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Teatro

- Publicada em 27 de Julho de 2018 às 01:00

Valorizando o circo

As civilizações mais antigas já conheceram espetáculos circenses mais ou menos como os que existem na contemporaneidade. De modo geral, o circo é um lugar nômade, com artistas também nômades, que se ligam a um determinado empresário - muitas vezes um antigo palhaço que enriqueceu ou um malabarista que deu certo - para um certo número de temporadas. O circo viaja e com ele viaja a lona sob a qual os espetáculos são apresentados. No mundo ocidental, os circos mais famosos foram os romanos, mas neste caso, tratava-se de instalações mais ou menos fixas, com atrações um pouco diferentes daquelas a que estamos hoje acostumados: existiam feras, sim, mas elas serviam para evidenciar coragem e maestria de lutadores que as deviam enfrentar. Ou então, havia corridas de bigas ou lutas entre estes mesmos gladiadores, etc. Roma checou a ter o Circus Maximus que poderia receber mais de 100 mil espectadores!
As civilizações mais antigas já conheceram espetáculos circenses mais ou menos como os que existem na contemporaneidade. De modo geral, o circo é um lugar nômade, com artistas também nômades, que se ligam a um determinado empresário - muitas vezes um antigo palhaço que enriqueceu ou um malabarista que deu certo - para um certo número de temporadas. O circo viaja e com ele viaja a lona sob a qual os espetáculos são apresentados. No mundo ocidental, os circos mais famosos foram os romanos, mas neste caso, tratava-se de instalações mais ou menos fixas, com atrações um pouco diferentes daquelas a que estamos hoje acostumados: existiam feras, sim, mas elas serviam para evidenciar coragem e maestria de lutadores que as deviam enfrentar. Ou então, havia corridas de bigas ou lutas entre estes mesmos gladiadores, etc. Roma checou a ter o Circus Maximus que poderia receber mais de 100 mil espectadores!
No Brasil, as companhias circenses se formaram a partir de famílias europeias que, no século XIX, por motivos variados, dentre os quais o preconceito social, deslocaram-se para o Novo Mundo à procura de espaço. Boa parte destas famílias era de ciganos, cuja cultura, nômade por definição, favorecia este tipo de ocupação.
O diretor Dilmar Messias, que no início deste ano completou 70 anos de idade, tem uma vida praticamente toda ela dedicada às artes cênicas de Porto Alegre. Ele já foi bailarino, ator, produtor, diretor de teatro e dramaturgo. Há espetáculos por ele realizados que certamente nos deixaram profundamente emocionados, como Lili inventa o mundo, baseado nos poemas de Mario Quintana, e que evidencia sua profunda sensibilidade poética.
Mas Messias, desde 1974, constituiu um grupo muito especial, o Circo Girassol, e passou a explorar a linguagem circense, valorizando-a e renovando-a. Assim, criou uma escola em que muitos atores e atrizes sul-rio-grandenses foram preparados, ao mesmo tempo em que escreveu textos e roteiros de espetáculos, retomando algumas de suas mais clássicas figuras e que se misturam, muitas vezes, com aquelas da comedia dell'arte. Em 2014, a editora Libretos publicou, de sua autoria, Pão & Circo, em que ele reúne textos, roteiros e argumentos para o picadeiro. No volume então editado, temos dois textos diferentes, Cyrano nas nuvens, em que ele retoma a clássica narrativa de Cyrano de Bergerac, adaptando-a para o palco e, em seguida, O mundo da lua, que é mais um texto dirigido às crianças. Com a seleção destes dois trabalhos, de certo modo, o dramaturgo propõe uma síntese de sua própria obra.
O volume traz, ainda, roteiros como Cabaré e Misto quente. O primeiro destes dois textos promove uma ponte importante com outro gênero tradicional e popular de espetáculo, que é o "teatro de cabaré", muito comum na Europa do final do século XIX e início do século XX. Como no circo, o cabaré apresenta um espetáculo variado. Mas ao contrário daquele, que se constitui sob a lona, este está estabelecido em lugar fixo, dirigido a um público menor e certamente mais seleto, pois pressupõe, para a boa compreensão de seus trocadilhos e ironias, um público mais bem informado e crítico. Já Misto quente é uma brincadeira menos comprometida, que retoma e desenvolve algumas das tradições destes espetáculos populares, misturando tudo, como indica seu título.
Por fim, o volume traz três argumentos para espetáculos em que se pressupõe, por parte do realizador, conhecimento e domínio da tradição circense. São os textos Gran Circo Irmãos Siqueira Circo Mágico, Pão & Circo - que dá título ao volume - e Circo eletrônico, uma espécie de modernização do espetáculo mais tradicional. O volume se encerra com um útil "glossário" de termos utilizados nos textos dramáticos apresentados, e que evidencia o bom conhecimento que Dilmar Messias tem do assunto. Levando-se em conta a falta de tradição maior e de valorização do espetáculo circense entre nós, apesar de alguns esforços que, há alguns anos, o Serviço Nacional de Teatro tentou desenvolver, inclusive criando uma escola de circo no Rio de Janeiro, acho que este volume publicado por Dilmar Messias precisa ser valorizado, lido e aplaudido. Na sua leitura, de certo modo, revi os espetáculos a que, na sua maioria, havia assistido anos antes.
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