Um clássico de 1867 remontado em 2018 com todas suas nuances e dilemas é o que propõe a peça O rei do mundo - uma comédia sobrenatural, com texto e direção de Roberto Alvim. O espetáculo é uma livre adaptação de Peer Gynt, de autoria do dinamarquês Henrik Ibsen. As sessões ocorrem no Theatro São Pedro: sexta-feira e no sábado, às 21h, e no domingo, às 18h. Ingressos entre R$ 30,00 e R$ 80,00.
A peça é protagonizada por Eduardo Sterblitch e tem, ainda, no elenco, Diego Becker, Louise D`Tuani, Claudinei Brandão e Thiago Brianti. A trama é uma comédia sobrenatural que conta a história de Pedro Peregrino, de sua infância até a velhice. O personagem encarna com perfeição a busca desmedida pelo poder, a qualquer custo - mente, usa artimanhas, trapaceia, enfim, não economiza quando o assunto é se dar bem.
A narrativa segue Pedro Peregrino por diversas paisagens e encontros com personagens mágicos, que o ajudam a descobrir seu estranho destino, e revela uma visão egoísta do mundo que, por consequência, resulta em solidão.
Com tons de acidez e dramaticidade, a montagem faz um retrato do Brasil contemporâneo. A ideia é que a plateia se veja, se identifique e encontre novas maneiras de viver e de encarar o lado obscuro do Brasil com toda a corrupção e violência. Motivos não faltam: Pedro Peregrino é mentiroso, irresponsável, egoísta e sem escrúpulos - o personagem deseja se tornar rico e poderoso, além de estar disposto a passar por cima de tudo e todos para alcançar sua meta: ser o Rei do Mundo.
Sterblitch avisa que o retorno do público tem sido surpreendente. "Tem gente que até gosta do lado do obscuro do Pedro, e aí discutimos este 'porque' entre elenco e direção: será que está pessoa não entendeu? Será que está pessoa está passando algo tão apertado que prefere seguir o caminho que não é tão legal?", conta.
O ator explica que Pedro Peregrino é um reflexo do ser humano, com seus altos e baixos. "Ele escala a montanha mais alta para alcançar o sucesso, faz tudo errado para chegar lá. Quantos nós conhecemos que fazem a mesma coisa?", indaga Sterblitch. "Acho que todos passam pela tentação de querer ser rei do mundo, nossa sorte é que temos discernimento para sacar que pode ser uma escolha errada. Ele vira o mestre dos canalhas, e isso não é bom", relata.
Sterblitch concorda que O rei do mundo pode ser encarado como uma comédia com certa carga dramática. "Pedro Peregrino pensa assim: Sou um rei que sonhou que era um louco, ou um louco que sonhou que era rei", ilustra. Ainda conforme o ator, "com o humor podemos tocar em feridas que, em outros casos, seriam mais complicadas de abordar".
O protagonista é ator, diretor e roteirista. Seu envolvimento com o teatro ocorreu desde a infância. Ganhou projeção nacional participando do programa Pânico. Fez sucesso no teatro com espetáculos como Minhas sinceras desculpas, A velha e Melhor show do mundo. No cinema, estrelou a comédia Os penetras e Rio, eu te amo.
O texto é de autoria de Roberto Alvim, reconhecido diretor. Em 27 anos de carreira, são mais de 100 espetáculos. É considerado um dos principais encenadores na cena teatral paulista contemporânea. Está à frente do Club Noir desde 2006, ao lado da atriz Juliana Galdino. "Então são duas responsabilidades: atuar em um texto do Roberto Alvim inspirado em Ibsen", completa Sterblitch.