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Teatro

- Publicada em 23 de Abril de 2021 às 03:00

Um prêmio voltado para o futuro

Antonio Hohlfeldt
No último dia 15, a nova edição do Marcas de Quem Decide, iniciativa já histórica do Jornal do Comércio, e que é auferida anualmente pela Qualidata, fez o anúncio oficial de seus resultados de 2021, ao mesmo temo em que ocorreu a entrega, tudo em cerimônia virtual, por causa da pandemia, dos vencedores. O Jornal do Comércio, por seu lado, na próxima segunda-feira (26), trará encartado em sua edição todo o material desta promoção, com as marcas que subiram ou baixaram na preferência dos gaúchos. Uma das categorias auferidas é a de "teatros" e o Theatro São Pedro tem ocupado, desde a criação desta promoção, indefectivelmente, a primeira colocação.
No último dia 15, a nova edição do Marcas de Quem Decide, iniciativa já histórica do Jornal do Comércio, e que é auferida anualmente pela Qualidata, fez o anúncio oficial de seus resultados de 2021, ao mesmo temo em que ocorreu a entrega, tudo em cerimônia virtual, por causa da pandemia, dos vencedores. O Jornal do Comércio, por seu lado, na próxima segunda-feira (26), trará encartado em sua edição todo o material desta promoção, com as marcas que subiram ou baixaram na preferência dos gaúchos. Uma das categorias auferidas é a de "teatros" e o Theatro São Pedro tem ocupado, desde a criação desta promoção, indefectivelmente, a primeira colocação.
O desafio da atual equipe, nos últimos anos, após o falecimento de Eva Sopher, foi, não apenas manter a posição mas, se possível, melhorar os percentuais alcançados. Nos anos de 2019 e 2020 isso foi concretizado. Neste ano, contudo, o TSP baixou seu percentual enquanto "marcada lembrada", alcançando 56,5%, mas manteve o mesmo percentual de 55,7% enquanto "marca preferida". Por uma simples questão de racionalidade, não se pode ficar surpreso com o fato de o Theatro São Pedro ter alcançado sempre o melhor resultado nesta avaliação. O teatro é, de fato, um símbolo do estado e uma marca de Porto Alegre. Mais que isso, nos últimos 40 anos a instituição identificou-se completamente com a figura de sua administradora, Eva Sopher que é, resguardadas as proporções, também uma instituição.
Mas não deixa de ser significativo que, num contexto de baixa estima e de desvalorização das instituições estatais, este teatro mantenha sua imagem e sua preferência. Evidentemente isso não tem a ver só com o presente, mas com sua história. Já escrevi aqui, há duas semanas, a respeito disso. Insisto na ideia da resiliência que marca o Theatro São Pedro: sua permanência, ativa, autônoma, dinâmica, ao longo de 163 anos é, por si só, uma vitória e uma afirmação. Mais que isso, a programação constante que o teatro tem proposto ao público sul-rio-grandense, a maneira pela qual Eva Sopher e sua equipe sempre receberam os artistas que aqui chegaram e a constante preocupação em garantir a manutenção da casa ao longo das últimas décadas - e então me refiro especialmente ao período após sua reinauguração, que se seguiu ao período de reconstrução, evidenciam uma diferença na maneira pela qual sempre se tratou o Theatro São Pedro: enquanto boa parte de outros teatros, como os de Manaus, Fortaleza ou os municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo, recuperados na mesma época do nosso Theatro São Pedro, sofreram, ao longo destas quatro décadas uma série de novas intervenções, a empreendedora visão de Eva Sopher não apenas soube manter a original arquitetura colonial, dotando-a das qualificações da então tecnologia de ponta, quanto combinou sabiamente sua programação.
O resultado é que se tornou "um hábito" ir ao Theatro São Pedro. E mesmo quem nunca chegou ainda a frequentá-lo, quando chega a entrar em seus espaços termina por se emocionar e se identificar com aquele espaço, que é um templo de arte, sim, mas é também um lugar de encontro do espectador com seu artista predileto e consigo mesmo.
Um teatro com mais de 600 lugares; um café que recebe para lanches rápidos mas também abriga espetáculos de bolso; um espaço dedicado ao memorial da casa e de sua última administradora; mais recentemente, com a inauguração do Multipalco, uma sala de música dotada do maior conforto e de excelência na sua qualidade acústica; espaços dedicados ao circo, à dança e ao teatro experimental - todos estes a serem brevemente concretizados - além de um outro teatro italiano, tudo num prédio subterrâneo de sete andares, com entrada pela Riachuelo, transforma aquela instituição num espaço extraordinário e incomum, a que se somam, ainda, seus jardins, sua concha acústica (homenagem ao velho Auditório Araújo Vianna) e um restaurante de altíssima qualidade.
O fato de o teatro vir ganhando sucessivamente, ano a ano, o reconhecimento do público, deve nos satisfazer? Não, pelo contrário. Esta preferência aumenta suas responsabilidades. O teatro precisa se renovar dia a dia, ano a ano. E a Covid-19 bem evidenciou este desafio. O prêmio empurra aquela equipe para o futuro.
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