Centrão no comando geral

O deputado federal Alceu Moreira, presidente do MDB, no Rio Grande do Sul, fez uma avaliação para a coluna Repórter Brasília sobre o que representam as mudanças que estão sendo feitas pelo presidente Jair Bolsonaro nos ministérios. Segundo o deputado, "é uma decisão acertada. Não tenho dúvidas que a casa política que é o Palácio, tratada por políticos, é algo acertado, aliás, com dois anos e meio de atraso".

Na opinião do congressista, "o que nós tínhamos antes era um alfaiate para construir uma casa. Por mais que se esforçasse, não tinha prática de fazer política". Para Alceu Moreira, "um general, que viveu na caserna a vida inteira não é uma pessoa afeita à lide política, e não vai aqui nenhuma análise de mérito, saber se quem assumiu tem condições de ser, se merece, se não merece. O que estou dizendo é que aqueles cargos devem ser exercidos por políticos", acentuou.

"Levar o senador Ciro Nogueira (foto) para lá é, rigorosamente, uma leitura que o presidente fez, que é melhor ter o Centrão, ao qual Ciro Nogueira pertence, no comando geral do processo político para ter melhoria permanente no Parlamento e evitar qualquer risco", avaliou Alceu Moreira.

Perguntado se isso vai acontecer, Alceu Moreira respondeu.: "Não tenho dúvida que sim". Segundo o parlamentar, "a questão está na disciplina do próprio Bolsonaro. Ele não é uma pessoa que é afeita a esse tipo de pré-combinação. Tem coisas com as quais ele não concorda, por princípio, e essas coisas, às vezes, criam grandes problemas internos no Palácio".

O senador Ciro Nogueira, do comando do Centrão, assumiu o mais estratégico posto do governo, a Casa Civil. Vai fortalecer o já alinhado time de parlamentares que estão no governo e entram em campo para o aquecimento. Comecem a treinar para se preparar para a olimpíada política de 2022, Fábio Faria (PSD), das Comunicações; João Roma (Republicanos), da Cidadania; e Flávia Arruda (PL), da Secretaria de Governo. Todos esses partidos integram o chamado Centrão do Congresso Nacional. Além dos citados, o primeiro escalão conta ainda com os ministros-deputados: Tereza Cristina, da Agricultura, e Onyx Lorenzoni, que assumirá o Ministério do Trabalho, recriado por Bolsonaro. Os dois ministros são filiados ao DEM.

No início de seu governo, com discurso de acabar com a corrupção, com o "toma lá, dá cá" com os partidos e privilegiar o diálogo com frentes parlamentares, muita coisa mudou. Bolsonaro anunciou técnicos no comando das pastas com poucos pontos estratégicos, que seriam entregues a militares e as alas ideológicas. Tudo isso sofreu uma mudança de rota. Agora, Jair Bolsonaro muda o rumo e adota a mesma postura das gestões anteriores que havia prometido combater, ou seja, a troca de cargos por apoio político.

Essa mudança no quadro do governo é uma maneira de fortalecer Bolsonaro, que enfrenta ameaças de impeachment, dificuldades na recuperação da economia e as trapalhadas no combate à pandemia da Covid-19, atualmente com milhares de mortes no País.