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Teatro

- Publicada em 14 de Janeiro de 2021 às 21:28

Premiação de justiça para Luiz Paulo Vasconcellos

Antonio Hohlfeldt
No final de 2020, a Fundação Theatro São Pedro, como ocorre desde 2018, quando, logo em fevereiro, Eva Sopher veio a falecer, anunciou os prêmios anuais que levam seu nome, um dos quais dirigido a alguma personalidade diretamente vinculada às artes cênicas. Naquela primeira edição do prêmio, foram agraciados os diretores Maria Helena Lopes e Luciano Alabarse, também dramaturgo. Em 2019, foram destacados Hique Gomes e, por sua liderança junto ao Porto Verão Alegre, os atores e produtores Rogério Beretta e José Vítor Castiel. Neste ano, foi a vez do diretor e ator Luiz Paulo Vasconcelos.
No final de 2020, a Fundação Theatro São Pedro, como ocorre desde 2018, quando, logo em fevereiro, Eva Sopher veio a falecer, anunciou os prêmios anuais que levam seu nome, um dos quais dirigido a alguma personalidade diretamente vinculada às artes cênicas. Naquela primeira edição do prêmio, foram agraciados os diretores Maria Helena Lopes e Luciano Alabarse, também dramaturgo. Em 2019, foram destacados Hique Gomes e, por sua liderança junto ao Porto Verão Alegre, os atores e produtores Rogério Beretta e José Vítor Castiel. Neste ano, foi a vez do diretor e ator Luiz Paulo Vasconcelos.
Carioca de origem, Luiz Paulo bacharelou-se em artes cênicas em 1969, realizando um trabalho sobre Mãe coragem, de Bertolt Brecht. Luiz Paulo foi aluno de gente importante como Bárbara Heliodora, Yan Michalski, Gianni Ratto, Gustavo Dória e Henrique Oscar. Logo depois da formatura, foi convidado a dirigir o espetáculo que inauguraria o pequenino mas simpático teatro do então CAD - Centro de Arte Dramática da Ufrgs. O público entrava pela avenida Salgado Filho. Ele resolveu montar A ópera dos três vinténs, do mesmo Brecht, atendendo a duas questões diferentes mas complementares: ele gostava da dramaturgia de Brecht e vinha de realizar um espetáculo sobre este autor; e como diretor ele necessitava utilizar o maior número possível dos alunos do CAD: ora, o musical exigia muita gente em cena e assim, independentemente do pequeníssimo palco, tivemos uma montagem divertida, criativa e com muita gente em cena. Foi um sucesso. Luiz Paulo foi convidado a ficar como professor convidado no CAD. Mas veio o AI-5 e a maior parte do corpo docente foi afastado, inclusive seu coordenador, o crítico e professor de Filosofia Gerd Bornheim. Luiz Paulo ia desistir, mas diante da insistência do próprio Bornheim, acabou vindo. Veio e ficou, ainda que, durante algum tempo, muitos tenham pensado que ele era um daqueles professores que a ditadura escolhera para substituir os titulares afastados. Ao contrário, sempre se colocou à esquerda e contrário à ditadura, o que ficaria claro com as escolhas dos textos que decidia montar.
Sucessivamente, surgiram Casa de Orates, dos irmãos Aluizio e Arthur Azevedo; A alma boa de Set-Tsuan, de Brecht; Agamenon, de Ésquilo, e por aí afora. Se A ópera dos três vinténs fez sucesso, Agamenon, por seu lado, recebeu uma edição especial do então Caderno de Sábado, suplemento semanal que o Correio do Povo publicava, organizado por mim mesmo, que na época atuava naquele periódico.
Luiz Paulo rapidamente se ambientou e se ligou a algumas referências do teatro em nosso estado, como o dramaturgo e ator Carlos Carvalho, de quem viria a dirigir alguns textos, e especialmente a Ivo Bender, o dramaturgo de referência de Porto Alegre, com uma dramaturgia muito pessoal, e de quem o carioca assinou dois diferentes espetáculos.
Através deste grupo de pessoas, Luiz Paulo conheceu a atriz Sandra Dani, muito próxima da atriz Araci Esteves, companheira de Carlos Carvalho, e o casamento não demorou. Ao mesmo tempo, Luiz Paulo também se aproximou do diretor e dramaturgo Luciano Alabarse, de quem viria a se tornar grande amigo. Ao longo dos anos, muitos espetáculos foram dirigidos por Luciano e interpretados por Luiz Paulo, enquanto ator, ou dirigidos por Luiz Paulo, quando Luciano era o dramaturgo. Pode-se dizer que Luiz Paulo Vasconcellos tornou-se um dos mais reconhecidos integrantes do universo das artes cênicas no Estado.
Num de seus trabalhos mais recentes, Oh, que belos dias, de Samuel Beckett, contracenou com Sandra Dani e assinou o espetáculo, extremamente rigoroso e difícil, mas muito bem concretizado. Luiz Paulo já recebeu várias premiações e já respondeu, inclusive, pela Coordenação de Artes Cênicas da Secretaria Municipal de Cultura por duas vezes.
Este carioca, nascido em 1941, ao ser reconhecido pela Câmara Municipal de Porto Alegre como um Cidadão da Cidade, apenas formalizou aquilo que, na prática, ele já assumira: a cidadania da Capital. Não surpreende, pois, este reconhecimento e esta homenagem. O Prêmio Eva Sopher pretende destacar aqueles que emprestaram significativa contribuição para as artes cênicas sul-rio-grandenses. Sem dúvida, Luiz Paulo Vasconcellos desempenhou tal tarefa e sua premiação é justa.
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