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Cultura

- Publicada em 24 de Janeiro de 2019 às 01:00

'Green Book - O guia' estreia nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros

Destaque no Festival de Toronto e no Globo de Ouro, longa concorre a cinco categorias do Oscar

Destaque no Festival de Toronto e no Globo de Ouro, longa concorre a cinco categorias do Oscar


DIAMOND FILMS /DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
Green Book - O guia já era o grande vencedor do Festival de Toronto e também do Globo de Ouro, mas, no último fim de semana, ganhou de vez o status de favorito ao Oscar de melhor filme - na cerimônia, que acontece no dia 24 de fevereiro, ele concorre em cinco categorias. O trabalho recebeu o principal destaque do Prêmio do Sindicato dos Produtores da América, cujos vitoriosos dos últimos 10 anos coincidiram por oito vezes com aqueles que levantaram a mais cobiçada estatueta da Academia.
Green Book - O guia já era o grande vencedor do Festival de Toronto e também do Globo de Ouro, mas, no último fim de semana, ganhou de vez o status de favorito ao Oscar de melhor filme - na cerimônia, que acontece no dia 24 de fevereiro, ele concorre em cinco categorias. O trabalho recebeu o principal destaque do Prêmio do Sindicato dos Produtores da América, cujos vitoriosos dos últimos 10 anos coincidiram por oito vezes com aqueles que levantaram a mais cobiçada estatueta da Academia.
Com estreia nesta quinta-feira no circuito comercial, o longa-metragem é inspirado em um episódio real vivido pelo pai de um dos roteiristas da trama. No início dos anos 1960, Tony "Bocudo" (papel de Viggo Mortensen, de Capitão Fantástico) é apresentado como um segurança ítalo-americano eficiente na tarefa de resolver os problemas no clube em que trabalha. Quando o local fecha para reformas, ele recebe uma oferta de emprego temporário: dirigir para um pianista negro (Mahershala Ali, de Moonlight) durante uma turnê pelo Sul dos Estados Unidos, ambiente marcado pela segregação racial. A partir de então, o personagem revê seus próprios preconceitos enquanto segue o tal guia referido no título do longa-metragem - um livro que aponta estabelecimentos nos quais negros são atendidos na região.
O que poderia ser um drama pesadíssimo ganha uma dose de atenuantes através das mãos do diretor Peter Farrelly. Apesar do tema espinhoso, o cineasta não nega as origens. Com um currículo que inclui Debi & Lóide, Quem vai ficar com Mary? e O amor é cego, entre outras comédias escrachadas, o norte-americano faz de tudo para extrair graça da história - incluindo inúmeras piadas com os hábitos alimentares e a ignorância de Tony. Como resultado, ao final da narrativa, o público pode ter a sensação de que viu uma história mais leve do que realmente assistiu. 
Mesmo tendo como trunfos uma história curiosa e a atuação de gala de Mahershala Ali no papel do pianista Dr. Don Shirley, Green Book não é uma obra sobre empoderamento negro, mas sim sobre o poder transformador da convivência com as diferenças. No caso dos dois protagonistas, está claro desde o início qual deles precisa de uma lição de vida. A química da dupla conduz o enredo, valorizando a essência - e as diferenças - dos personagens. Enquanto um tem jornada marcada pela pouca educação e comportamento grosseiro; o segundo é altamente instruído e se encontra em posição delicada: por um lado, não tem contato com a efervescente produção negra da época, por outro, sua cor é um entrave na socialização com a elite, apesar dos recitais de piano e estudos no exterior.
A julgar pelas peculiaridades apresentadas na narrativa, Don Shirley merece seu próprio filme (ou uma versão que dê mais destaque para a sua perspectiva a respeito da turnê). Cabe lembrar que tanto o cineasta quanto os roteiristas, Nick Vallelonga e Brian Hayes Currie, são brancos - e a edificação de Nic "Bocudo" se faz tão primordial para eles que, em certos momentos, é o ítalo-americano quem tem a palavra final e não seu empregador.
Apesar do perfil de "filme do Oscar", o longa de Peter Farrelly terá de superar não só seus concorrentes à estatueta, como também algumas ações que voltaram a repercutir. No começo do mês, um caso dos anos 1990 ressurgiu para assombrar o diretor: nos bastidores da produção de Quem vai ficar com Mary?, o cineasta mostrou o pênis à atriz Cameron Diaz. Hoje, pede desculpas e diz estar arrependido e envergonhado, contando que, na época, se achava engraçado com esse tipo de atitude.
Outro episódio capaz de atrapalhar a consagração de Green Book é uma postagem de Nick Vallelonga no Twitter, em 2015. Na época, o roteirista disse concordar com uma afirmação de Donald Trump, na qual o hoje presidente norte-americano citava que muçulmanos comemoraram a queda das torres gêmeas. O tom xenófobo tomou dimensões ainda maiores porque Mahershala Ali é muçulmano.
A lista de indicados ao prêmio da Academia foi divulgada ontem, e Green Book - O guia concorre como melhor filme, ator (Mortensen), ator coadjuvante (Ali), roteiro original e montagem.
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