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Repórter Brasília

- Publicada em 22 de Novembro de 2020 às 21:09

A 'guitarra' da Casa da Moeda

Raul Veloso é um dos mais respeitados economistas especializados em finanças públicas no País

Raul Veloso é um dos mais respeitados economistas especializados em finanças públicas no País


FLAVIA DE QUADROS/ARQUIVO/JC
Acende o farol amarelo no Planalto Central. O telefone do Banco Central, em Brasília, já pediu a ligação para Santa Cruz, no Rio de Janeiro, onde estão as impressoras da Casa da Moeda, mandando azeitar as engrenagens da "guitarra", apelido jocoso da impressora que fabrica as coloridas notas do Real.
Acende o farol amarelo no Planalto Central. O telefone do Banco Central, em Brasília, já pediu a ligação para Santa Cruz, no Rio de Janeiro, onde estão as impressoras da Casa da Moeda, mandando azeitar as engrenagens da "guitarra", apelido jocoso da impressora que fabrica as coloridas notas do Real.
Moedas eletrônicas e virtuais
Interessante, pois nesses tempos em que todos os dias o cidadão é assediado por ofertas de moedas eletrônicas e virtuais, a velha e quase extinta "pelega", nota de maior valor em circulação (mil cruzeiros), seja chamada de volta ao ringue da economia. Falando sério: é iminente que o governo recorra às emissões para financiar suas despesas. Os investidores estão de cabelo em pé.
Teoria Moderna Monetária
A ideia pareceria estapafúrdia se não viesse da boca de um dos mais respeitados economistas especializados em finanças públicas no País, Raul Veloso. Doutor em Economia pela Universidade de Yale (EUA), ex-secretário de Assuntos Econômicos do extinto Ministério do Planejamento e conselheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), é um dos autores mais respeitados no mundo acadêmico. Não bastasse, juntou-se a ele o banqueiro e economista André Lara Resende, com sua palavra abalizada de um dos algozes da hiperinflação e criador do Plano Real. Pois vem dos dois a ideia de aplicar no País uma nova teoria econômica denominada MMT, a sigla em inglês para Teoria Moderna Monetária.
Lançar dinheiro de helicóptero
Isso poderia ser interpretado como mais uma dessas ideias extravagantes que volta e meia circulam na imprensa (a MMT foi lançada numa entrevista de Veloso ao jornal Valor Econômico no mês passado) se não viesse da pena de um dos gurus do ministro Paulo Guedes, o prêmio Nobel Milton Friedman, da Escola de Chicago, reduto do monetarismo contemporâneo. Pois o sábio norte-americano sugere nada menos do que "lançar dinheiro de helicóptero", palavras que disse indicando o caminho ao governo norte-americano para superar a crise e irrigar o mercado para salvar as empresas daquele país em 2008.
Controle da dívida pública
A proposta chega ao Brasil muito bem calçada. Sem querer aprofundar, basta dizer que a MMT defende que a emissão de moeda é uma das fórmulas mais eficientes para controlar a dívida pública, reduzindo a zero seu custo, pois em vez de juros de títulos do Tesouro, o governo assume o compromisso de sustentar a moeda corrente. Segundo alguns críticos, esse mesmo artifício se pareceria à Contabilidade Criativa, defendida no passado recente pelos economistas da Ufrgs Arno Augustin e Dilma Rousseff, com resultados um tanto desastrosos para o governo do PT.
O governo garante
Não é de duvidar, nestes tempos em que o mundo entra na terceira fase do dinheiro, com a chegada das moedas virtuais, que o Brasil volte ao papel pintado, economia da Renascença, que foi uma evolução da moeda metálica inventada ainda na Antiguidade, na Mesopotâmia. A verdade é que o governo federal está entrando em alerta para os perigos da segunda onda da pandemia. A nova rodada do auxílio emergencial é uma ameaça tenebrosa às finanças públicas. Sem ter de onde tirar, não é de duvidar que o País volte às fórmulas dos tempos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e José Sarney, mandando acionar a rotativa da Casa da Moeda. Fácil: o governo garante.
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