Preconceito com a China

Criando ruídos desnecessários, o deputado Eduardo Bolsonaro, critica o maior parceiro comercial do País, a China, que diz que o Brasil poderá "arcar com consequências". Mais uma vez, o filho do presidente cria incidente diplomático e volta a demonstrar "preconceito contra a China por motivação ideológica".

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP, foto), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, movimentou esta semana o Parlamento e a diplomacia brasileira, com comentários ofensivos à China nas redes sociais. O parlamentar acusou a China, afirmando que a rede 5G, disputada por vários países, "se fosse adotada no Brasil por alguma empresa chinesa, abriria a porta para a prática de espionagem pelo país asiático".

O fato repercute intensamente no meio parlamentar. Na opinião do deputado federal gaúcho Lucas Redecker (PSDB) "é muito ruim para a relação comercial do Brasil, que tem a China como um dos maiores parceiros". Na opinião do congressista tucano, "nós não podemos fazer com que comentários concordantes ou discordantes, no caso, comentários ideológicos, afetem a nossa relação de diplomacia, e principalmente de resultado econômico". Com a crise econômica em que vivemos, "é falta de bom senso e raciocínio".

O deputado Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, disse que Eduardo é "irresponsável" e cobrou providências no Legislativo e no Judiciário. O parlamentar paulista, que preside a Comissão de Agricultura na Câmara, vê riscos a produtores brasileiros que têm a China como principal mercado. Enfatizou que a manifestação do parlamentar reflete "um pensamento inconsequente e ideológico de adoração a um governo derrotado nos Estados Unidos. O mundo é bem mais complexo do que supõe Eduardo Bolsonaro", disse o congressista.

Para o deputado federal gaúcho Pompeo de Mattos (PDT), "o bolsonarismo criou um preconceito com a China, e esse preconceito tomou conta. É como se a China fosse um problema para nós porque é comunista. Nós não temos nada o que ver com a questão ideológica da China, nós temos que ver com o interesse comercial deles". Segundo o parlamentar, "por conta ideológica, o presidente Bolsonaro atrapalha os negócios do Brasil, e colocou, exatamente, na Comissão de Relações Exteriores o representante mor, que é o seu filho que em vez de ajudar nas relações comerciais do Brasil, está atrapalhando". Na avaliação do parlamentar, "se isso azedar, o Rio Grande do Sul, vai ter um prejuízo monumental".