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Repórter Brasília

- Publicada em 29 de Maio de 2019 às 22:43

Direita sai do armário

Manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Parcão

Manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Parcão


LUIZA PRADO/JC
A direita saiu do armário. É a metáfora que está correndo de boca em boca em Brasília, que chega aos analistas políticos para explicar com maior profundidade os grandes movimentos de rua do último domingo, em contraposição aos protestos da esquerda em 15 de maio. A velha direita, que estava recolhida desde as grandes marchas contra o governo João Goulart nos meses que antecederam o golpe de 1964, mostrou sua cara novamente. Ou seja: toda essa mobilização não apoia nem desapoia o governo ou lideranças, mas está aí para ficar.
A direita saiu do armário. É a metáfora que está correndo de boca em boca em Brasília, que chega aos analistas políticos para explicar com maior profundidade os grandes movimentos de rua do último domingo, em contraposição aos protestos da esquerda em 15 de maio. A velha direita, que estava recolhida desde as grandes marchas contra o governo João Goulart nos meses que antecederam o golpe de 1964, mostrou sua cara novamente. Ou seja: toda essa mobilização não apoia nem desapoia o governo ou lideranças, mas está aí para ficar.
Sem armas ou violência
As avenidas e praças estão divididas. Ou seja: não há mais donos das ruas. O bom augúrio, neste caso, é que ambos os lados que disputam a avenida Borges de Medeiros, a Avenida Paulista, a Praia de Copacabana, a Esplanada dos Ministérios e outros logradouros em que as pessoas se reúnem na ágora moderna, são lugares pacíficos. Não há armas nem propostas de violência, seja contra instituições ou pessoas adversárias. Estamos muito mais para a Paris civilizada do que para a Caracas turbulenta.
Presente de grego
Em 1964, as ruas do Brasil foram ocupadas por duas formidáveis massas de manobra pedindo golpe de estado. Tanto fizeram que o golpe veio, aplicado, efetivamente, pela única força capaz de levar a efeito uma tomada de poder. O grupo da direita fardada venceu o "dispositivo militar" esquerdista do presidente João Goulart. Entretanto, foi um presente de grego, pois logo os novos donos do poder tiraram os marchadores da família das ruas e botaram a linha dura.
Passeata dos 100 mil
A partir daí, a ferro e fogo, em meio a bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes, a esquerda voltou às ruas e ficou de dona do pedaço. Primeiro com as passeatas estudantis, depois com adesão de outros segmentos da oposição liberal, como na passeata dos 100 mil, no Rio, em 1968. O movimento conquistou sua vitória na campanha das Diretas Já, em 1984, com seus comícios de milhões de participantes. Assolada por uma crise econômica mundial sem precedentes, a direita governante entregou o poder pacificamente a seus adversários, em 1985. Presentemente, a Nova República encerra seu ciclo melancolicamente com o final do governo Michel Temer (MDB), com seu presidente preso e processado, e do líder máximo da esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado.
Fenômeno novo
Por isso, os cientistas políticos e analistas que estão se debruçando sobre esse fenômeno dizem que, não obstante as manifestações de domingo tenham apresentado ao mundo o bolsonarismo como um fenômeno novo desta irrequieta América do Sul, as forças direitistas que foram às ruas estão divididas, tanto quanto a esquerda. O liberalismo conservador veio às ruas para ficar.
Novos tempos
No Congresso, para o parlamentar típico do sistema proporcional vigente, ideológico e com eleitorado difuso, emerge dessa disputa um novo desafio. Até então, só quem era cobrado diretamente pelo eleitor era o deputado de base regional, que vivia um modelo distrital. Esses constituem a base do baixo-clero. Essa pressão das ruas, que se expressa nos lives dos plenários, seriam a expressão concreta desses novos tempos que estão chegando. A comprovar nas próximas eleições municipais, sem coligações. As urnas dirão o que de fato acontece.
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