Em meio a esse tsunami político que o governo vive, fica ainda mais difícil a definição de um modelo para o crescimento e o desenvolvimento do Brasil diante das expectativas de buscar um novo projeto de nação, e agora ampliadas diante da crise motivada pela Covid-19.
Fragilidades do governo
O certo é que a cara do governo federal muda. A saída de Sérgio Moro, uma espécie de bandeira da moralidade do governo Jair Bolsonaro, fez um estrago maior do que imaginavam os pensadores do Palácio do Planalto. Não esperavam que o juiz da Lava Jato, hoje com uma credibilidade enorme nas pesquisas, saísse mostrando fragilidades que comprometem o governo, principalmente, no que diz respeito à acusação de tentativa de interferência na Polícia Federal (PF).
Sem meias palavras
Em um pronunciamento, sem meias palavras, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro explicitou interferência política na PF ao explicar sua demissão, e ligou o sinal de pânico na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. "O presidente disse que queria alguém do contato pessoal dele, para ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência", relatou Sérgio Moro.
Bolsonaro responde
"Não tenho que pedir autorização para ninguém para trocar o diretor ou qualquer outro", afirmou o presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento nesta sexta-feira, em resposta à saída do ex-aliado Sérgio Moro. Bolsonaro também afirmou que Moro condicionou à exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, uma indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro.
"A PF de Moro"
Cercado por ministros de seu governo e do vice, Hamilton Mourão (PRTB), o presidente se queixou da condução da Polícia Federal em torno das investigações do caso do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. "A PF de Moro se preocupou muito mais com Marielle do que com o que aconteceu com seu chefe supremo", disse Bolsonaro, que exonerou o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Moro pediu demissão. Analistas políticos consideraram a fala do presidente Bolsonaro defensiva e misturando diversos assuntos que confundiam.
Reação do governo
Do ponto de vista político, a situação é delicadíssima, e a expectativa ao longo da semana que se inicia é sobre como o governo vai sair desse emaranhado de problemas. No entendimento de analistas políticos, tende a pender mais para radicalizações sob a batuta do grupo que puxa o governo mais para o lado ideológico, mais radical, esquivando-se do técnico, que atua diretamente junto ao presidente da República no Palácio do Planalto.
Holofotes na economia
Com essa tempestade programada na ação política, com olhos voltados para as eleições de 2022, a saída de ministros importantes (Mandetta e Moro), os microfones se voltaram, agora, para a recuperação da economia que tem deixado o ministro Paulo Guedes sem dormir direito.