"O acordo da União Europeia e Mercosul foi anunciado pela cúpula do governo brasileiro com pompa e circunstâncias como um fato histórico, após ter sido discutido durante 20 anos", afirmou o deputado federal gaúcho Heitor Schuch (PSB). Na opinião do parlamentar, "o acordo sempre pareceu frágil, sem consistência e muito mais pró-forma do que outra coisa qualquer. Depois de tanto tempo, continua botando água". Segundo o congressista gaúcho, "o governo brasileiro também deve ter avaliado, à época, que não podia ficar de fora. Nunca tive convicção de que o governo tivesse firmeza de que esse acordo efetivamente viesse a acontecer".
Desmatamento e queimadas
"O que a gente percebe agora é que os países europeus estão argumentando que o desmatamento, as queimadas no pantanal, o desmonte na fiscalização não estão sendo controlados pelo Brasil", destaca Heitor Schuch.
Agenda econômica e ambiental
Uma característica irreversível de nosso tempo é que a agenda geopolítica e econômica fique cada vez mais atrelada à ambiental. No caso do Brasil, a escalada do desmatamento, entre outros danos colaterais, tem se mostrado o principal entrave à ratificação do Acordo Comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Até que o Brasil assuma o compromisso de reverter a devastação na Amazônia, o acordo não avançará. Já declarou o representante da UE em Brasília, Ignacio Ybañez.
Força-tarefa
Na avaliação de especialistas, "não há nenhuma razão para que o Brasil, em ligação com os demais integrantes do Mercosul, não crie imediatamente uma força-tarefa para cooperar com as autoridades europeias na montagem desses mecanismos, conforme acordado. Afinal, a única coisa que elas esperam é que o País cumpra suas próprias leis, retomando programas bem-sucedidos, como o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, que entre 2005 e 2012 conseguiu reduzir o desmatamento de 27,8 mil km2 para 4,6 mil km2 - em 2019, o desmate foi de 9,8 mil km2".