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Cinema

- Publicada em 03 de Setembro de 2018 às 01:00

Documentários crescem na cinematografia brasileira

Expedição à Amazônia descobriu 50 novas espécies de animais

Expedição à Amazônia descobriu 50 novas espécies de animais


Marcos Amend/divulgacao/ jc
O documentário é um dos gêneros mais presentes na produção audiovisual brasileira, e os números não mentem: desde 2010, chegaram ao mercado cinematográfico 700 documentários - 60 deles apenas no ano passado. Também é o gênero mais "exportado" mundo afora.
O documentário é um dos gêneros mais presentes na produção audiovisual brasileira, e os números não mentem: desde 2010, chegaram ao mercado cinematográfico 700 documentários - 60 deles apenas no ano passado. Também é o gênero mais "exportado" mundo afora.
Caracterizado, muitas vezes, como um registro histórico ou investigativo de fatos ou personagens, o documentário tem atraído cada vez mais o interesse de produtoras nacionais. Uma delas é a Grifa Filmes, que nasceu focada no desenvolvimento de documentários.
Com 22 anos de mercado, a produtora já conquistou duas indicações ao Emmy Awards e participou de 74 festivais nacionais e internacionais. Um de seus trabalhos faz parte do acervo do MoMa, em Nova Iorque. Atualmente, a Grifa tem 15 filmes em coprodução internacional em desenvolvimento. A companhia, por sinal, tem como característica a atuação em parcerias com players do exterior - um deles é a Gebrueder Beetz, produtora alemã destaque em filmes não ficcionais na Europa.
Dessa parceria chegará ao mercado, nos próximos meses, Novas espécies, documentário que retrata uma expedição à Amazônia responsável por identificar mais de 50 novas espécies de animais. O filme tem direção de Maurício Dias e deve estrear nos cinemas nacionais para, depois, ser exibido pela Globonews.
Novas espécies mostra um grupo de experientes cientistas e pesquisadores durante uma viagem realizada em janeiro de 2016 por uma região ainda inexplorada da Floresta Amazônica, em Roraima, conhecida como Serra da Mocidade. Para acessar o local, situado a quase 2 mil metros de altitude, foi necessário o auxílio de helicópteros.
A expedição levou 60 cientistas para o local, que ficaram 24 dias acampados na mata. Da produtora brasileira foram 10 profissionais. O trabalho teve apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Comando Militar da Amazônia e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O esforço reúne a produtora brasileira e a alemã para registrar os fatos. "Uma coprodução facilita, ainda, a entrada do documentário no mercado internacional", conta Fernando Dias, sócio-diretor da Grifa Filmes. Dias lembra que, enquanto um filme de ficção pode ser gravado em qualquer lugar do mundo, o documentário tem a característica da localização: dependendo dos fatos, só pode ser gravado em determinada cidade ou região.
É o caso de Marginal, documentário de 2016 realizado pela Trator Filmes em parceria com a Globonews e que mostra várias histórias que compõem o universo único entre o asfalto e os rios, caminhando da famosa Marginal Tiête até a Marginal Pinheiros, vias expressas emblemáticas da capital paulista. "Você tem ali o rio poluído, a favela, mas também o luxo. É um caleidoscópio de histórias", conta Victor Lemos, produtor executivo da Trator Filmes. 

Documentário adquire um caráter investigativo

Além de retratar a realidade, muitas vezes, o documentário adquire um caráter investigativo. De fato, durante o desenvolvimento do filme, não é incomum descobrir uma história que mostra ser tão pavorosa quanto as que registram os livros de história.
É o caso de Menino 23, documentário da Giros Filmes de 2016. O filme acompanha uma investigação do historiador Sidney Aguilar e a descoberta de um fato assustador: durante os anos 1930, 50 meninos negros e mulatos foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para uma fazenda paulista.
A história veio à tona após a descoberta de tijolos com o desenho da suástica nazista encontrados na propriedade rural. No local, os meninos passaram a ser identificados por números e foram submetidos ao trabalho escravo por uma família que fazia parte da elite política e econômica do Brasil.
O número 23 se refere ao que se pensava ser o único sobrevivente, Aloísio Silva, então com 83 anos e identificado como "Menino 23". Ele foi localizado pela equipe de produção e entrevistado, e deu informações sobre um outro garoto do qual se lembrava. Após muita investigação, chegou-se a outro sobrevivente, Argemiro Santos.
"Ao longo do filme, percebemos que o nazismo era só a ponta do iceberg de uma história cruel de preconceito racial ocorrida na década de 1930. O assustador também é perceber que esse preconceito ainda existe", explica Bianca Lenti, diretora de criação da Giros.