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Repórter Brasília

- Publicada em 24 de Janeiro de 2021 às 20:53

Dança de gaúchos na diplomacia

A dança dos gaúchos do Itamaraty. A carta de cumprimentos ao presidente norte-americano Joe Biden, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, está sendo atribuída ao embaixador Nestor Forster, saudada como uma reviravolta na política externa do Brasil. Na outra ponta, o chanceler Ernesto Araújo chega ao fundo do poço com o fracasso - atribuído a ele - do suprimento de vacinas para combater a pandemia, emperradas em função de erros da condução da política externa. Os dois são gaúchos, aliados na política interna do Itamaraty, mas com desempenhos, a esta altura, antagônicos.
A dança dos gaúchos do Itamaraty. A carta de cumprimentos ao presidente norte-americano Joe Biden, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, está sendo atribuída ao embaixador Nestor Forster, saudada como uma reviravolta na política externa do Brasil. Na outra ponta, o chanceler Ernesto Araújo chega ao fundo do poço com o fracasso - atribuído a ele - do suprimento de vacinas para combater a pandemia, emperradas em função de erros da condução da política externa. Os dois são gaúchos, aliados na política interna do Itamaraty, mas com desempenhos, a esta altura, antagônicos.
Forster sobe, Araújo desce
O contraponto ao desastrado Araújo é a habilidade. Forster, diplomata antigo, serviu no Palácio do Planalto no governo Fernando Collor e na AGU do atual ministro do STF Gilmar Mendes, no governo FHC, mas fez sua carreira diplomática basicamente nos Estados Unidos, como cônsul em cidades importantes (inclusive Nova York) e nos cargos intermediários na própria Embaixada. Nessa carta, ele não traz nada de novo, na realidade. Apenas muda o tom, elimina arestas e abre espaços para um novo relacionamento entre os dois governos, arranhado pelo apoio explícito que Bolsonaro oferecera ao ex-presidente Donald Trump, que deixou a Casa Branca brigado com seu sucessor.
Restaura linguagem diplomática
No seu conteúdo, reafirma posições históricas do Brasil na área multilateral, nenhuma delas efetivamente revogadas, mas apenas criticadas pelo presidente e seus filhos. Também elogia os Estados Unidos como aliado e sua política externa, o que também pouco acrescenta. Ou seja: não diz nada de novo, mas restaura a linguagem diplomática do Brasil. Isto está sendo muito elogiado.
Palpos de aranha
Já o chanceler Ernesto Araújo está em palpos de aranha, ultrapassado por outros atores que o deixam falando sozinho no cenário internacional. Na hora em que foi necessário como líder da diplomacia, ele teria sido um empecilho às soluções dos problemas e demandas a seu cargo. Rifou a Índia na OMC. Os impasses com a China, mais decorrentes de declarações às mídias do que de posições do Itamaraty, paralisaram a diplomacia oficial.
Outros atores
O espaço, então, foi rapidamente preenchido por outros atores, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Grupo Parlamentar Brasil China, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), e até pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), que veio em socorro do governo de São Paulo para acelerar a entrega pelos chineses dos insumos para completar a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan. Ou seja: o jovem ministro ficou vendido. Forster e Araújo são aliados, ambos pupilos do filósofo Olavo de Carvalho.
Presidência da Câmara
A reviravolta diplomática está sendo encarada como um recuo do presidente Bolsonaro, embora muitos observadores afirmem que ele estaria, de fato, avançando, ao se aproximar de posições pragmáticas. Isto se refletia, também, na sua ação política para vencer a eleição para a presidência da Câmara, outro assunto que vai pegar fogo nesta semana. O candidato do Palácio do Planalto, deputado Arthur Lira (PP-AL), contabilizando 232 votos, aproxima-se do candidato da oposição, Baleia Rossi (MDB-SP), com 236 votos. Está perto do êxito.
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