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Teatro

- Publicada em 27 de Dezembro de 2019 às 03:00

Balanço de 2019 - Parte 3: A novidade das óperas barrocas de câmara

Ospa apresentou 'Orfeu e Eurídice' no Theatro São Pedro em agosto

Ospa apresentou 'Orfeu e Eurídice' no Theatro São Pedro em agosto


MAÍ YANDARA/DIVULGAÇÃO/JC
Antonio Hohlfeldt
Dando continuidade à resenha do ano de 2019 nas artes cênicas, entramos o mês de maio com o festival do Palco Giratório do Sesc, a que já dedicamos parte da coluna passada. Durante maio, a temporada de Sobre nós, do Coletivo Gaivota, com base em textos de Anton Tchekov, teve continuidade, assim como a Terreira da Tribo voltou a encenar Meierhold, de Eduardo Pavlovsky, numa inesquecível interpretação de Paulo Flores que, aliás, seria o grande homenageado do festival Porto Alegre em Cena do ano, com obra organizada por Roger Lerina a seu respeito.
Dando continuidade à resenha do ano de 2019 nas artes cênicas, entramos o mês de maio com o festival do Palco Giratório do Sesc, a que já dedicamos parte da coluna passada. Durante maio, a temporada de Sobre nós, do Coletivo Gaivota, com base em textos de Anton Tchekov, teve continuidade, assim como a Terreira da Tribo voltou a encenar Meierhold, de Eduardo Pavlovsky, numa inesquecível interpretação de Paulo Flores que, aliás, seria o grande homenageado do festival Porto Alegre em Cena do ano, com obra organizada por Roger Lerina a seu respeito.
E estreou a comédia TOC - Transtornos Obsessivos Compulsivos, com direção de Lutti Pereira, a partir de texto de Arthur José Pinto. O teatro do Centro Cultural da Santa Casa apanhou bom público para assistir à comédia que, por trás da brincadeira, tocou em problemas graves que atingem muita gente, embora poucos tenham coragem de assumir suas dificuldades. Neste mês também tivemos um festival de dança promovido pela academia Vera Bubblitz, que movimentou milhares de jovens bailarinos, durante 10 dias, em nossa cidade.
Quantitativamente, junho foi um dos meses que apresentou o maior conjunto de estreias, mas algumas se destacar, também, qualitativamente, como A última peça, do Teatro Sarcáustico, que cumpriu (a última?) temporada no Instituto Ling, com absoluto sucesso. Se a encenação seria a última, a tecnologia adotada, quanto às redes sociais, também foi de última geração.
Neste mês ocorreram novas apresentações da ópera O Quatrilho, enquanto Expresso paraíso e Tocar paraíso!, ambos os espetáculos a partir do mesmo texto, do alemão Thomas Köck, deu continuidade a um projeto do Instituto Goethe que é fazer encenar um mesmo texto por dois diferentes grupos e diretores. Neste caso, os escolhidos foram João de Ricardo, da Cia. Espaço em Branco, e Maurício Casiraghi, do Ato Cia. Cênica. A bela experiência resultou em dois extraordinários, embora bastante diferenciados espetáculos, o que certamente serviu para aprofundar nossa reflexão a respeito das relações entre texto dramático e espetáculo cênico.
O ator Marcelo Adams experimentou a direção, com a encenação de O polvo, a partir de texto de sua própria autoria, enquanto Só para mulheres... e para homens também, com direção de Zé Adão Barbosa, colocava em cena quatro atrizes com textos que refletiam a respeito da condição feminina, através dos tempos.
Do Centro do País recebemos um dos piores espetáculos da temporada, Perfume de mulher, inspirado no filme do mesmo nome, mas que ficou devendo, em todo e qualquer sentido. Mas Anton Tchékhov, definitivamente, estava na crista da onda, e mais um trabalho inspirado em seus textos foi realizado sob a direção de Léo Maciel, desconstruindo personagens e situações dramáticas das mais referenciais do dramaturgo russo, num espetáculo experimental criativo e provocativo.
