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reportagem cultural

- Publicada em 23h01min, 06/12/2018. Atualizada em 09h38min, 07/12/2018.

Nas entranhas do samba-can��o

Ao gravar a can��o Copacabana, em 1946, Dick Farney popularizou o g�nero

Ao gravar a can��o Copacabana, em 1946, Dick Farney popularizou o g�nero


ARQUIVO P�BLICO DO ESTADO DE S�O PAULO/DIVULGA��O/JC
Zuza Homem de Mello observa que o samba-canção deve ser entendido, sobretudo, como um gênero. Trata-se, ele explica, de uma forma musical de características próprias - sejam elas rítmicas, harmônicas, melódicas ou poéticas. "O samba-canção tem essas quatro (características). Sua característica rítmica é a de ter a mesma 'clave' do samba tradicional, só que de forma muito mais lenta".
Zuza Homem de Mello observa que o samba-canção deve ser entendido, sobretudo, como um gênero. Trata-se, ele explica, de uma forma musical de características próprias - sejam elas rítmicas, harmônicas, melódicas ou poéticas. "O samba-canção tem essas quatro (características). Sua característica rítmica é a de ter a mesma 'clave' do samba tradicional, só que de forma muito mais lenta".
Em outras palavras, o historiador esclarece, é um samba lento, que trata de uma relação amorosa e que, sendo lento, possibilita maior expressividade do cantor em relação à letra. "No samba tradicional, porém, não dá tempo, pois o ritmo é muito 'corrido'".
No livro Copacabana, o escritor também dá especial atenção à canção Linda flor, de 1929, samba-canção composto por Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto e que é considerada o marco inaugural do samba-canção. A música foi registrada nas vozes de Vicente Celestino e Francisco Alves, porém só viria a se tornar grande sucesso popular em sua terceira versão, na voz da diva do teatro de revista Araci Cortes. A versão gravada por Araci, segundo Zuza, contribuiu, de forma definitiva, para a fixação popular do samba-canção. Também é com Linda flor que a palavra "samba-canção" aparece numa partitura musical pela primeira vez.
Mas a grande expansão do gênero, de forma massiva, apoiado pelas emissões radiofônicas e pela fonografia, se daria apenas em 1946, quando a música Copacabana é gravada pelo modernista carioca Dick Farney. Então, divide Zuza, há um hiato de tempo entre 1929 e 1946 para que o gênero se tornasse, de fato, popular. Isso, porém, não significa que não existissem sambas-canções sendo feitos e gravados. Existiram, e vários, principalmente os compostos por Ary Barroso e Noel Rosa.
Zuza esclarece, ainda, que um dos grandes responsáveis pela definição estética do que viria a ser o samba-canção foi o arranjador porto-alegrense Radamés Gnatalli - na visão do historiador, por sinal, o músico que melhor entendeu a linguagem do samba-canção. "Quando Dick foi gravar, Radamés teve a ideia de fazer orquestra com cordas e, assim, deu aquele sabor de samba lento (Copacabana princesinha do mar/Pelas manhãs tu és a vida a cantar, cantarola ele) que tipifica aquela canção. É completamente diferente de um samba (cantarola Copacabana em ritmo de samba, mais rápido durante a entrevista) - não dá tempo de a letra ser saboreada. Claro, se você pegar um samba-canção e cantá-lo como um samba tradicional você não achará graça nenhuma", afirma Zuza. O fato de possuir um andamento lento permite que a melodia aflore e a interpretação aproveite a letra de maneira que o ouvinte "entenda" o drama que se passa nas relações amorosas. "Ou melhor, no fim das relações amorosas, que é o tema dominante no samba-canção. Aliás, o samba-canção não é a exaltação da relação amorosa. Não se está numa relação amorosa que deu certo - no samba-canção, essa relação está acabada", sentencia.
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