Além da crise entre Parlamento e Palácio do Planalto pelo apoio na escolha dos comandos do Congresso Nacional, a reforma tributária segue com uma certa turbulência, uma vez que a oposição quer incluir no texto as taxações das grandes fortunas. Mas o principal e mais preocupante assunto são as definições sobre a vacina contra Covid-19, que se transformou numa disputa política, em que alguns consideram o governo como "símbolo do negacionismo". Além disso, se agrava a relação já nada amistosa, como chegou a ser em outros tempos, entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB).
Chispas pelas 'ventas'
Com vetos frequentes ao vice, o presidente está irritado, "largando chispas pelas ventas", como dizem os gaúchos. Entre os problemas, está a possibilidade de o general Mourão se apresentar como uma alternativa ao poder. O presidente Bolsonaro não perde a oportunidade de boicotar o vice-presidente. A escalada de desgaste entre os dois é cada vez mais nítida, inclusive Hamilton Mourão está no comando do sensível Conselho da Amazônia, no qual também o presidente Bolsonaro não perde oportunidade de contestá-lo.
Longe do Alvorada
Em tom de chacota, dizem analistas políticos em Brasília, não há chance de Mourão e a esposa participarem da ceia de Natal no Palácio da Alvorada, pois, com esse corolário de problemas, até mesmo a relação entre a primeira-dama e a esposa do vice não está na melhor fase.
Relação não vai bem
Brincadeiras à parte, a verdade é que a relação entre os dois (presidente e vice) vai muito mal. Talvez o pior momento desde o início do governo. Analistas políticos, traçam um comparativo entre a relação de Dilma Rousseff (PT) com Michel Temer (MDB), em 2015, com fisgadas por todos os lados e até uma carta na qual foi chamado de vice decorativo. Naquela oportunidade, o hoje presidente eleito dos EUA, Joe Biden, veio ao Brasil, e Dilma não convidou Temer para participar das reuniões, criando um mal-estar na Esplanada dos Ministérios.
Fala demais
No fundo, o motivo desta confusão palaciana é a mesma dos outros episódios no Palácio do Planalto. O presidente Bolsonaro acha que o vice-presidente fala demais, acha que o general Mourão contraria o que diz o presidente em diversos aspectos, como nos episódios em relação à China, em assuntos do meio ambiente e até em relação ao presidente norte-americano eleito, Joe Biden. Hamilton Mourão disse que, no momento certo, o Brasil iria reconhecer a vitória de Biden, e que não fazia sentido o Brasil não reconhecer.