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Cultura

- Publicada em 29 de Agosto de 2018 às 01:00

Peça sobre imigração alemã ao Sul do Brasil entra em cartaz no Goethe-Institut

Espetáculo Pátria estrangeira pretende mostrar influência de imigrantes no desenvolvimento da região

Espetáculo Pátria estrangeira pretende mostrar influência de imigrantes no desenvolvimento da região


MAÍ YANDARA/DIVULGAÇÃO/JC
Frederico Engel
"O passado é uma roupa que não nos serve mais", já dizia Belchior na canção Velha roupa colorida. A frase pode servir para muitos casos da vida, mas relembrar antigas histórias é importante para entendermos o mundo em que vivemos e de que modo ele se tornou assim.
"O passado é uma roupa que não nos serve mais", já dizia Belchior na canção Velha roupa colorida. A frase pode servir para muitos casos da vida, mas relembrar antigas histórias é importante para entendermos o mundo em que vivemos e de que modo ele se tornou assim.
O espetáculo Pátria estrangeira/Fremde Heimat, por meio da história de descendentes alemães, pretende mostrar a influência dos imigrantes no desenvolvimento do Sul do Brasil. A montagem fica em cartaz desta quinta-feira (30) até 9 de setembro, com apresentações às 20h, de quinta-feira a sábado, e às 18h de domingo, no teatro do Goethe-Institut Porto Alegre (24 de Outubro, 112). Ingressos a R$ 40,00 pela internet.
A direção de Pátria estrangeira fica a cargo de Mirah Laline, descendente de alemães e que recebeu uma bolsa de direção teatral para estudos na Alemanha, em 2015. Lá, a paraense de Belém passou a ter contato mais próximo com a temática da peça. "Trabalhei com alguns imigrantes logo que cheguei na Europa. Realizávamos um grupo de teatro destinado a esse público e também conseguimos organizar apresentações", conta Mirah. Este foi um pontapé para que a afinidade com o tema fosse ainda maior: a diretora vive a realidade de ser uma imigrante morando em Berlim.
A chance para produzir o espetáculo se deu no mesmo ano, após o crítico de teatro Jürgen Berger realizar um projeto no Goethe-Institut Porto Alegre e descobrir que há uma grande quantidade de descendentes alemães vivendo na capital gaúcha. Em parceria com a diretora do Goethe, Marina Ludemann, o crítico montou a ideia do espetáculo e convidaram Mirah para dirigi-lo. Começou então um trabalho de pesquisa e de entrevistas com descendentes de alemães.
Conforme Mirah, a temática da imigração sempre esteve presente, mas ocupa um espaço ainda maior hoje, com conflitos na Síria e no Sudão, por exemplo, alguns países que têm expulsado pessoas devido a conflitos. "Não são apenas os refugiados, mas também imigrantes do Norte da África que vão em grande quantidade para a Europa. Acho essencial confrontar estes fatos, pois alguns alemães esquecem que eles estiveram do outro lado: já foram os imigrantes e os refugiados de guerra em outro momento."
Em Pátria estrangeira, todos os atores têm ligação com a Alemanha, principalmente como descendentes: caso de Camila Falcão, Karin Salz Engel, Martina Fröhlich e Philipe Philippsen - sem esquecer ainda de Thomas Prenn, alemão de família austríaca e italiana.
Por ser estruturado como uma docuficção - gênero que se situa entre documentário e ficção -, o espetáculo realizou pesquisa autobiográfica de cada um dos atores e seus ancestrais, alguns deles vindos da Alemanha. Assim, a montagem trata dos temas históricos no aspecto macro, mas sem esquecer de abordar os problemas íntimos da vida dos imigrantes.
A música e os vídeos com resgate histórico são elementos fortes de Pátria estrangeira. "Ambas mídias trazem outras formas de se relacionar com a história, dando mais 'cor' e com elementos sensoriais. O teatro proporciona uma narrativa sensorial", destaca Mirah.
A produção musical é variada: tem uma parte autoral, criada pelos atores, e outra composta por canções conhecidas, sendo uma musicalidade bem pessoal e que auxilia na construção de uma ambientação, conforme a diretora. Outro destaque se dá para o alemão e o português: ambos idiomas são utilizados em momentos distintos da apresentação.
Após a temporada em Porto Alegre, a peça segue para a Alemanha em setembro, com apresentações em Karlsruhe nos dias 20, 23, 29 e 30, e em Ludwigshafen dia 28. Mirah ainda coloca uma última reflexão para o público: "o quão aberto estamos para receber imigrantes? Minha vida é baseada na imigração", afirma, ao contar que seu marido é sírio e o filho, alemão. "A natureza do homem é imigrar. Este é um passado que não se pode negar."
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