Brasília, na última semana do mês, continua num clima de expectativa e preocupação com os confrontos políticos entre ministros do governo. Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter enquadrado os ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do governo, selando uma trégua entre os dois, as preocupações, nos meios político e militar, continuam.
Apaziguando diferenças
O ministro Ricardo Salles admitiu "excesso" e pediu desculpas. Ramos escreveu em rede social que "intrigas não resolvem nada, e que uma boa conversa apazigua diferenças". O ministro Luiz Eduardo Ramos, general, da reserva, é muito próximo de Bolsonaro. Já Ricardo Salles representa, no cenário, a ala ideológica onde estão inseridos os filhos do presidente.
Trégua, mas não solução
Na área política, poucos acreditam que a paz entre os ministros seja duradoura. Por outro lado, a área militar recebeu muito mal o confronto entre Salles e Ramos. Por isso, apesar das desculpas e da aproximação proporcionada por Bolsonaro, que chamou os dois para uma conversa, é certo que essa história não acaba assim de repente.
Mal estar no meio militar
A manifestação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mostra algo muito maior. O que ele fez foi banalizar um colega ministro, e que representa uma das principais forças militares do governo Bolsonaro. Isso somado ao que, dias antes, proporcionou o presidente da República, desautorizando e humilhando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no episódio sobre a compra das vacinas chinesas, criou um mal-estar no meio de uma das principais forças que integram o governo Bolsonaro, os militares.
Poder Moderador
Apesar de serem chamados de Poder Moderador no governo, os militares, com mais de 3 mil cargos na administração federal, nunca na história do País, foram atacados desta forma. São generais do primeiro time, de quatro estrelas, da reserva e ainda um da ativa (Eduardo Pazuello). A força militar na atual administração é muito grande.
Com cargos, mas pouco poder
Os militares, no governo Bolsonaro, têm cargos, mas não têm poder, avaliam especialistas políticos, em Brasília. O poder é do presidente ou da área ideológica. As rusgas com os militares do alto escalão começaram com o afastamento do general Santos Cruz, o primeiro general a sair do governo. Foi uma antecipação do que estaria por vir.
Desconforto nas Forças Armadas
O presidente Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, prometeu, na presidência, fortalecer as Forças Amadas, mas acaba promovendo um enorme desconforto no meio militar. As forças armadas sempre tiveram as mais altas pontuações nas pesquisas, pelo respeito e seriedade em suas ações.