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Teatro

- Publicada em 20 de Junho de 2019 às 21:29

Espetáculos inovadores

O Bar Ocidente vem abrigando, ao longo de sua já longa história, uma série variada de espetáculos, chegando o momento de receber o teatro em sentido mais estrito. A façanha se deve ao diretor Zé Adão Barbosa que, com Carlota Albuquerque, assina Só para mulheres!... e homens também, trabalho feito de colagem de textos de dramaturgos variados, sempre tendo a mulher como tema central, a que se juntam inclusive cenas de filmes os mais variados e, a cada performance, uma mulher convidada para falar de sua vida e de suas experiências.
O Bar Ocidente vem abrigando, ao longo de sua já longa história, uma série variada de espetáculos, chegando o momento de receber o teatro em sentido mais estrito. A façanha se deve ao diretor Zé Adão Barbosa que, com Carlota Albuquerque, assina Só para mulheres!... e homens também, trabalho feito de colagem de textos de dramaturgos variados, sempre tendo a mulher como tema central, a que se juntam inclusive cenas de filmes os mais variados e, a cada performance, uma mulher convidada para falar de sua vida e de suas experiências.
Num espaço muito simpático, com mesas na plateia e um pequeno palco italiano, Só para mulheres tem direção musical de Everton Rodrigues, com cenografia e figurinos de Gustavo Dienstmann. Na verdade, a cenografia se limita a uns adereços, aliás, bem usados. Os figurinos, sim, são variados e ajudam na criação dos diferentes climas para as cenas que se sucedem, da comédia ao drama, às vezes até a tragédia, como na referência ao episódio de Maria Farrar, do dramaturgo Bertolt Brecht. O roteiro inclui ainda algumas canções interpretadas ao vivo pelas atrizes Ana Maria Mainieri, Cristina Kerwaldt, Giovanna de Figueiredo e Maria Bufrem, todas muito à vontade e muito naturais nos seus diferentes momentos em que atuam em conjunto ou recebem espaços mais pessoais, quase solos no conjunto do espetáculo.
Porto Alegre vem encontrando espaços e espetáculos alternativos que conquistam públicos também fora daquele grupo tradicional que costuma ir aos nossos teatros institucionalizados. Isso é muito bom.
Neste espetáculo temos, em primeiro lugar, que louvar a sensibilidade de Zé Adão Barbosa que assina o roteiro e a direção do trabalho. Selecionar e costurar textos variados nunca é fácil, mas Zé Adão Barbosa conseguiu desenvolver um roteiro bastante eclético e, ao mesmo tempo, militante, que começa por um inventário da maneira pela qual a música popular brasileira representou preconceituosamente a mulher para, depois, avançar para situações mais complexas. Um dos momentos mais tocantes é, sim, o poema sobre Maria Farrar, um dos textos mais conhecidos do dramaturgo alemão, em que o escritor tenta compreender os motivos que teriam levado uma extremamente jovem mãe (menos de quinze anos) a matar seu nenê recém-nascido, crime pelo qual estaria sendo levada a julgamento. Neste momento, é como se o tempo fosse suspenso: não se ouviam as respirações de um público amplo e eclético, presente na plateia e na galeria do espaço, que teve sua atenção absolutamente captado pela cena.
Outro bom momento é aquele em que as quatro atrizes se sucedem na apresentação de frases variadas, de autores e figuras públicas igualmente múltiplas, a respeito da condição da mulher.
Neste sentido, pode-se concluir ser este um espetáculo militante, de ocasião. Mas que bom que a inteligência da equipe foi capaz de ultrapassar esta que poderia ser uma condição prejudicial ao trabalho para torná-lo, ao contrário, oportuno e comunicativo.
No outro lado do espectro, encontramos a iniciativa de Marcelo Adams, conhecido ator, que agora se experimenta enquanto professor de teatro e dramaturgo. O Polvo é o resultado deste trabalho, realizado com alunos do curso de teatro da Uergs, a universidade do estado, a que assistimos na Sala Álvaro Moreyra. São novos intérpretes, que se esforçam, as partir de uma proposta de pequenas cenas que se sucedem, de modo a permitir que todo o grupo atue.
O resultado é variado, mas o empenho é evidente. Quanto ao texto de Marcelo Adams, embora haja naturalidade nos diálogos faltam-lhes maior profundidade. Os mais bem resolvidos são os dois últimos, aquele que envolve a separação do casal de rapazes e o da relação entre os irmãos. "O polvo", é por isso, fiel ao projeto de "Novas caras" de que participa: tanto os intérpretes quanto o dramaturgo estão aprendendo e o encontro com o público lhes é fundamental.
 
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