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TEATRO

- Publicada em 03 de Dezembro de 2018 às 01:00

Ói Nóis Aqui Traveiz estréia espetáculo Meierhold

Novo espetáculo do Ói Nóis Aqui Traveiz segue em cartaz

Novo espetáculo do Ói Nóis Aqui Traveiz segue em cartaz


PEDRO ISAIAS LUCAS/DIVULGAÇÃO/JC
Um deles foi um encenador russo que revolucionou os princípios do conceito moderno de montagem; outro, um dramaturgo argentino considerado um dos principais expoentes do teatro latino-americano. Vsevolod Emilevich Meierhold (1874-1949) e Eduardo Pavlovsky (1933-2015) são homenageados pelo grupo Ói Nóis Aqui Traveiz em seu novo espetáculo. Meierhold é uma livre adaptação da peça Variaciones Meyerhold, escrita pelo ícone argentino e uma das ações referentes aos 40 anos do grupo gaúcho - a celebração inclui outras ações nesta semana.
Um deles foi um encenador russo que revolucionou os princípios do conceito moderno de montagem; outro, um dramaturgo argentino considerado um dos principais expoentes do teatro latino-americano. Vsevolod Emilevich Meierhold (1874-1949) e Eduardo Pavlovsky (1933-2015) são homenageados pelo grupo Ói Nóis Aqui Traveiz em seu novo espetáculo. Meierhold é uma livre adaptação da peça Variaciones Meyerhold, escrita pelo ícone argentino e uma das ações referentes aos 40 anos do grupo gaúcho - a celebração inclui outras ações nesta semana.
A montagem estreou na quinta-feira passada e pode ser conferida até 22 de dezembro. A temporada acontece de sexta-feira a domingo, sempre às 20h, na Terreira da Tribo (Santos Dumont, 1.186). Há venda de ingressos antecipados no próprio local e também no Meme Santo de Casa (Lopo Gonçalves, 176), no StudioClio (José do Patrocínio, 698) ou pelo site Sympla. O valor das entradas é de R$ 40,00.
O papel-título fica a cargo de Paulo Flores, um dos fundadores da companhia. A ação do espetáculo é estruturada em fragmentos, alterando passagens compostas por pensamentos em voz alta e diálogos imaginários com uma série de interlocutores - incluindo a amada do encenador, a atriz Zinaida Reich (Keter Velho, única atuadora, além de Flores, que participa do elenco).
O recorte contempla algumas das ideias presentes no discurso artístico do pensador russo, os relacionando com questões dramáticas de sua trajetória pessoal. Ao longo de sua vida, ele foi preso e torturado - faleceu aos 66 anos, assassinado na prisão. No espetáculo em cartaz, o protagonista é um homem já com idade avançada, confinado e exposto à tortura física "por um problema estético. Nessas condições, assiste ao tempo desorientar-se dentro e fora de sua cabeça, reclamando até que exercícios de sensibilização do corpo são questionados pelos guardiões do regime".
Para apresentar este personagem, a Ói Nóis faz uso de diferentes linguagens, incluindo elementos pesquisados por Meierhold: o teatro popular de feira, o grotesco e a teoria da biomecânica, um método de preparação de atores. Também constam na montagem recursos audiovisuais, trecho de poesias surrealistas e uma cenografia construtivista que faz menção justamente ao trabalho conduzido pelo homenageado. A referência é um dispositivo cênico criado por Liubóv Popóva para a peça O corno magnífico, dirigida pelo russo.
A carreira do encenador também dialoga com a de Constantin Stanislavski, cerca de 10 anos mais velho e reconhecido por seus estudos sobre interpretação. À época de sua formação como ator, Meierhold fez parte do Teatro de Arte de Moscou (TAM), de Stanislavski; mais tarde, foi também convidado pelo colega para dirigir o Estúdio do Teatro de Arte. A parceria gerou desentendimentos artísticos entre ambos: os dois têm visões consideradas opostas. Enquanto o mais experiente tinha uma preocupação com o conteúdo interno; o mais novo dedicou-se à teatralidade. Apesar das diferenças, um respeitava ao outro. Em 1935, Stanislavski elogiou o colega: "O único encenador que conheço é Meierhold", disse.
Com uma hora e meia de duração, a apresentação tem encenação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, música original de Johann Alex de Souza e produção audiovisual de Eugenio Barboza, entre outros participantes.
O grupo completou quatro décadas de atividade em 2018 e também promove, de terça-feira a sábado, das 15h às 19h, a exposição 40 anos de utopia, paixão e resistência. A mostra reúne fotografias, cartazes, figurinos e adereços que remetem à história da Tribo.

A trajetória de 40 Anos de utopia, paixão e resistência

Outras ações
  • 03/12 (hoje): Performance Onde ação nº 2 na Esquina Democrática, às 12h
  • 04 e 09/12: Desmontagem Evocando os mortos - Poéticas da experiência, na Sala Álvaro Moreyra, às 20h
  • 12/12: Lançamento da revista Cavalo Louco e ensaio musical Violeta Parra - Uma atuadora, na Sala Álvaro Moreyra, às 20h