O Estúdio Stravaganza, de seu lado, estreou Obs.cenas, com a interpretação de Arlete Cunha, há muito fora de nossos palcos, enquanto o Grupo Neelic voltava a mostrar suas pesquisas, desta vez com a realização de Merda!, que tinha muito a ver com os sentimentos experimentados por boa parte da população brasileira diante dos inusitados comportamentos do principal mandatário do país e da crescente revelação de tendências à violência por parte da sociedade brasileira, sob a direção de Desirée Pessoa que também integrava o elenco.
Outros espetáculos do mês foram Malone morre, inspirado em Samuel Beckett; Rainhas da noite, comédia que explora o travestimento em torno de figuras de grandes cantoras da música popular brasileira; e Retratos do silêncio.
A chegada de julho fez com que metade do ano cruzasse a linha, e dois espetáculos interessantes ocorreram: de um lado, a comédia Diário secreto de uma secretária bilíngue, com a impagável Deborah Finnochiaro, que escreveu o texto e o interpretou, com a direção de Vinicius Piedade, simplesmente hilariante. De outro lado, Caco Coelho ousou transformar um caudaloso e complexo texto do Padre Antonio Vieira, História do futuro, num espetáculo teatral relativamente curto e concentrado (uma hora de duração, apenas!). O belíssimo O topo da montanha, de Katori Hall, em torno de Martin Luther King, que havia obtido estrondoso sucesso no ano anterior, retornou à cidade, assim como o musical Cássia, o musical, com Tacy de Campos, também fez meteórica nova passagem pelo estado sulino.
Para ficar na música, agosto nos trouxe o curioso e muito bem realizado Chet Baker, apenas um sopro, interpretado por Paulo Miklos, do grupo Titãs, com excelente resultado. De fora do Estado, igualmente, ocorreu uma produção de Antígona, que serviu, sobretudo, para os que jamais haviam eventualmente assistido ao fundamental texto de Sófocles, graças a uma inovadora, sintética e criativa versão que Andréa Beltrão nos trouxe, a partir da tradução de Millôr Fernandes e direção de Amir Haddad. O solo foi impactante, simplesmente.
Na dança, recebemos o grupo Ballet Concerto, que trouxe Dvorak, enquanto o local Tablado Andaluz nos mostrou Amistad, juntando seu conjunto ao andaluz Flamencura, num belo trabalho que agradou a todos os que o assistiram.
Tivemos, ainda, a reprise da comédia Por que casamos, de Rogério Beretta e Suzi Martinez; as estreias de Homem de lugar nenhum, direção de Eduardo Kraemer, com Zé Adão Barbosa e Renato del Campão; e F.R.A.M.E.S., da Fábrica de Experiências Cênicas, espetáculo dirigido por Carlos Ramiro Fensterseifer, a partir do texto de Diones Camargo.
O mês se encerrou com a performance da ópera de câmara Orfeu e Eurídice, pela Ospa, sob a regência de Evandro Matté, num espetáculo que devolveu o público porto-alegrense aos primórdios do gênero no ocidente.
Quando chegamos a setembro, de novo, o mês foi fundamentalmente impactado pela realização do festival Porto Alegre em Cena, que esta coluna comentou na semana passada. Mas nem por isso deixamos de ter algumas boas estreias e atrações, como o engraçadíssimo O mistério de Irma Vap, numa versão renovada, com as interpretações de Luís Miranda e Mateus Solano, seguido por Eu de você, com Denise Fraga, num espetáculo solo de longa duração, profundamente emocionante.
Do Centro do País ainda assistimos a Bibi, o musical, difícil mas bem realizada montagem em torno da biografia da grande atriz brasileira. Dentre as estreias locais, assistimos a Desmedida Naitchy Club, sobre um show que ocorre em uma boate gay, com direção de Patrícia Fagundes e sensível interpretação de Heinz Limaverde. O espetáculo fez parte de uma espécie de festival que a Cia. Rústica apresentou, no Instituto Ling, com alguns de seus trabalhos mais recentes. Terra adorada teve estreia no Teatro Stravaganza e Anton Tchékhov, pela terceira vez, mereceu a atenção de nossa ribalta, com a montagem de Dilmar Messias de Os palhaços de Tchékhov, que mesclou teatro realista e a linha tradicional da encenação circense.
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