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reportagem cultural

- Publicada em 19 de Julho de 2018 às 22:46

Sebos sobrevivem ao tempo

Sebos como a Ladeira Livros seguem em atividade apesar do avanço tecnológico na literatura

Sebos como a Ladeira Livros seguem em atividade apesar do avanço tecnológico na literatura


CLAITON DORNELLES /JC
A última década foi de especulações no mundo do livro. O próprio objeto foi alvo de discussões acaloradas. Havia quem decretasse o fim do formato em papel em detrimento do digital. Philip Roth, escritor falecido neste ano, deu duas décadas de vida para os livros e, sempre provocador, em consequência chegou a decretar o fim iminente da cultura literária. Passados alguns anos, no entanto, o formato que molha e fica com cheiro de café mas não tem luz mostrou-se resistente, o que nos permite acreditar que pode permanecer servindo os leitores.
A última década foi de especulações no mundo do livro. O próprio objeto foi alvo de discussões acaloradas. Havia quem decretasse o fim do formato em papel em detrimento do digital. Philip Roth, escritor falecido neste ano, deu duas décadas de vida para os livros e, sempre provocador, em consequência chegou a decretar o fim iminente da cultura literária. Passados alguns anos, no entanto, o formato que molha e fica com cheiro de café mas não tem luz mostrou-se resistente, o que nos permite acreditar que pode permanecer servindo os leitores.
Enquanto compradores decidiam que o objeto estava a salvo ao menos temporariamente, a tecnologia avançava em outra frente, dessa vez ligada à forma como se adquiria o livro. Como resultado, os leitores continuam percorrendo alguns dos principais sebos de Porto Alegre seguindo a sequência que vai do Bom Fim para a rota da Riachuelo com a Jerônimo Coelho até a tradicional Rua da Ladeira, a General Câmara, onde está a maior concentração de lojas mas também aprenderam a clicar e fazer a melhor combinação de filtros de buscas para achar a obra procurada.
Na segunda semana de julho desse ano, o fechamento da loja de Novo Hamburgo da rede Só Ler assustou ainda mais um mercado assombrado pelas mudanças. Melancolicamente, fizeram uma liquidação de fim de semana para selar o encerramento, com itens pela metade do preço nas três lojas de Porto Alegre e na de São Leopoldo, que receberam o material do sebo-defunto. A cada loja que fecha ou encolhe, uma outra se retrai em Porto Alegre.
Para os livreiros, a cada movimentação no mercado aumenta os prós ou os contras que incidem sobre a decisão de permanecer no concreto ou mudar para o mundo virtual. Nem as livrarias de redes e shoppings estão imunes a esse processo. A Fnac, que surgiu como opção para a Zona Sul, fechou as portas em maio desse ano, mantendo, no entanto, seu e-commerce. Com tradição e apreço local, com direito a frequentadores ilustres como o escritor Jeferson Tenório, a Palavraria, vendedora de novos, também não resistiu e encerrou as atividades em 2016. Há menos tempo o fechamento da Livraria Cultura de Recife assustou também os livreiros. Por que a rede, que acaba de comprar a Estante Virtual, fecharia as portas de uma loja da capital de Pernambuco?
Em meio a essa neblina especulativa, os livreiros acrescentam como mau sinal as reclamações de editoras com relação a supostos atrasos nos pagamentos devidos por uma megalivraria. Se as redes vão mal das pernas, pensam os livreiros, o que sobra para quem vende livros usados na rua? Não são poucos os casos de sebos que transferem toda sua operação para a internet, como o Sapere Aude, que era parada obrigatória na Cidade Baixa.
Restaria espaço ou seria um luxo demasiado caro manter um sebo em tempos de compra digital e bolsos esvaziados pela retração econômica? Para os que atuam no mercado há mais de uma década, o momento é de receio e estratégia para sobreviver.

