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Repórter Brasília

- Publicada em 14 de Dezembro de 2020 às 03:00

Um quadro cubista

A crise da sucessão nas duas casas do Congresso Nacional já está produzindo seus primeiros efeitos. Embora ainda não esteja decidido nem pelos partidos nem pelas bancadas, tampouco pelo governo, sobre como será a composição das mesas da Câmara e Senado, ao desbancar os dois presidentes, o ministro Luiz Fux, do STF, jogou o País na incerteza.
A crise da sucessão nas duas casas do Congresso Nacional já está produzindo seus primeiros efeitos. Embora ainda não esteja decidido nem pelos partidos nem pelas bancadas, tampouco pelo governo, sobre como será a composição das mesas da Câmara e Senado, ao desbancar os dois presidentes, o ministro Luiz Fux, do STF, jogou o País na incerteza.
Observadores de camarote
Esta é a análise dos especialistas, ou seja, aqueles observadores que, sentados no camarote, assistem à peça que está sendo encenada nos palcos dos Praça dos Três Poderes. Realmente, o nome da praça é acertado, pois o Judiciário deu mais um passo para se converter num poder de fato, a ditar os rumos do País, competindo com os poderes eleitos pelo voto popular, o Congresso e a Presidência da República.
Guloso do Centrão
A saída da pandemia é o foco dos movimentos. Que acontecerá? Fez-se o desmonte do esquema até certo ponto estabilizado dos parlamentos conduzidos por seus dois presidentes, David Alumbre e Rodrigo Maia, dois políticos do DEM, um partido moderado, com tradição, de fora do grupo tido como guloso do Centrão, e, também, com trânsito nos dois segmentos antagônicos da direita ideológica da esquerda ortodoxa. Aos trancos e barrancos, ambos os líderes conseguiram construir uma certa estabilidade institucional durante o mergulho no desconhecido que foi a pandemia nos seus primeiros momentos. Seria prudente deixá-los conduzindo o Legislativo.
Voto fatídico de Fux
Era o que estava acertado. Entretanto, havia uma pedra no sapato, pois esta questão, classicamente da competência exclusiva do Legislativo, foi judicializada pelos políticos, deixando uma brecha para o Judiciário meter sua colher na feijoada. O grupo mais maduro politicamente do tribunal concluiu que deveria devolver a batata quente ao Congresso. Haveria condições, se o novo presidente do STF concordasse com lavar as mãos. E assim se articulou, mas o ministro Luiz Fux roeu a corda e deu o voto fatídico que desestabilizou o processo, vetando a reeleição dos presidentes.
Luta de foice pelo poder
Volta tudo à estaca zero. As forças políticas se desorganizaram, abrindo uma luta de foice no escuro pelo poder. Vendo o tumulto, o Executivo, que vinha observando a remexida à distância, entrou em parafuso. Este é o quadro, uma verdadeira pintura cubista. Os políticos têm dois meses para reacomodarem-se nessa nova realidade.
Novos momentos
Já o Executivo prepara-se para os novos momentos. Não obstante as frases desconexas, as afirmações tidas como descabidas tão ao gosto da mídia, ora do presidente, ora de seu ministro da Saúde, a tendência é que o governo federal saia ganhando pontos, faturando os resultados do alívio e da retomada da economia depois da vacinação. A verdade é que com a população imunizada, rapidamente os negócios darão sinais de revitalização, especialmente o setor de serviços, com crescimento acelerado a partir de uma base muito baixa. Porém, como a recessão não é atribuída ao governo, mas ao vírus, o chefe do governo não terá que pagar a conta da inflação e nem da desaceleração. Como se viu na inauguração da segunda ponte do Guaíba, Bolsonaro continua o mesmo: a pandemia dá seus últimos estertores, disse. Está certo, a vacina vem aí.
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