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Repórter Brasília

- Publicada em 03 de Agosto de 2020 às 03:00

Justiça assombra política

 Executivo bateu de frente com ministro Alexandre de Moraes, que suspendeu das redes sociais apoiadores de Bolsonaro

Executivo bateu de frente com ministro Alexandre de Moraes, que suspendeu das redes sociais apoiadores de Bolsonaro


ROSINEI COUTINHO/SCO/STF/JC
Esta vai ser a semana da Justiça. O caldeirão vai ferver do outro lado da Praça dos Três Poderes: Judiciário em crise interna, Executivo às turras com o Supremo, e o Legislativo ameaçando as corporações com segregação política.
Esta vai ser a semana da Justiça. O caldeirão vai ferver do outro lado da Praça dos Três Poderes: Judiciário em crise interna, Executivo às turras com o Supremo, e o Legislativo ameaçando as corporações com segregação política.
Guerreiros de campo
O caldo ameaça entornar no braço armado do Judiciário, desde quinta-feira em guerra aberta entre o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a base da corporação, os guerreiros de campo, aqui representados pelos promotores, a tropa de choque da Operação Lava Jato, respingando para todos os lados. Também o Executivo bateu de frente com as medidas cautelares do ministro Alexandre de Moraes, suspendendo das redes sociais uma penca de apoiadores digitais do presidente da República, Urbi et Orbi, o que já está causando espanto no mundo inteiro, como medida desproporcional e, mesmo, abusiva.
Quarentena eleitoral
No Legislativo, deputados já estão tratando de acatar a sugestão do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, de uma lei para cortar as asas dos funcionários togados, impondo uma quarentena eleitoral de oito anos (ou menos) para ministros, juízes, promotores, procuradores, delegados e policiais em geral. Será um rapa na bancada da bala.
Metralhadora giratória
O embate de maior impacto político e administrativo vem da metralhadora giratória do procurador-geral. O primeiro alvo seria o ex-ministro Sérgio Moro, adversário declarado do presidente Jair Bolsonaro no espaço eleitoral. Com sua imagem de justiceiro, o juiz de Curitiba é uma pedra no sapato do projeto de reeleição do presidente e uma ameaça concreta às demais candidaturas que estão se colocando no partidor, tanto à esquerda quanto à direita.
Despertou da hibernação
Ao atacar a Operação Lava Jato, o PGR despertou o ex-juiz de Curitiba de sua hibernação, trazendo de volta a imagem do justiceiro e reavivando o chamado "Partido da Toga". Esse estava submerso ultimamente, obscurecido por outras dessas novas entidades que povoam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tais como a ala militar, ala ideológica, centrão, blocão e outras que vão surgindo cada momento.
Luta no Judiciário
Essa luta fratricida no sistema Judiciário reacendeu no Parlamento as expectativas de que o enfraquecimento da Lava Jato poderá desanimar o Ministério Público, e os procuradores virem a largar do pé de políticos envolvidos nas controvertidas contribuições de empresas para suas campanhas e partidos. Uma esperança seria de que esses entreveros na cúpula do sistema possam robustecer as arguições de suspeição do então juiz Sérgio Moro, anulando suas sentenças, inclusive a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Combate à corrupção
Com Moro, voltam à tona as bandeiras da segurança pública e do combate à corrupção, que estavam em segundo plano, atrás das questões das fake news, dos negócios da família do presidente e das queimadas e desmatamentos da Amazônia. Entretanto, não é real que seja possível botar para debaixo do tapete o resultado da Lava Jato até nossos dias: 319 ações criminais, 90 ações cíveis, 330 acordos de delação premiada, 26 acordos de leniência e, o mais importante, porque incontestável, devolução aos cofres públicos de R$ 30 bilhões roubados.
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