Páginas de muitas mãos

Internet obrigou sebos a organizarem acervos, pondera Mauro Messina, da Ladeira Livros

Internet obrigou sebos a organizarem acervos, pondera Mauro Messina, da Ladeira Livros


CLAITON DORNELLES /JC
Comércio e afeto se misturam nos sebos. Em geral, o negócio cresce com quem gosta de livros, dada a dificuldade de entender a economia do mundo livreiro. Não basta ser comerciante para entender o preço do item livro e também não basta gostar de livros e querer vender aqueles de que se gosta. É um espaço competitivo, de mérito para quem chega primeiro a uma obra rara e de quem percebe o valor de uma raridade antes dos outros. É sinal de poder ser procurado e acumular bons contatos de bibliotecas vantajosas. É um mercado de um pouco de sorte e muito trabalho.
Entender as regras desse campo é perceber seus valores intrínsecos. O estoque é acervo e pode conter itens com mais valor do que o que está aparente nas lojas. O objetivo central desse mercado, aliás, tem valor bastante complexo. Livros com páginas amareladas e quase se despedaçando podem valer mais, muito mais do que publicações novas. É possível chegar com um livro e sair com 10. Também acontece de apresentar ao livreiro 50 exemplares e sair com cinco da loja. Nem sempre eles trocam ou o que a gente leva vale uma troca. São tantos elementos que impactam no preço do livro nos sebos que a matemática não é simples. Para vender, trocar ou comprar é necessário observar estado de conservação, gênero da escrita, autoria e tempo, fator decisivo, capaz de valorizar uma obra ou rebaixá-la irremediavelmente.
Um volume grifado se desvaloriza, mas, se o grifo é de autoria prestigiada, a história muda. Assim vai se compondo o valor de um livro usado, desde o estado até uma eventual dedicatória ilustre que possa conter. Quarto de despejo, que projetou Carolina Maria de Jesus, nesta semana podia ser encontrado na Estante Virtual por R$ 25,00. A sexta edição da obra, publicada em 1960 pela Livraria Francisco Alves, é orçada por até R$ 400,00, pois foi uma das oito lançadas naquele ano para responder ao sucesso de público da autora, feito sem precedentes no País. Mesmo que seu estado de conservação seja pior na comparação com as edições mais recentes e baratas, esse exemplar é, para colecionistas, um objeto de valor incomensurável. Cada sinal de leitura é valioso, porque traz um pouco da história do livro no Brasil e da leitura de Carolina.
O ofício do livreiro é mensurar o valor de um livro e fazer o objeto chegar a quem deseja tê-lo. Nesse sentido, a internet operou uma verdadeira revolução, levando facilidade aos compradores. Antes, era comum compradores e colecionistas andarem pelo País atrás de raridades não identificadas. Algum livro jogado em um canto podia se transformar em tesouro. Era um mercado de achados em que muitos sebos nem catálogo possuíam. Com a internet, esse cenário mudou.
"A primeira mudança foi que os sebos precisaram se organizar", pontua Mauro Messina, da Ladeira Livros, homenagem à rua mais célebre de venda de usados. Muitos catálogos se organizavam nas cabeças dos donos de sebos, e diversos compradores nunca conseguiam descobrir onde estava o livro que queriam. O avanço do comércio on-line obrigou livreiros a digitalizar os acervos, expor os catálogos, analisar a condição dos itens e comparar preços.

