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Cultura

- Publicada em 25 de Dezembro de 2018 às 22:03

Disputada por festivais literários, Conceição Evaristo lança novo livro

Escritora tem sido tão solicitada que demorou dois anos e meio para terminar seu novo livro

Escritora tem sido tão solicitada que demorou dois anos e meio para terminar seu novo livro


JOYCE FONSECA/DIVULGAÇÃO/JC
Desde que explodiu como uma das mais celebradas autoras do Brasil, Conceição Evaristo tem sido tão solicitada que demorou dois anos e meio para terminar seu novo livro, Canção para ninar menino grande (Editora Unipalmares, 128 págs.). Vencedora do Prêmio Jabuti em 2015 com a reunião de contos Olhos d'água, a autora mineira virou a atração mais desejada de nove entre 10 festivais literários do País, deu palestras pelo mundo e teve sua candidatura lançada à Academia Brasileira de Letras (ABL).
Desde que explodiu como uma das mais celebradas autoras do Brasil, Conceição Evaristo tem sido tão solicitada que demorou dois anos e meio para terminar seu novo livro, Canção para ninar menino grande (Editora Unipalmares, 128 págs.). Vencedora do Prêmio Jabuti em 2015 com a reunião de contos Olhos d'água, a autora mineira virou a atração mais desejada de nove entre 10 festivais literários do País, deu palestras pelo mundo e teve sua candidatura lançada à Academia Brasileira de Letras (ABL).
"Quando eu me entusiasmo com o trabalho, ponho o cansaço de lado. É tanta disposição que as pessoas até invertem a minha idade. Pensam que eu tenho 17 anos, e não 71", brinca a escritora.
Conceição diz estar curiosa para saber como o público irá receber seu novo livro. Isso porque o romance - quinta obra de ficção da autora - pode soar um pouco diferente aos leitores habituados à escrita dela. Conhecida por colocar suas experiências pessoais e subjetividades de mulher negra nas histórias, a autora parece concentrar-se, agora, num personagem masculino.
Fio Jasmim é um ferroviário negro que coleciona mulheres por onde passa. Machista, é do tipo que escolhe uma mulher para casar e trata as outras como "brincadeiras".
Há, porém, um pequeno twist. A figura de Jasmim se desenha pela lembrança de suas amadas. E se a princípio pode parecer que a masculinidade está no centro da história, logo se vê que é o contrário. O que faz Jasmim existir como personagem é justamente o olhar que essas mulheres têm sobre ele. Suas capacidades de vocalizar as marcas deixadas pelo Don Juan irresponsável.
"O homem acaba ficando no centro da cena, mas só porque está sendo falado pelas mulheres", relata Conceição. "Esse homem é, na verdade, extremamente só. Ele se vê despido no centro da cena e logo percebe-se que são as mulheres que estão no comando, que definem o espaço que o homem tem na vida delas. As mulheres mostram-se mais fortes do que ele", comenta a autora.
A interseção entre racismo e machismo é outro ponto importante de Canção para ninar menino grande. "A única hora em que homem negro está par a par com o homem branco é a hora em que ele exerce o seu machismo", cita Conceição Evaristo.
Apesar disso, "na nossa luta feminista, o primeiro inimigo não é o homem negro. O primeiro alvo do nosso combate é um estado patriarcal representado pelo homem branco. Isso não inocenta o homem negro em relação ao machismo, claro. Mas, entre um homem negro e um branco, o negro é o mais vulnerável", explica.
Agora que o livro está terminado, Conceição garante que vai reduzir as atividades paralelas. Quer ter mais tempo disponível para escrever - entre os projetos estão um livro infantil e outro romance.
Disputar uma nova vaga na ABL não está nos planos imediatos. Ela não se candidatou à cadeira de número 11, deixada pelo jurista, sociólogo e cientista político Helio Jaguaribe, morto em setembro deste ano.
Um mês antes, a escritora tentou a cadeira 7, que foi de Nelson Pereira dos Santos, morto em abril. Mas o vencedor foi o cineasta Cacá Diegues. Fora da casa de Machado de Assis, porém, Conceição gerou grande mobilização, com direito a uma petição reunindo 20 mil assinaturas.
"Minha candidatura foi totalmente diferente. Ela questionou a própria Academia. Talvez tenha sido incômodo para alguns, mas, para mim, foi muito prazeroso. E para os que apoiaram também. Foi um processo muito significativo. Acho que outros escritores negros vão se sentir mais à vontade para se candidatar", completa ela.
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