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Cultura

- Publicada em 30 de Agosto de 2018 às 01:00

Sucesso em Gramado, longa As Herdeiras estreia nos cinemas brasileiros

Com Ana Ivanova e Ana Brun, As herdeiras teve grande destaque 
em Gramado

Com Ana Ivanova e Ana Brun, As herdeiras teve grande destaque em Gramado


/IMOVISION/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
Com estreia hoje nos cinemas do País, o drama As herdeiras é uma coprodução entre Alemanha, Brasil, França, Noruega, Uruguai e Paraguai. Na história, Chela (Ana Brun) e Chiquita (Margarita Irún), herdeiras de famílias abastadas do Paraguai, vivem confortavelmente há 30 anos. Ao chegar na terceira idade, percebem que o dinheiro não é mais suficiente e começam a vender seus pertences. Quando Chiquita acaba presa por dívidas jamais acertadas, a até então submissa e reclusa Chela precisa se virar e começa por acaso a prestar serviço para um grupo de senhoras ricas como motorista - na trama, a comparação é feita com táxis, mas poderia ser facilmente interpretada como a onda atual de aplicativos de transporte.
Com estreia hoje nos cinemas do País, o drama As herdeiras é uma coprodução entre Alemanha, Brasil, França, Noruega, Uruguai e Paraguai. Na história, Chela (Ana Brun) e Chiquita (Margarita Irún), herdeiras de famílias abastadas do Paraguai, vivem confortavelmente há 30 anos. Ao chegar na terceira idade, percebem que o dinheiro não é mais suficiente e começam a vender seus pertences. Quando Chiquita acaba presa por dívidas jamais acertadas, a até então submissa e reclusa Chela precisa se virar e começa por acaso a prestar serviço para um grupo de senhoras ricas como motorista - na trama, a comparação é feita com táxis, mas poderia ser facilmente interpretada como a onda atual de aplicativos de transporte.
Enquanto Chela se acostuma com a nova realidade, ela conhece a exuberante jovem Angy (Ana Ivanova), durante o trabalho. Nesta jornada de transformação pessoal, os interesses, prioridades e atitudes da taxista amadora são afetados.
Com este bem-sucedido título, o diretor paraguaio Marcelo Martinessi, de 45 anos, faz sua estreia em longas de ficção. A obra foi um dos grandes destaques no Festival de Gramado, vencendo seis prêmios das oito categorias que concorriam os filmes estrangeiros, incluindo melhor filme (pelo júri, pelo público e pela crítica), Kikitos de atriz para as três artistas principais do filme, melhor roteiro e melhor direção. Não é só no Brasil que o filme se destaca. Já venceu mais de 20 prêmios, incluindo Melhor Filme pela crítica - Fipresci - e os Ursos de Prata de Melhor Diretor (Prêmio Alfred Bauer) e Melhor Atriz (para Ana Brun) no Festival de Berlim.
O interessante é que é a estreia cinematográfica de Ana Brun com um personagem. Atriz autodidata, a advogada de direitos autorais participou de várias peças no Teatro Arlequín, no Paraguai. Na sétima arte, somente tinha recitado um poema no longa Guerra do Brasil - Toda a verdade sobre a Guerra do Paraguai (1987), de Sylvio Back, que tinha sido sua única experiência anterior com câmera.
As herdeiras recebeu financiamento do Torino Film Lab em 2015, prêmio aos melhores projetos cinematográficos independentes, e do World Cinema Fund. E também foi escolhido pelo projeto Résidence do Festival de Cannes, que providencia hospedagem a 12 cineastas estrangeiros realizando seus primeiros filmes. Segundo a coprodutora brasileira Julia Murat, até este filme, o Paraguai não fazia parte do programa Ibermedia. E foi uma luta conseguir que os senadores tornassem o país signatário. Uma nova realidade na nação vizinha é a criação da Lei do Cinema, que não existia na época de pré-produção deste título.
Celebradíssima no exterior, tendo sido rodada na Grande Assunção (capital e arredores), a obra aborda um casal de senhoras em dificuldades financeiras. Retrato da decadência de uma pequena burguesia no Paraguai, bem como contrapondo uma onda conservadora, a carreira internacional do filme tem sido exemplar.
Em coletiva de imprensa em Gramado, a protagonista Ana Braun se disse assustada com o sucesso do filme. "Faço uma mulher com muita tristeza, muita solidão, que vive uma relação dominada pela companheira. É um tema universal. Nós, mulheres, sempre estamos sofrendo", afirmou a atriz. A coadjuvante Ana Ivanova, atriz bastante conhecida na América Latina, concorda com a mensagem da produção: "Ela mostra o papel tão forte e também tão frágil da mulher. Vivemos essa perfeição maldita, que nos proíbe de envelhecer. Este filme foi a viagem mais linda da minha vida".
O trio de atrizes foi sensação no evento na serra gaúcha, sempre procurado para fotos e conversas. Chama a atenção o fato da produção ter papéis masculinos muito pequenos, somente para carregar um piano, vender um cachorro-quente e talvez comprar o carro das senhoras.
As três intérpretes estão muito bem desenvoltas nas personalidades que precisam levar para os seus papéis, tendo sido acertada a decisão do júri oficial de longas estrangeiros de Gramado a destinarem estatuetas a todas elas no Kikito de melhor atriz, e não apenas à protagonista, entendendo que o trabalho de elenco é em conjunto, com uma dando suporte à interpretação da outra. No entanto, a surpresa anunciada na cerimônia de premiação no sábado passado também deve ter sido inesperada na hora de acertar o excesso de bagagem na viagem de retorno para o Paraguai - o peso dos seis troféus ficou somente para Ana Ivanova e Margarita Irún, as únicas que permaneceram para o encerramento do evento cinematográfico na Serra.
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