Estante Virtual: o fenômeno

Para leitores, ficou mais fácil encontrar livros e pechinchar. A compra se tornou um ato de alguns cliques depois da criação de portais como Estante Virtual, Livronauta e Livros Difíceis. Se algum exemplar era raro em Porto Alegre, em Recife poderia estar bem mais barato. Mesmo com o frete, as compras se tornaram mais acessíveis e perderam as limitações geográficas.
Os mediadores virtuais passaram a fazer parte da vida de leitores a partir dos anos 2000. Hoje, a ideia de reunir sebos em uma mesma plataforma soa banal, mas, na época, era impensável. O comércio digital ainda engatinhava, e o pioneirismo era visto como ousadia arriscada no mercado. Carmen Menezes, da Traça, foi uma das primeiras em Porto Alegre a investir no e-commerce, no ano de 2000. "Eles diziam: por que você vai gastar seu dinheiro com isso? Vai colocar dinheiro fora", lembra. Para criar o site, ela chegou a alterar o nome do negócio, até então Ex-Libris. "Não consegui esse domínio e decidi mudar", conta. Hoje, as vendas on-line totalizam dois terços da movimentação da Traça. Uma parte fica na Estante Virtual, mas o catálogo completo, de 200 mil itens está no site. Além dos responsáveis pela preservação e reparo, devido ao processo de digitalização, ela contratou funcionários para identificar e classificar todas as obras.
Carlos Verre, da Nova Roma, conta que, antes da Estante Virtual se tornar referência, "uns rapazes de Porto Alegre" pensaram em um negócio semelhante: uma plataforma que pudesse agregar todos os sebos, possibilitando comparar preços, fretes e estado de conservação dos livros. "Acho que ia se chamar Mundo do Livro, mas foram convencidos de que não ia dar certo." Carmen insistiu em levar seu negócio para a rede - hoje, é um dos principais sebos acessados.
A Estante Virtual começou a atuar em 2005 e unificou sebos, vendendo mais de 20 milhões de livros desde então. Se trouxe facilidades para os livreiros, o mesmo pode ser dito para os consumidores. Entre os benefícios da plataforma estão a agilidade, a simplicidade e a eficiência Em dezembro de 2014, começou a comercializar também livros novos, ainda que em menor quantidade do que os velhos, como fazem os próprios sebos em sua maioria.
No final do ano passado, a Livraria Cultura anunciou a fusão com a Estante Virtual. O negócio pegou o mercado de surpresa e sinalizou uma estratégia para concorrer com a Amazon, cuja sede está nos Estados Unidos. O principal atrativo na compra pela Livraria Cultura seria a aquisição do conhecimento de marketplace e a rede de clientes da Estante Virtual. Antes, a Livraria Cultura já havia comprado a Fnac. "A ideia por trás da fusão foi de aumentar ainda mais o fluxo de livros usados. As lojas e site da Livraria Cultura servirão de novas vitrines para os sebos que utilizam a plataforma da Estante Virtual", explica o diretor de e-commerce da Livraria Cultura, Fnac e Estante Virtual, Richard Svartman.

O antes e o depois

Carlos Alberto Verre, da Nova Roma, percebe duas fases para os sebos: antes e depois da Estante Virtual. "Antes, o livreiro colocava o preço que queria. Era no achômetro, mesmo", conta o livreiro.
A Nova Roma apresenta-se no mundo virtual como Rino Livros e está com muitas dificuldades de permanecer na rua. Verre cita como agravantes a manutenção do espaço, que é cara, e a queda no montante de compradores. Além das mudanças trazidas pelas operações na internet, que afetaram a dinâmica da loja, foi a retração econômica que mais abalou o negócio.
"Caiu o movimento logo que estourou a crise. No Estado, foi muito ruim, porque funcionário público gasta muito com livro. Agora, os da prefeitura (sofrem impacto nos vencimentos)... As pessoas que procuravam oferta de venda de bibliotecas aumentou, porque muita gente está endividada. Mas aqui no sebo também, se a gente não vende, não tem como comprar", explica.

