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Visão de Mercado

- Publicada em 20 de Outubro de 2021 às 21:25

Saber pausar é estratégico

João Satt
Recentemente assisti a uma declaração de Leo Jaime, que dizia o seguinte: "Não havendo silêncio, nem ócio, não aparece o verso. A nota mais bonita de todas é a pausa". Lembrei de uma conversa que tive poucos dias atrás com um amigo a respeito da importância do silêncio.

Recentemente assisti a uma declaração de Leo Jaime, que dizia o seguinte: "Não havendo silêncio, nem ócio, não aparece o verso. A nota mais bonita de todas é a pausa". Lembrei de uma conversa que tive poucos dias atrás com um amigo a respeito da importância do silêncio.

Não me contive e enviei a ele a reflexão do Leo. Olha o que veio de volta: "No sashimi, o nabo cortado representa a pausa de cada sabor e textura do peixe...". Detalhe: meu amigo é um brilhante designer japonês. Adorei a metáfora, pontual. Podemos enxergar a vida como um nabo, ou o nabo como um momento nababesco de pausa e reflexão. Poder parar e respirar entre um corte e outro nos tira do automático. Isso por si já tem uma importância enorme. As projeções econômicas para 2022 apontam um crescimento medíocre de 0,4% no PIB. Existem mais perguntas do que nossa capacidade de responder.

Estamos dentro do que chamam de estado acelerado de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Luta e fuga caracterizam muito bem um dos tantos movimentos que os seres humanos praticam quando acuados, por isso, dar uma pausa na vida, nem que seja por apenas um breve momento, é fator de resgate de energia, fortalecimento. O silêncio traz o conforto do abraço, nos possibilita sentir quando o corpo grita. Refletir estrategicamente sobre tudo o que nos cerca é, talvez, uma das melhores coisas que você pode fazer neste momento.

As empresas que estão indo bem são exigidas a performar melhor: isso se chama tensão. Já as que não estão cumprindo, são cobradas diariamente para acertar o passo: isso se chama angústia.

Quando se pausa, o barulho externo diminui e entramos em contato com a nossa própria essência. O intervalo nos permite escolher a próxima nota, isso vale para a música que criamos para a nossa própria vida. Poucas pessoas têm coragem de aceitar suas vulnerabilidades. Talvez, por isso, esse amigo japonês tenha me impactado tanto quando falou: "estou sobrevivendo a uma crise de significado de vida".

Tudo o que está no "modo contínuo" deve ser pausado; ver que muito mudou é diferente de enxergar o quanto isso afeta sua vida e seus negócios. Você sabe que temos vários exemplos de modelos em exaustão nos mais diferentes setores. O excesso de informações nos remete a uma crise de confiança, afinal, qual é a verdade? São muitas incertezas, o ritmo de entrantes e produtos substitutos é gigante. Com a disparada dos preços e a falta de perspectivas, tem início um processo de poupança forçada, e não de consumo inconsciente. Novamente os três grandes pontos: como construir relevância (novos entregáveis); como contar essas estórias para as pessoas (abordagem/narrativa); como conectar com uma verdade da vida das pessoas (essa ponte é fundamental).

O caminho para resgatar significado para as marcas só tem um destino - entrar na vida das pessoas. Inovar passa por errar muito até acertar, não se consegue acelerar com o pé no freio. As respostas não estão apenas nos livros, tampouco as pessoas vivem apenas dentro das telas. A internet não é a solução de todos os problemas, tudo começa por compreender as dores e necessidades das pessoas.

As experiências que marcaram sua vida, com certeza, foram idealizadas por quem queria fazer você sentir bem-estar. Só a pausa nos permite construir algo maior às pessoas que queremos encantar.

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