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Teatro

- Publicada em 31 de Dezembro de 2020 às 03:00

A primeira temporada digital do planeta

Antonio Hohlfeldt
Tudo parecia andar bem, na iniciante temporada das artes cênicas de 2020. As programações dos nossos teatros prometiam grandes atrações, mas por volta do dia 16 de março a pandemia se evidenciou entre nós e as salas começaram a ser fechadas, as programações foram, primeiro transferidas; depois canceladas, e entramos numa experiência absolutamente impensável, até então. Primeiro, tivemos uma interrupção, pura e simplesmente, de toda e qualquer performance. Não se sabia exatamente o que fazer. Isso perdurou até fins de junho e começo de julho. Então, parece que a virada da metade do ano e a certeza de que a pandemia viera para ficar, havia que se buscar alternativas - o que fez com que as primeiras propostas de espetáculos e de programação, através das redes digitais, surgisse como solução para o impasse.
Tudo parecia andar bem, na iniciante temporada das artes cênicas de 2020. As programações dos nossos teatros prometiam grandes atrações, mas por volta do dia 16 de março a pandemia se evidenciou entre nós e as salas começaram a ser fechadas, as programações foram, primeiro transferidas; depois canceladas, e entramos numa experiência absolutamente impensável, até então. Primeiro, tivemos uma interrupção, pura e simplesmente, de toda e qualquer performance. Não se sabia exatamente o que fazer. Isso perdurou até fins de junho e começo de julho. Então, parece que a virada da metade do ano e a certeza de que a pandemia viera para ficar, havia que se buscar alternativas - o que fez com que as primeiras propostas de espetáculos e de programação, através das redes digitais, surgisse como solução para o impasse.
O Sesc de São Paulo foi das primeiras instituições a concretizar esta proposta. A série Musica#EmCasa-ComSesc, para a música popular e a música instrumental, e a série #EmCasacomSesc, dedicada ao teatro, abriram estas iniciativas. Num primeiro momento, utilizou-se o Instagram, logo depois, o YouTube. Localmente, o Departamento de Arte Dramática da Ufrgs abriu o projeto TPE - Teatro, Pesquisa, Extensão, que passou a possibilitar espetáculos produzidos por seus alunos, alguns dos quais já haviam tido performances no palco do teatrinho da avenida Salgado Filho, mas que foram repensados e reconceituados para as redes, mais uma vez, valendo-se do Instagram, do YouTube e também do Facebook.
O Theatro São Pedro, aproveitando a data de seu aniversário, 27 de junho, havia planejado uma programação diária, a ser desdobrada ao longo de uma semana, com espetáculos que seriam apresentados no palco do teatro, ainda que a plateia estivesse vazia, e que seriam transmitidos ao vivo pelo Instagram e YouTube. A bandeira vermelha, contudo, obrigou a casa da Praça Deodoro a cancelar os espetáculos ao vivo, limitando-se a gravações distanciadas, depois montadas e editadas, de peças teatrais e shows musicais. Em setembro, a centenária casa aproveitaria a Semana Farroupilha e chegaria a produzir alguns espetáculos transmitidos diretamente de seu palco, com os apoios institucionais da Câmara Municipal de Porto Alegre e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, além de patrocinadores privados. A Sedac lançaria o edital denominado FAC Digital, que analisou, aprovou e apoiou a produção de diferentes trabalhos produzidos neste formato. Gradualmente, encontravam-se alternativas. Em agosto, ocorreria o 1º. Festival Internacional de Videodança do Rio Grande do Sul, através da UFPel, e, em outubro, seria lançado o Porto Alegre em Cena, numa versão totalmente reinventada e transmitida exclusivamente através de redes digitais.
A atriz Denorah Finnochiaro idealizou e concretou a websérie Confessionários - Relatos de casa, para discutir especialmente uma outra epidemia que crescera fortemente neste período, a violência doméstica contra as mulheres, resultante do confinamento obrigatório. Idealizada a partir do trabalho da advogada especializada Gabriela Ribeiro de Souza, em cada episódio da mesma, lançado semanalmente, uma atriz encarnava uma personagem, multiplicando-se os casos e as reflexões a respeito do tema.
Dentre outras tantas iniciativas - e a variedade evidencia que as alternativas buscadas apareceram - o Centro Histórico Cultural da Santa Casa produziu o CHConecta, que também estreou em julho. Em junho, com mediação da Assembleia, o Banrisul publicou edital para shows virtuais, enquanto a Aliança Francesa também trouxe propostas, a partir daquele mesmo mês, com o Grupo Jogo.
Em síntese, se em março perdemos o chão, a partir de junho ele foi reencontrado, graças à criatividade e à inventividade de nossos artistas e ao apoio decidido de diferentes entidades culturais, universitárias e políticas. Estamos fechando o ano, infelizmente, ainda enfrentando este desafio. Embora os espaços venham a reabrir (esperamos que em breve), teremos outros problemas, dentre os quais os financiamentos, diante do reduzido público que poderemos receber nas salas. Mas, certamente, também encontraremos soluções e seguiremos em frente.
A temporada de 2021 deverá ser melhor que a deste ano, apesar de todas as dificuldades. Nossa primeira temporada digital, de qualquer modo, já é parte da história das artes cênicas, lembre-se disso.
 
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