De novatos a veteranos, um cotidiano corrido

Ivo Almansa constata mudança no perfil dos leitores

Ivo Almansa constata mudança no perfil dos leitores


MARCO QUINTANA/JC
Muito atarefada, Carmen Menezes para por alguns minutos para receber a repórter em uma sala no depósito da Traça, localizado no bairro Azenha. É neste local que os volumes são recebidos e reparados. A loja no Bom Fim, se comparada com o tamanho do acervo, parece um show-room, com poucas centenas de livros para consulta e alguns itens de encomendas que esperam para ser retirados.
Historiadora de formação, ela fala que a criação do site foi um grande passo para o negócio, que exigiu recursos para pagamento de criação de necessidades técnicas como softwares personalizados e que demorou para gerar ganhos. Um elogio feito pelo então apresentador Jô Soares no seu programa de TV foi suficiente para tirar o site do ar. Escritor e colecionista assíduo nos sebos, Jô recomendou a Traça como um ambiente confiável para compras, oferecendo uma divulgação inesperada. "No outro dia ligamos para o Jô para agradecer. Só que naquela noite ele citou a Traça novamente e com a nova procura o site caiu de novo. Virou um link nacional", relembra Carmen.
A jovem Padula Livros fez o movimento contrário ao dos sebos pré-2000 e moveu-se da rede para se instalar na rua Fernando Machado. Marina e Diego Padula, companheiros e historiadores, vendiam os livros do acervo pessoal na Estante Virtual e em feiras de rua de Porto Alegre, como a Me Gusta. Com o fluxo de pedidos aumentando, decidiram criar uma loja física. "A internet não transforma ninguém em livreiro", analisa Diego.
Aberta em outubro do ano passado, a loja física ficou meses sendo sustentada pelas vendas na internet, mas os livreiros perceberam a oportunidade de expansão com a venda presencial, e insistiram. "Tem que ter depósito grande e uma loja pequena", diz ele, que gerencia um acervo de 25 mil itens. A experiência da venda direta é considerada bastante diferente da venda on-line. "Os livros de administração saem bastante na Estante (Virtual), então resolvi colocar na prateleira da loja. Mas logo tirei porque vi que o pessoal que encomendava vinha aqui, pegava o livro e ia embora, nem dava bola para a estante. Já quem vem buscar um livro de Psicologia, por exemplo, também leva um de literatura, filosofia", compara.
Mesmo com a diferença de movimentação entre a loja virtual e a física, Carmen Menezes não vislumbra razões para encerrar as atividades da Traça no Bom Fim. "Somos uma loja de rua em um bairro boêmio e leitor. Não acho que esse comércio vai ser extinto. Mas a mídia vai mudar", projeta, ciente de que a forma como consumimos o objeto livro ainda pode sofrer alterações radicais dentro de poucos anos.
Mauro Messina, da Ladeira Livros, concorda que a tecnologia é aliada. "A vantagem de ter livraria de rua é que não cria dependência da internet, mas tem que ter constância de público", ensina o livreiro que acumula 30 anos de experiência, tendo começado como alfarrabista quando circulava no Campus do Vale da Ufrgs com poucas obras. Ele cuida da loja física e alimenta um canal direto com os clientes no Facebook, pelo próprio perfil, enquanto a livreira Ana Vilk trabalha para a Ladeira na Estante Virtual. "Tem muito sebo que está sobrevivendo por causa da Estante", explica o proprietário da Ladeira.
O engenheiro Ivo Almansa, da Martins Livreiro, assumiu a livraria de usados fundada em 1954 por Manoel dos Santos Martin com cerca de 4 mil obras. De 1983 para cá, o acervo chegou a 560 mil itens, divididos em dois depósitos. Almansa ainda dirige com a esposa Denise a Livraria Erico Verissimo, também de usados, e a Editora Edigal, que criaram para atender a demanda de livros raros e esgotados, especialmente sobre aspectos da História do Rio Grande do Sul. Almansa nota uma insistente queda de público nos últimos anos. "Havia clientes que vinham diariamente e outros que vinham todos os sábados. Hoje, o perfil modificou e está muito na internet", constata Almansa.
Carlos Alberto Verre acha que o cerco está se fechando para os sebos mais tradicionais e não sabe se restarão muitos, incluindo o seu já em 2019. "A livraria pequena está fadada a sumir", lamenta.

