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Repórter Brasília

- Publicada em 20 de Julho de 2020 às 01:03

Começando o fogo

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina diz que a região da Amazônia Legal contribui com apenas 2% da produção do agronegócio

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina diz que a região da Amazônia Legal contribui com apenas 2% da produção do agronegócio


Rovena Rosa/Divulgação/JC
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) está retirando sua cruz do armário e se prepara para a via crucis, que se inicia ainda neste mês, com o pico da estação da seca, quando, no Centro Oeste e na Amazônia, cerrados e capoeiras pegam fogo. Nesta semana, o bombardeio será deflagrado por uma acusação feita em matéria intitulada "As maçãs podres do agronegócio", publicada na revista norte-americana Science. A denúncia é atribuída a um "escavador" acadêmico brasileiro, que, tal como chegou à opinião pública, cerca de 20% das exportações brasileiras de soja e carne de gado estariam "contaminadas" pelos crimes ambientais. Uma acusação grave direcionada a produzir pânico e boicote ao comércio exterior do Brasil. Isso pega em cheio o Rio Grande do Sul, exportador de soja e carne congelada.
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) está retirando sua cruz do armário e se prepara para a via crucis, que se inicia ainda neste mês, com o pico da estação da seca, quando, no Centro Oeste e na Amazônia, cerrados e capoeiras pegam fogo. Nesta semana, o bombardeio será deflagrado por uma acusação feita em matéria intitulada "As maçãs podres do agronegócio", publicada na revista norte-americana Science. A denúncia é atribuída a um "escavador" acadêmico brasileiro, que, tal como chegou à opinião pública, cerca de 20% das exportações brasileiras de soja e carne de gado estariam "contaminadas" pelos crimes ambientais. Uma acusação grave direcionada a produzir pânico e boicote ao comércio exterior do Brasil. Isso pega em cheio o Rio Grande do Sul, exportador de soja e carne congelada.

Entrando na onda

A mídia brasileira reproduziu essa meia-verdade tal como veio do exterior, sem checar veracidade e qualidade da notícia. No mesmo dia, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ainda sem saber do barulho que a matéria da Science provocaria nos telejornais da noite, esclarecia, respondendo a outra pergunta, que a região da Amazônia Legal contribui com apenas 2% da produção do agronegócio. Ou seja, 20% de 2% seria a produção comprometida nessa denúncia.

Produtos "contaminados"

Ou seja: o Brasil exporta, neste ano de 2020, cerca de 91,9 milhões de toneladas de soja (74,20 milhões de grãos, 16,7 milhões de óleo e 900 mil de farelo). Então, 20% de 2% é 0,4%. Entretanto, o que chega aos ouvidos do mundo é que o País manda para a Europa 20 milhões de toneladas de produtos "contaminados" ou "envenenados".

Chancela da UFMG

Tamanha confusão tem a chancela da prestigiosa Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A fonte da notícia da revista norte-americana é um bolsista de produtividade do CNPq, Raoni Guerra Lucas Rajão, que se apresenta como professor associado de Gestão Ambiental e Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia do Departamento de Engenharia de Produção da UFMG, apresentando títulos de graduação em Ciência da Computação na Universidade Studi de Milão, mestre e doutor em Organização do Trabalho e Tecnologia, pela Universidade Lancaster e de professor visitante das universidade de Bonn (Alemanha) e Wisconsin (Estados Unidos).

Escavador brasileiro

"Escavador" é uma configuração acadêmica para um colaborador que não cria, não edita e nem altera o conteúdo exibido. Todo o processo de coleta de dados cujo resultado culmina nas informações é realizado automaticamente, através de fontes públicas pela Lei de Acesso à Informação (Lei Nº 12.527/2011). Portanto, o "escavador" não substitui as fontes originárias da informação, não garante a veracidade dos dados nem que eles estejam atualizados. O sistema pode mesclar homônimos (pessoas do mesmo nome). Esse é o professor doutor Raoni Rajão.

Fenemê gaúcho

O presidente da Agrale, Hugo Zattera, confirmou que em novembro a indústria caxiense estará produzindo, na sua fábrica, o primeiro caminhão da marca FNM, em associação com os irmãos José Antônio e Alberto Martins, filhos do empresário José Antonio Martins, um dos quatro fundadores da Marcopolo. Os caminhões da FNM gaúcha serão equipados com motores elétricos, oferecendo dois modelos, com capacidades para 13 e 18 toneladas.
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