A falta de transparência agrava a crise fiscal, critica especialista do Instituto Fiscal Independente (IFI), instituição ligada ao Senado, por não apresentar uma estratégia para reverter, no próximo ano, o forte desequilíbrio nas finanças da União, provocado pelas medidas de combate aos efeitos da Covid-19. O governo começa a receber críticas de parlamentares e técnicos que querem informações sobre o futuro do auxílio emergencial, sem rumo, por enquanto, e a paralisia das pautas orçamentárias no Congresso.
Balões de ensaio
"O governo está agindo erraticamente. Vai, volta, tenta, ensaiar para um lado, depois ensaia para o outro lado, sem colocar com clareza o que pensa em relação ao programa social que quer implementar, mantendo o nome, ou alterando o nome, enfim, fica fazendo como se fossem balões de ensaio para ver a reação", afirmou o deputado federal gaúcho Giovani Feltes (MDB).
Sem rumo
Na opinião de Giovani Feltes (foto), "não são balões de ensaio, é que o governo está sem rumo". E por outro lado, frisa o deputado, "encontra também uma resistência bastante grande, em qualquer possibilidade, eventualmente, salvo na questão específica da pandemia, de alterar os gastos, desequilibra e deixa a dívida fiscal ainda mais aguda".
O fura teto
"É o furar teto," assinala o parlamentar. "Foi algo duro de ser conquistado e que, de um modo geral, nos garantiu condições de agora o governo implementar esses programas de emergência, tanto para a população como para empreendedores." Para o congressista, "se não fosse a existência disso, certamente nós não teríamos o mesmo fôlego e as mesmas condições de fazer esses programas que o governo fez agora".
Crescimento de despesas
A principal regra fiscal mantida durante a crise, o teto de gastos, emenda constitucional que limita o crescimento da despesa à inflação do ano anterior, está em risco em 2021. Não existe espaço para novas despesas, como o auxílio emergencial para trabalhadores informais e desempregados, que expira em 31 de dezembro.
Bomba prestes a explodir
Com a ausência de transparência a respeito de como pretende resolver o rombo das contas públicas provocada pela recessão, segundo os analistas, o País está diante de uma bomba fiscal prestes a explodir. O mais preocupante é que não há indicações sobre como o Executivo pretende desarmá-la, destacou o economista Felipe Salto, diretor do IFI.