Parte da obra de Luiz Coronel segue sendo adaptada para outros formatos além dos livros. Com os 80 anos do autor completados em julho, a comemoração segue com a montagem Causos do Coronel – A Comédia Gaúcha, no Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose) neste domingo, às 20h, com ingressos entre R$ 40,00 (galerias) e R$ 80,00 (camarote e plateia baixa). Também está na agenda o show gratuito Leontina das Dores, dia 31 de outubro, no mesmo teatro.
Causos do Coronel tem direção de Cláudio Levitan, com o elenco composto por Elton Saldanha, Fernanda Carvalho Leite e Oscar Simch. O trio promete visitar com humor e graça a tradição oral campeira, recuperando uma antiga e gloriosa tradição do Rio Grande do Sul: o causo gaúcho é ingênuo, difere da anedota, sempre com pitada de humor travesso, irreverente, opositor. Luiz Coronel compara a importância do causo ao Estado com a relevância que a crônica tem para o Brasil. “Não tem estigmas, repulsa, preconceitos”, conta o escritor.
Considerado pequeno em tamanho, sem grande extensão ou prolongamento, os causos fazem parte do interior gaúcho, que tem histórias desde as mais simples até as mais peculiares. “O elemento básico é a surpresa. Elas vêm do indígena, acompanha as longas conversas de galpão, onde à espera da carne assando nas brasas, enquanto sorve-se o chimarrão ou se amassa o fumo em ramo, na palma das mãos, conta-se, unindo realidade e fantasia, os nossos graciosos causos”, descreve Coronel, acrescentando que esta é uma “forma graciosa de ver o mundo, a vida, os homens e mulheres do pampa”.
O espetáculo é uma convergência de obras de Coronel, sendo o roteiro uma reunião de textos de livros do ciclo Comédia Gaúcha que inclui O cavalo verde, O cachorro azul, O gato escarlate e Filé de borboleta, de onde foram extraídos 15 causos para o espetáculo. Ao mesmo tempo, a linguagem teatral recebe canções como Debandada, Cordas de espinhos e Gaudêncio Sete Luas, num ambiente tradicionalmente gauchesco, o bolicho. “É um retrato da alma gaúcha”, afirma.
Na criação da montagem, Coronel afirma que não escolheu elenco nem diretor, apenas fez algumas sugestões iniciais. “Deve-se dar liberdade, independência teatral às pessoas. Cheguei a receber convite para atuar, mas prefiro manter distanciamento”, relata. Na estreia, a montagem contará com audiodescrição. Para reserva do equipamento, é necessário confirmar presença pelo número (51) 98118-9814 com Márcia.
Com sessões confirmadas para Novo Hamburgo (28 de outubro), Gramado (3 de novembro) e Camaquã (17 de novembro), a expectativa é que a apresentação possibilite o início de uma série. Caso isso aconteça, poderá haver mudanças na peça, considerando que são apenas 15 causos apresentados - a obra de Coronel com o tema passa de 200 textos.
Na outra semana, será a vez de Leontina. “Junto com Bibiana e Ana Terra, Leontina das Dores é um louvor à mulher gaúcha”. A afirmação não é de Coronel, e sim de Barbosa Lessa. Os 10 cantos na voz de Fafá de Belém serão apresentados gratuitamente no Teatro do Bourbon Country dia 31 e contarão com o Ballet Vera Bublitz e participação de Renato Borghetti. O musical percorre a trajetória da mulher que se vê limitada no mundo em que vive, buscando a libertação.
“Espero que a Fafá pense em levar para outros lugares do Brasil, talvez até Portugal”, avisa Coronel. O comentário condiz com o pensamento do escritor, que acredita que a cultura gaúcha é marginalizada se pensarmos no Brasil. “Observam nosso Estado como um lugar para se comer churrasco, mas é muito mais do que isso. Mário de Andrade afirmou que nenhuma cultura tem a unidade espiritual como a do Rio Grande”. Ele completa ao destacar que o fútil e alegórico é predominante na cultura nacional.