Trabalho com raros e colecionistas

Diego Padula levou o sebo virtual para a loja física

Diego Padula levou o sebo virtual para a loja física


MARCO QUINTANA/JC
Apesar das novidades no mercado, um aspecto que não muda é a forma de adquirir coleções, que continua bastante dependente das bibliotecas de outros. "Não adianta ter todo o dinheiro do mundo se os compradores não vierem até você. E a loja gera contato", avalia Diego Padula. Mauro Messina ganhou muita visibilidade quando comprou uma das bibliotecas mais disputadas do Estado, a do jornalista e professor Tatata Pimentel, falecido em 2012. Ivo Almansa se refere aos clientes como amigos e afirma que, algumas vezes, se emocionou ao avaliar bibliotecas de conhecidos. "Tive choque de ir fazer a avaliação, chegar na casa, ver a fotografia e descobrir que era um cliente nosso que havia morrido", evoca.
Carlos Verre, da Nova Roma, conta que a maior venda realizada na loja da General Câmara foi um exemplar da primeira edição de Mensagem, de 1934, autografado por Fernando Pessoa. Um colecionista levou a obra por R$ 25 mil. "Hoje não teria para quem vender", brinca. "Era um colecionador e acho que acabou o dinheiro, porque não teve mais notícia de nenhuma compra dele." Verre garante que hoje foge de obras raras porque não há quem tenha dinheiro para comprá-las.
Almansa relata que nunca conseguiu adquirir a primeira edição de A divina pastora, de Caldre Fião, publicada em 1847. A obra permaneceu esgotada até 1992, quando ganhou novas edições. Seu Ivo conta que um livreiro de Pelotas possui a primeira edição do texto desejado. O principal gênero comercializado pela Nova Roma são os livros técnicos, em especial, de Direito.
Na Martins Livreiro, a maior busca é por livros de História. É consenso entre os livreiros que é muito custoso estocar livros com baixo lucro de venda e muito populares, com sucessivas edições, como obras de Jorge Amado, os chamados clássicos de literatura nacional e internacional ou, ainda, best-sellers como obras do australiano Morris West e do americano Sidney Sheldon.

Sebos limpinhos

O movimento para a internet também originou o sebo limpinho, com lojas organizadas e modernas. A nova geração de compradores não teria mais identificação com algumas das peculiaridades involuntárias dos alfarrábios: a aparente degradação e o perfume de item velho e empoeirado. A concorrência advinda da internet afastou do negócio a imagem de antiquário e a bagunça, que impactavam na conservação das obras.
Quem passa pela Padula Livros pode até achar que ela só vende novos. A pintura de painéis realizada pela artista Denise Bystronski e que tem Clarice Lispector retratada ajudou a loja a ficar mais "clean", conforme os donos. Além dos livros, vende camisetas e canecas com as ilustrações personalizadas. "Não adianta competir com as livrarias grandes", diz Padula, que aposta na fidelização dos clientes e na diversificação de produtos.

Morte e ressurreição no caminho dos alfarrabistas

Esse era o destino do meu avô, que, nos anos 1980, vestia suas melhores roupas para ir à Rua da Ladeira atrás de Fernando Pessoa. Também costumava ser o destino da minha mãe, que, décadas depois, saía ao lado da minha dinda com o desejo de trocar os livros velhos.
O plano de minha mãe visava a qualquer Agatha Christie ou romance policial, enquanto o de minha dinda tinha como finalidade romances açucarados, que também ficavam à venda em bancas de jornal da cidade. As bancas, aliás, também mereceriam ser assunto quando falamos de desaparecimento em Porto Alegre um fantasma que ronda a cidade e esse texto.
Anos depois, era eu também que ia ao destino dos sebos aos sábados, percorrendo as ruas do Centro atrás de livros raros, várias vezes acompanhada do meu amigo e colecionista Eduardo. Atravessar o Centro e obrigatoriamente passar pela Riachuelo e a Rua da Ladeira atrás dessas obras era uma extensão do hábito de ler, mas também um jeito de ser leitor ou leitora em Porto Alegre. Por isso, quando passei a ter um pouco mais de dinheiro não deixei de buscar essas lojas, reflexo de um jeito de gostar de livros cravado em um tempo que resiste a passar.