Rodrigo Lombardi e Sérgio Mamberti são os protagonistas de Um panorama visto da ponte, peça criada a partir do texto original de Arthur Miller. Depois de uma temporada em São Paulo, o espetáculo chega a Porto Alegre nesta sexta-feira e sábado, no Teatro do Bourbon Country, às 21h, e segue para o Teatro da Feevale, em Novo Hamburgo, com apresentação no domingo, às 20h. Para a Capital, os ingressos custam entre R$ 80,00 e R$ 140,00 - já para a cidade do Vale do Sinos, as entradas têm valores entre R$ 60,00 e R$ 120,00.
O texto foi escrito em 1955 e alterado um ano depois. Miller redigiu uma peça em dois atos que conta a história de um casal de imigrantes italianos em Nova Iorque: o trabalhador das docas do Brooklyn Eddie Carbone, vivido por Rodrigo Lombardi, e a dona de casa Beatrice, da atriz Patricia Pichamone. Ambos criam Catherine, sobrinha órfã da mulher. O conflito da narrativa é estabelecido quando a família recebe dois primos italianos de Beatrice, Marco e Rodolfo, imigrantes ilegais nos Estados Unidos. É a partir do encontro desses dois mundos que o "sonho americano" se torna ameaçado e todas as emoções, outrora camufladas, começam a eclodir. Eddie então tomará uma atitude que marcará a sua vida e de todos que o rodeiam.
Outra presença de destaque é a de Sérgio Mamberti, a quem coube narrar a peça como o advogado Alfiere. "Ele é uma inspiração! Mais de 60 anos de teatro, um amor pelo palco e tem uma energia juvenil. Muita admiração! É muito bom poder estar com ele nesse projeto. É uma troca excelente, isso com todo o elenco, que tem várias gerações de atores", enaltece Lombardi.
Assim como em outras peças do dramaturgo, o texto de Um panorama visto da ponte aborda a sociedade moderna ao mesmo tempo em que oferece uma visão crítica do modo de vida desta sociedade. Ao tema da imigração, da solidariedade social, da fidelidade a um código de honra se entrelaça o da intolerância. Responsável por peças premiadas e montadas ao redor do globo, as obras de Miller são consideradas como reveladoras de insights profundos e humanos, elementos marcantes de sua carreira dramática.
Com temas que tratam de imigração, ética, solidariedade e paixões humanas, o texto chamou a atenção de Lombardi por se tratar de ser um clássico moderno. "Todo ator que faz teatro e gosta de teatro tem na cabeça essa vontade de fazer um texto dessa qualidade", afirma. Ele ainda destaca a grandiosidade do texto por ajudar a entender o Brasil atual, sendo um clássico de caráter universal.
Esta não é a primeira peça de Lombardi. Com experiência em cinema, televisão e teatro, o ator enaltece as artes cênicas. "O palco é uma troca instantânea com o público. A peça depende dele também. O público tem uma função no teatro, ele participa. Na televisão, você errou? Volta. No teatro, tudo é você quem faz, por isso se diz que o teatro é a arte do ator", avisa ele, na entrevista.
A plateia, por sinal, sempre teve voz no espetáculo, inclusive conversando com o elenco após a peça. "Fazíamos isso, pois o espetáculo levanta diversas questões sem dar respostas. Entendemos que seria democrático entregar ao público um pincel e um pote de tinta para montar o quadro com o entendimento que ele teve, ouvindo opiniões que não necessariamente concordamos, mas que acrescentam à peça", aponta Lombardi.
Ansioso pela oportunidade de trocar experiências de outros locais do País, Lombardi conta que possibilidades estão sendo estudadas para novos projetos e para a peça. "O teatro requer muito empenho, muita dedicação, dentro e fora do palco. Estamos pensando sobre rumos. Um panorama visto da ponte, com certeza, vai ficar na nossa galeria das grandes peças. Espero que do público também!", completa.