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Teatro

- Publicada em 19 de Setembro de 2019 às 03:00

Semana de êxito no Porto Alegre em Cena

Depois da estreia emocionante, no Theatro São Pedro, com o show da banda ucraniana Dakh Daughters e seu espetáculo Freak cabaret, a programação do Porto Alegre em Cena espalhou-se pelos teatros da cidade. Sucessivamente, de fora do Estado, tivemos Protocolo Elefante, do Grupo Cena 11, de dança, catarinense; As flores do mal, do dramaturgo, diretor e ator uruguaio Sergio Blanco; Outros, do Grupo Galpão, de Belo Horizonte; A ira de narciso, do mesmo dramaturgo uruguaio Sergio Blanco, mas numa interpretação de Gilberto Gawronski, em montagem paulista; PI – Panorâmica insana, assinado por Bia Lessa e elenco carioca; Ovo, do grupo paranaense AgonTeatro, culminando com Rosa, espetáculo oriundo da Alemanha, a respeito de Rosa Luxemburgo.
Depois da estreia emocionante, no Theatro São Pedro, com o show da banda ucraniana Dakh Daughters e seu espetáculo Freak cabaret, a programação do Porto Alegre em Cena espalhou-se pelos teatros da cidade. Sucessivamente, de fora do Estado, tivemos Protocolo Elefante, do Grupo Cena 11, de dança, catarinense; As flores do mal, do dramaturgo, diretor e ator uruguaio Sergio Blanco; Outros, do Grupo Galpão, de Belo Horizonte; A ira de narciso, do mesmo dramaturgo uruguaio Sergio Blanco, mas numa interpretação de Gilberto Gawronski, em montagem paulista; PI – Panorâmica insana, assinado por Bia Lessa e elenco carioca; Ovo, do grupo paranaense AgonTeatro, culminando com Rosa, espetáculo oriundo da Alemanha, a respeito de Rosa Luxemburgo.
Nesta primeira semana encontramos, ainda, espetáculos concorrentes ao Prêmio Braskem, como Os palhaços de Tchekov, de Dilmar Messias; A fome, da Cia. Espaço em Branco; Ranhuras, do Coletivo Moebius; e Das amarras dela, do Circo Híbrido. Com o retorno das sessões malditas, à meia-noite, pode-se conhecer Sincrética noite, do grupo Caixa Preta, e Duas sem filtro, com Heinz Limaverde e Madblush. A semana se encerrou, triunfalmente, com o espetáculo Todo mundo tem um sonho, com o grupo Pertence, reunindo atores com diferentes deficiências cognitivas.
Foi uma semana forte, já que, desde logo, houve a clara abertura para uma série de debates que se fazem cada vez mais urgentes na sociedade brasileira contemporânea: exiladas, de certo modo, da Ucrânia, sua terra natal, hoje fortemente pressionada pelo militarismo russo de Putin, a banda Dakh Daughters fez um emocionante apelo à paz, denunciou a violência política russa e elogiou a multiplicidade étnica e cultural brasileira, vista como modelo a ser mantido em nosso País.
Protocolo elefante, grupo de dança catarinense, causou impacto pela ousadia da coreografia e de toda a concepção do espetáculo, deixando o público com a respiração suspensa. O desafio de uma coreografia forte e extremamente radical, num espaço criativamente explorado pela tecnologia de iluminação e projeção criadas por Hedra Rockenbach, permitiu um espetáculo de intensa comunicabilidade e emoção.
As flores do mal, por seu lado, faz uma referência indireta ao poeta “maldito” Charles Baudelaire. O dramaturgo e ator Sergio Blanco apresenta uma performance em que lê uma pretensa conferência que discute a questão do mal. Se Hannah Arendt discutiu a “banalidade do mal” em uma série de textos que provocou polêmica nos Estados Unidos, para discutir as responsabilidades dos crimes de guerra contra os judeus, praticados pelos nazistas, durante a Segunda Grande Guerra, Blanco retoma o tema mas com uma abrangência maior, filosoficamente ampliada, numa perspectiva polêmica, mas de qualquer modo emocionante, num espetáculo relativamente curto (não chega a uma hora de duração) mas extremamente contundente.
Os mineiros do Grupo Galpão aprofundaram a pesquisa do espetáculo musical iniciado no festival passado, com Nós. Em Outros, que exige uma precisão milimétrica na articulação dos diálogos sucessivamente interrompidos, fragmentários e reiterados dos diferentes personagens e atores, sob a precisa e estupenda direção de Márcio Abreu, a partir de dramaturgia do próprio diretor, de Eduardo Moreira e de Paulo André, põe em xeque a eventual capacidade que ainda teríamos de conseguir conversar uns com os outros, a partir de duas referências radicais da vida humana: o aniversário e a morte. O espetáculo acabou dialogando fortemente com a montagem PI – Panorâmica insana, apresentada sucessivamente no festival, com a direção da admirável Bia Lessa, que no ano passado nos trouxe a inesquecível montagem de Grande sertão: Veredas. E meio a um espaço cênico totalmente ocupado por milhares de peças de roupas que simbolizam os milhares de personagens que apenas quatro atores sintetizam em suas intervenções, encontramos uma nova reflexão a respeito da violência contemporânea, tanto aquela individual e fisicamente sofrida, quanto a outra, institucionalmente constituída.
Com Todo mundo tem um sonho, do Grupo Fábrica de sonhos, de certo modo resgatou-se o otimismo e a utopia, drasticamente questionados com a maior parte dos espetáculos anteriores. Emocionante, este trabalho mostrou do que, de positivo, o ser humano é capaz, tanto no que toca a monitores e ensaiadores do grupo, quanto aos intérpretes, já que todos se superam no esforço de alcançarem sua própria expressão e afirmação.
Começou bem o festival e sua segunda semana certamente trará maior dose de emoções, bastando consultar-se sua programação.
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