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Teatro

- Publicada em 19 de Dezembro de 2019 às 21:45

Balanço de 2019 - Parte 2: Os festivais diminuíram, mas resistiram

O grande desafio do ano que está se encerrando foi manter as rotinas, no campo das artes, em especial das artes cênicas, pela crescente dificuldade quanto ao financiamento das produções, inclusive para as viagens através do extenso território brasileiro. Isso afetou principalmente as produções do eixo Rio-São Paulo, que diminuíram drasticamente seus projetos de viagem, o que se refletiu na recepção desses mesmos espetáculos em centros como Porto Alegre, como registrei ao final da coluna da semana passada.
O grande desafio do ano que está se encerrando foi manter as rotinas, no campo das artes, em especial das artes cênicas, pela crescente dificuldade quanto ao financiamento das produções, inclusive para as viagens através do extenso território brasileiro. Isso afetou principalmente as produções do eixo Rio-São Paulo, que diminuíram drasticamente seus projetos de viagem, o que se refletiu na recepção desses mesmos espetáculos em centros como Porto Alegre, como registrei ao final da coluna da semana passada.
Outro segmento fortemente afetado foi o dos festivais. Em Porto Alegre temos três grandes mostras anuais que, felizmente, vêm prosseguindo ao longo dos anos. A mais longeva é o Porto Alegre em Cena, que a Secretaria Municipal de Cultura realiza a cada mês de setembro. Assim mesmo, em duas semanas, podemos assistir a alguns extraordinários trabalhos, com evidente destaque para as produções nacionais como O silêncio do mundo, que abordou o universo indígena, e que trouxe como novidade o fato de o próprio festival tornar-se produtor de um espetáculo. Mas ao lado deste trabalho, que emocionou a todos, recebemos o extraordinário Gota d'água preta, releitura do clássico de Chico Buarque que, aliás, recebeu neste ano o Prêmio Camões de Literatura. O texto mostrou sua (in)feliz atualidade. Tivemos, ainda, Psi - Panorâmica insana, de Bia Lessa, e a produção do Teatro Galpão, de Belo Horizonte, de Outros, dando continuidade a seu anterior projeto de pesquisa. Do exterior, recebemos, dentre outros, o diretor e dramaturgo uruguaio Sérgio Blanco, que mostrou dois trabalhos, Las flores del mal e A ira de Narciso, o belga Going home, o francês Happi, a tristeza do rei e o espetáculo musical das ucranianas do Dakh Daughters, que mobilizou a plateia.
O Prêmio Braskem garantiu uma certa hegemonia dos espetáculos locais no placar da mostra, o que foi muito bom, permitindo aproximações e comparações entre nossas produções e os demais trabalhos nacionais.
No mês de maio, por outro lado, o Sesc, ameaçado pela nova administração federal, de desmonte, sobreviveu e conseguiu manter seu Palco Giratório. E se o Porto Alegre em Cena, neste ano, inovou, trazendo uma curadoria temática, o que lhe deu enorme qualificação, o Palco Giratório continuou nesta prática já desenvolvida há muito tempo, propiciando alguns extraordinários espetáculos, sempre com um gosto de brasilidade muito forte.
Pode-se lembrar, dentre outros trabalhos, A invenção do Nordeste, que denunciava o preconceito contra os nordestinos; o igualmente provocativo Retirantes - Somos todos severinos, atualizando a saga da obra de João Cabral; Cavalo marinho, vindo de Pernambuco; Isto é um negro?, que colocou em pauta o preconceito racional do País, ao lado de Vestido queimado, do Amazonas, Ordinários, de São Paulo, Contos partidos de amor, do Rio de Janeiro, e o excepcional Elza, um musical oriundo do Rio de Janeiro, com a direção de Duda Maia, e que certamente foi um dos cinco espetáculos mais significativos a que assistimos nesta temporada, trazendo a biografia da cantora Elza Soares e aproveitando para discutir, ainda uma vez, os preconceitos racistas e machistas do País. Dentre os espetáculos locais, podemos rever, por exemplo, Arena selvagem, Teresinhas, O homem de lugar nenhum, e assim por diante.
O terceiro festival é o Porto Verão Alegre, de que nos ocupamos na coluna anterior. A mostra reúne boa parte de espetáculos apresentados em temporadas anteriores, sobretudo comédias, propõe algumas estreias e, sobretudo, multiplica os espaços a serem ocupados pelos espetáculos, dinamizando e mobilizando a cena porto-alegrense, neste período normalmente esvaziado de atrações.
Apesar de tudo, registre-se que o Rio Grande do Sul não pode se queixar deste ano: o aporte de verbas federais para a área de cultura, sobretudo na recuperação de patrimônio histórico, do Theatro São Pedro ao Museu de Arte Contemporânea e à igrejinha do Taim, foram significativos, graças a uma atenção pontual do ministro Osmar Terra. Por outro lado, a insistência de Luciano Alabarse, na Secretaria Municipal de Cultura, começa a dar resultados: o Auditório Araújo Vianna recebeu novo arrendatário e a Usina do Gasômetro teve entregue seu projeto de recuperação e expansão, já em licitação, neste momento.
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