção, função que já havia exercido no elogiado Locke (2014), com Tom Hardy. Seu trabalho neste Calmaria é competente, mas o roteiro apresenta dois filmes em um e a impressão é de que ambos pouco funcionam.
Steven Knight criou um nome para si em Hollywood. Roteirista de longas como Coisas belas e sujas (2003) - que lhe rendeu sua indicação ao Oscar - e Senhores do crime, de 2007, o britânico desta vez assume também a cadeira de direção, função que já havia exercido no elogiado Locke (2014), com Tom Hardy. Seu trabalho neste Calmaria é competente, mas o roteiro apresenta dois filmes em um e a impressão é de que ambos pouco funcionam.
No papel principal está Matthew McConaughey, que vive o pescador Baker Dill, dono do barco Serenity (em português, Calmaria). Dill leva uma vida simples na isolada ilha de Plymouth após ter servido os EUA na Guerra do Iraque. O mais recente agito em sua rotina é a obsessão que reserva por pescar um atum considerado lendário por ele e imaginário pelos outros residentes do local.
A pacata vivência em Plymouth muda quando Karen Zariakas, sua ex-mulher (papel de Anne Hathaway), o procura pedindo ajuda em um caso que interessa a ambos. Agora casada com Frank Zariakas (Jason Clarke), Karen deseja que Dill cumpra um favor para libertá-la do marido abusivo.
Este é o máximo que pode ser dito sobre a história sem estragar a surpresa. O que ainda pode ser acrescentado é que há uma grande reviravolta no meio do longa e é neste momento que ele se perde. Com uma proposta intrigante e que se assemelha ao longa Gamer (2009), mas desenvolvida de um modo raso, Calmaria se torna algo longe do sugerido.
Isto não é necessariamente ruim, considerando que a quebra de expectativa pode ser algo positivo. Mas existem formas de realizar tais alterações na trama e a escolhida por Knight é fraca, utilizando um diálogo expositivo com um personagem que está na história para cumprir somente esta função. O problema é o fato que, por mais que existam sugestões sobre a reviravolta, elas são poucas e não convencem, fazendo parecer que a decisão tomada pelo roteiro ocorreu para que o filme não terminasse com uma hora de duração e tivesse mais 40 minutos de tela.
A partir deste momento da trama, o objetivo do protagonista muda - assim, a história também se move de uma forma diferente. McConaughey entrega uma atuação mais alucinada, sempre desconfiado do que está ao seu redor. Para aqueles que gostam do ator, pode valer a pena conferir o longa, mas ele já teve participações mais importantes e marcantes na carreira. Como Baker Dill, o personagem faz uso constante de uma risada debochada e que não funciona sempre, se tornando algo até banal em certos momentos.
O final é interessante, mas pode ser antecipado por alguns espectadores já na metade do longa. Além disso, um diálogo do personagem de McConaughey após o grande acontecimento da história justifica as atitudes tomadas de um modo estranho.
A química entre Dill e Karen também não é das melhores, funcionando mais pelas atuações dos protagonistas do que pela força do roteiro - McConaughey venceu o Oscar por Clube de compras Dallas e Hathaway levou a estatueta por Os miseráveis. Isto também pode se explicar pela relação que ambos preservam. Os dois são amigos desde as filmagens de Interestelar (2014), de Christopher Nolan.
Jason Clarke é outro que tem uma importância na história. Com seu Frank Zariakas, ele consegue conferir um senso de ameaça. O problema, novamente, se encontra no roteiro, que não oferece tanto tempo de tela para ele trabalhar mais, sendo um personagem de apenas uma faceta.
Ainda completam o elenco Djimon Hounsou e Diane Lane, vivendo Duke e Constance. O primeiro trabalha para Dill, ficando restrito a esta função na trama, enquanto a segunda é uma personagem estritamente unidimensional, acrescentando a narrativa somente para oferecer ao pescador dinheiro em troca de prazeres.
Calmaria poderia ser um ótimo thriller, com mistério e reviravoltas impactantes, mas a má condução o limita a ser apenas mais um longa em um mar de produções.
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